A CAPELA DO DESTERRO, ÚNICA VERSÃO HISTÓRICA

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FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

[...] Além da igreja e uma capela edificadas na Villa do Espírito Santo, há outras mais nas seguintes localidades: Sapé, S. Miguel, Sobrado, S. José de Cachoeira, Boa Vista, Tapuá, Sant’Anna, Desterro, Puchy, Páo d’arco, Taboca, Santo Antônio, Consolações, Marahú [...]. Grifamos.

( TAVARES (1910, p.537)

A construção da Capela de Nossa Senhora do Desterro, santuário particular edificado na propriedade rural de igual nome, na Várzea do Paraíba, pertencente em 1869 a Capital da Paraíba do Norte, que com a emancipação política de Santa Rita, passou a pertencer ao seu território municipal, fato esse comprovado com a simples leitura do Decreto nº 10, de 19 de março de 1890, quando se refere o limite municipal a localidade Cobé como sendo um dos limites de Santa Rita. Assim sendo, a construção com recursos privados e em propriedade rural privada da referida capela, que atualmente pertence ao Município de Cruz do Espírito Santo, Estado da Paraíba, haja vista a emancipação política do mesmo em 7 de Março de 1897, se deve a devoção de seu financiador e fundador Carlos Gomes de Mello, cujo corpo encontra-se sepultado na referida capela, onde também repousam os restos mortais de Ana Gomes de Mello Cunha, de Manoel Gomes de Mello e de sua esposa Emília Francisca Pereira de (Meireles) Mello.

O Santuário de Nossa Senhora do Desterro tem no altar mor as imagens de Nossa Senhora, o Menino Jesus e São José. Vem daí, portanto, o termo Sagrada Família e ou Nossa Senhora do Desterro, devoção muito conhecida no mundo católico, inclusive em Portugal de onde são originários os Gomes de Mello. Segundo a historicidade das igrejas existentes no Estado da Paraíba e edificadas até o século XIX, a capela do Desterro é a segunda que tem o copiar e ou alpendre amparando o portal principal e ou na frente da referida edificação. Anexo a referida capela tem o cemitério com igual nome onde a população local e ribeirinha escolhe para ser sua última morada, a exemplo dos possíveis, sic, sobrinhos e treta netos de seu fundador, lá sepultados.

É importante mencionar de que na referida capela casou-se Manoel Gomes de Mello (nascido em 25 de dezembro de 1865 e falecido em 14 de agosto de 1943) e Emilia Francisca Pereira de Meireles (nascida em, 05 de abril de 1877 e falecida em 03 de junho de 1962), que passou a usar o nome de casada de Emília Francisca Pereira de Mello – Dona Emília Gomes, em 1898. Ambos contraíram matrimônio na Igreja de Nossa Senhora do Desterro, tendo nascido do referido matrimônio: Rosa Gomes de Mello, morreu donzela em 1981 e está sepultada no Cemitério Santana, em Santa Rita; Francisca Gomes de Mello, que casou-se com Joaquim Gonçalo Pessoa, conhecido por Joaquim Soleiro (porque fabricava arreios, celas e outros derivados de couro), ficou viúva e casou-se com Severino Passarinho, faleceu em 13 de maio de 1959 e está sepultada no Cemitério de Nossa Senhora da Consolação, após a ponte de Cobé; Antônio Gomes de Mello, casou-se com Ana Maria, faleceu em 1997 e está sepultado no Cemitério Santana, em Santa Rita; José Gomes de Mello, casou-se com a prima dele Rosa Procópio de Mello, faleceu em 1967 e está sepultado no Cemitério Senhor da Boa Sentença, em João Pessoa/PB; Josefa Gomes de Mello, casou-se com Severino Santana Cavalcanti, está sepultada no Cemitério Central de Mamanguape/PB; Maria Hermenegidia Gomes de Mello, casou-se com o primo Antônio Procópio de Mello, ficou viúva e casou-se em segunda núpcias com o primo e cunhado Francisco Procópio de Mello, ficou viúva pela segunda vez, faleceu e está sepultada no Cemitério do Desterro; Maria das Graças Gomes de Mello (Doninha), casou-se com João Luiz de França (João Frade), faleceu em 9 de janeiro de 1975 e está sepultada no Cemitério do Desterro; Anália Gomes de Mello, casou-se com primo José Procópio de Mello, faleceu em 1991 e está sepultada no Cemitério Santana, em Santa Rita/PB; Severino Gomes de Mello, assentou praça no Exército Brasileiro e foi ex-combatente na Segunda Guerra Mundial década de 40 do século XX, casou-se com Helena Maria, faleceu e está sepultado no Cemitério de Santo Amaro, em Recife/Pernambuco; Augusto Gomes de Mello, casou-se com Maria Lita Inácio, faleceu e está sepultado no Cemitério do Desterro; Sebastião Gomes de Mello, casou-se com a prima paterna Ana Procópio de Mello, faleceu e está sepultado no Cemitério do Desterro; João Gomes de Mello, casou-se com a prima materna Lindalva Pereira, faleceu e está sepultado no cemitério de Consolação, depois da ponte de Cobé; e Maria do Carmo Gomes de Mello, casou-se com Sebastião José (Vieira) de Aguiar, adotou o nome de casada: Maria do Carmo Mello Aguiar, faleceu em 22 de dezembro de 1996, está sepultada no Cemitério Santana, em Santa Rita. Enfatizamos que os filhos e filhas do casal Emilia e Manoel Gomes de Mello, sobrinho paterno de Carlos Gomes de Mello, fundador da Capela de Nossa Senhora do Desterro, foram batizados na Capela de Nossa Senhora do Desterro. Portanto, são essas as origens epistemológicas e históricas relacionadas à fundação e construção do citado santuário de origem portuguesa entre nós na Várzea do Paraíba.

Por outro lado sem sombra de dúvidas, ainda que por analogia, Carvalho1 (2009) em proferindo palestra constante dos anais da USP-Universidade de São Paulo, afirma categoricamente de que:

[...] O patrimônio de N. S. do Desterro, também encravado entre os engenhos, documenta a permanência da prática desse tipo de fundação no já recente ano de 1869 – em plena vigência da Lei de Terras de 1850 (IPHAN-PB, 2009c: 3. Grifamos.

Assim sendo, tal afirmação vem corroborar de que na realidade a Capela de Nossa Senhora do Desterro, localizada na zona rural de Cruz do Espírito Santo, Estado da Paraíba, tem como data de sua fundação e construção o ano de 1869, levando-se em consideração a referida citação tendo como fonte o IPHAN-PB2 - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (2009c:3), instituição federal vinculada ao Ministério da Cultura do Brasil, responsável por preservar, divulgar e fiscalizar os bens culturais de nossa Pátria, além de garantir a utilização desses bens pela atual e futuras gerações.

E se não bastasse a história contada em versos e prosas durante quase cento e cinqüenta anos de fundação da Capela do Desterro, na Várzea do Rio Paraíba, o H.P.I.P – Patrimônio de Influência Portuguesa3, pertencente a Fundação Calouste Gulbenkian, segundo enfatiza o pesquisador Juliano Loureiro de Carvalho4, a respeito da arquitetura religiosa da Capela de Nossa Senhora do Desterro, localizada na zona rural de Cruz do Espírito Santo, Estado da Paraíba, ao afirmar textualmente que:

“A capela situa-se sobre uma elevação, de forma que é visível a partir do Rio Paraíba, distante 500 metros, e do Engenho Santana, na margem oposta. Seu único registo identificado é de 1910, quando aparece sem vínculo com outra propriedade – indício de que possuiu património próprio. Ela é o segundo exemplar paraibano com alpendre (Santa Rita, Capela de Nossa Senhora do Socorro), e apresenta outros elementos usuais nas capelas dos séculos XVII e XVIII: janelas frontais no rés‐do‐chão e duas sacristias ligadas à capela‐mor arcos. Contudo, é possível que seja mais recente, com elementos arcaizantes. Como demonstraram Saia e Azevedo, o alpendre permitia que mais pessoas pudessem assistir à missa e, simultaneamente, as hierarquizava espacialmente. As sacristias abertas, reservadas aos mais poderosos e suas famílias, tinham funções semelhantes. Sem proteção legal e com pouco uso, a capela teve o alpendre demolido na década de 1990. Foi reconstruído em 1998, por iniciativa particular”. Grifamos.

Assim sendo, trata-se de um santuário construído e mantido pela iniciativa privada e/ou seja pelos donos do feudo rural que o fez edificar no século XIX em homenagem a Virgem do Desterro e/ou Sagrada Família, confirmando assim, ainda que por mera analogia e/ou dedução a versão da Família Gomes de Mello de que Carlos Gomes de Mello mandou edificá-la com recursos próprios, portanto, repetimos, um santuário particular e/ou privado da referida família e seus colaboradores campesinos, construído e inaugurado em 1869. Ressaltamos de que nem mesmo a presença dos monges beneditinos, antigos senhores feudais das terras e do Engenho Maraú, antes da construção e fundação da capela do Desterro, na segunda metade do século XIX, faz qualquer registro a respeito da existência da referida capela na Várzea do Rio Paraíba e muito menos que a mesma pertencesse ao seu patrimônio. Desse modo, invocamos os ensinamentos de Azevedo5 (1981) e de Saia6 (sd), quando menciona que “como demonstraram Saia e Azevedo, o alpendre permitia que mais pessoas pudessem assistir à missa e, simultaneamente, as hierarquizava espacialmente”, bem como nos informa ainda de que “as sacristias abertas, reservadas aos mais poderosos e suas famílias, tinham funções semelhantes”. De modo que não importa direta ou indiretamente de quem representava em 1869 e décadas seguintes a aristocracia rural na localidade da fazenda e/ou propriedade rural onde foi erguida a capela do Desterro? E relata ainda que a Capela do Desterro vive “sem proteção legal e com pouco uso, a capela teve o alpendre demolido na década de 1990” e afirma também de que o alpendre “foi reconstruído em 1998, por iniciativa particular”. Enfatizamos de que a referida capela, as duas sacristias, a nave principal, o alpendre, altar mor, os dois altares coadjuvantes, a pia batismal, as portas, as janelas, escada, coro, bem como as imagens de Nossa Senhora do Desterro, o Menino Jesus, São José, Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora das Graças, foram completamente restaurados em 1998 e bem assim 2012/13, graças à determinação particular da direção do COFRAG-Colégio Dr. Francisco Aguiar, sediado em Santa Rita, Estado da Paraíba. Isso significa que o prédio da capela do Desterro, erguido em 1869 no estilo barroco rococó pelo devoto Carlos Gomes de Mello e seus familiares, continua sendo centro de romaria rural à quase um século e meio, pois, todos os últimos domingos de cada mês tem missa às dez horas da manhã, além de terços, procissões e pagamentos de promessas pelos devotos de Nossa Senhora do Desterro, primeiro sacrário que a humanidade já conheceu na face da Terra, que gerou e alimentou o Salvador do Mundo, Jesus Cristo. E se não bastasse à religiosidade popular, temos o referencial histórico existencial da capela do Desterro, uma vez que é citada nominalmente por Tavares7 (1910, p. 537), ao afirmar em sua obra histórica de que:

“Além da igreja e uma capela edificadas na Villa do Espírito Santo, há outras mais nas seguintes localidades: Sapé, S. Miguel, Sobrado, S. José de Cachoeira, Boa Vista, Tapuá, Sant’Anna, Desterro, Puchy, Páo d’arco, Taboca, Santo Antônio, Consolações, Marahú [...]” Grifamos.

É importante resgatar três figuras femininas indispensáveis na manutenção em termos de zelo pela Igreja do Desterro: Ana Gomes de Mello Cunha, dedicou-se de corpo e alma a devoção e a obrigação de manter o referido templo de pé e bem cuidado até seu falecimento no inicio da década de 40 do século XX, inclusive seus restos mortais repousam em sua nave principal. A segunda mulher a manter as suas expensas a referida igreja foi Maria do Carmo Gomes de Mello, até o dia 16 de junho de 1951, dia do seu casamento e porque passou a residir em uma propriedade rural no município de Sapé, porém, nos finais de semanas vinha prestar-lhe socorro e ou mandava alguém fazer. E a terceira mulher, foi à senhora Felícia Cunha, filha de Ana Gomes de Mello Cunha e Antônio Carneiro da Cunha, casada com José da Cunha de Vasconcellos, todos de saudosa memória, durante décadas ela residia em uma casa na frente da igreja com seus filhos e esposo que também mantinha uma bodega.

A casa de Nossa Senhora do Desterro continua aberta para receber seus devotos para pagamento de promessas diárias e assistir a santa missa. Registramos ainda de que a mesma serviu de berço para nascer e/ou o despertar a vocação sacerdotal, bem como de templo para a celebração da primeira missa do Padre José Maria de Mesquita8, filho da região da Várzea do Três Sul, rio represa que nasce no rio Gurinhém e despeja no rio Paraíba, banhando parte das terras dos engenhos: Maraú, Santana e Massangana. O Padre Mesquita era devoto da Virgem do Desterro, vinha todos os meses celebrar a Santa Missa, fazer casamentos e batizados, o que fez durante toda a sua vida útil como sacerdote, pois, mesmo em sendo vigário da Paróquia de Gurinhém/Paraíba, jamais esqueceu de sua origem e devoção. É bom lembrar de que ele ficava hospedado na casa de dona Felicia Cunha, na frente do santuário. Por outro lado mencionamos também de que a referida casa de oração, também serviu de quartel general, amparo e de moradia para os componentes do MST - Movimento dos Sem Terras, visando à reforma agrária nas fazendas e engenhos da Várzea do Paraíba na década de 90 do século XX. Então é verdadeira a tese de que desde sua origem a presente data a capela mencionada é realmente mantida pela iniciativa privada, motivo pelo qual não se pretende fazer o seu registro e/ou tombamento no IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, porque os seus devotos são firmes na fé e jamais deixarão o referido templo ruir. É importante mencionar que Eduardo Verderame desenhou-a ainda quando estava em ruínas9. Deste modo repetimos que tanto a restauração de 1989/99 e bem assim a última restauração de 2012/13, vem sendo financiada pela fé na Sagrada Família por parte da iniciativa privada patrocinadora, que em nosso caso envolve o emocional, o intelectual, o histórico, o social e a religiosidade familiar do seu fundador, via seu parentesco de sangue e/ou por afinidade e/ou da lei com a nossa família materna os “Gomes de Mello” e/ou “Gomes de Melo” na Várzea do Paraíba desde o século XIX. É o nosso reencontro com o mundo do Desterro que ainda não acabou em nossa visão de mundo.

Em tempo, e tendo em vista o relato constante do vídeo sobre a história da Igreja de Nossa Senhora do Desterro10, na zona rural de Cruz do Espirito Santo, Estado da Paraíba, que apresenta duas versões, sic, sobre a fundação da referida Igreja, quando: 1º ) cita que a mesma foi construída a mando do herói nacional André Vidal de Negreiros (século XVII); 2) confrontando assim com a versão de que a mesma foi edificada por Carlos Gomes de Mello, em 1869, portanto no século XIX.

Fonte.: Paraíba do Passado – Igreja de Nossa Senhora do Desterro – Cruz do Espirito Santo Paraíba – In.: <https://www.youtube.com/watch?v=qXsnx_eYpZ0 >. Acesso em 08/04/2023.

Assim sendo e a bem da verdade se faz necessário o seguinte esclarecimento histórico, pois, a capela de Nossa Senhora do Desterro que André Vidal de Negreiros, mandara construir está localizada no município de Itambé/PE11, ex-vi, a versão oficial da história do município de Pedras de Fogo, antigo povoado de Desterro:

“[...] o Capitão-general André Vidal de Negreiros doou à Nossa Senhora do Itambé, o engenho novo de Goiana, com as terras que se estendiam à Paraíba, e para dirigí-lo foi criado um colegiado de 3 testamenteiros, do qual participava a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa. Esta, com o falecimento dos outros dois e similando cumprir a vontade do testador, mandou um de seus membros para gerir os destinos do patrimônio, que, além de se apropriar dos seus rendimentos, revelou total desleixo, a ponto de deixar ruir a capela em torno da qual tivera origem o povoado de Desterro” (IBGE, 2023). Grifamos.

Então, isso é fato e contra fato não se tem argumento e nem razão que justifique o fato histórico, sic, levantado pelo vídeo, antes citado de que a Capela de Nossa Senhora do Desterro, localizada na zona rural de Cruz do Espirito Santo, Estado da Paraíba.

E até porque, o presente esclarecimento, não deixa dúvida, uma vez que:

“Pouco tempo depois, o povoado começou a decair e sua população transferiu-se para Pedras de Fogo, pequeno núcleo populacional formado em terras paraibanas, originado de uma feira de gado. Logo no início dessa mudança, surgiram sérias divergências internas, entravando o progresso que então se verificava, mas, apesar disso o pequeno núcleo cresceu e se desenvolveu” (IBGE, 2023). Grifamos.

Tanto é assim que a história do atual município de Itambé, Estado de Pernambuco, cita nominalmente que:

“[...]. O capitão-general André Vidal de Negreiros, um dos restauradores de Pernambuco do dominio holandes, instituiu uma capela sob a invocação de Nossa senhora do Desterro, no território compreendido no atual municipio, dando para seu patrimonio todo o terreno da então freguesia. [...]” (IBGE, 2023). (Grifamos).

E a capela de Nossa Senhora do Desterro, instituída por André Vidal de Negreiros, encontra-se no município de Itambé-Pernambuco, na “Zona Rural: Ruínas da capela de Nossa Senhora do Desterro”. (IBGE. 2023). Grifamos.

Ante o exposto, vem assim corroborá para esclarecer o ledo engano do vídeo antes citado em Paraíba do Passado (2021), a “Consulta do Conselho Ultramarino ao príncipe regente D. Pedro, sobre o requerimento de André Vidal de Negreiros, pedindo confirmação de doação da Capela de Nossa Senhora do Desterro, situada no Distrito de Itambé, freguesia de Goiana, jurisdição da Vila de Itamaracá”, documento produzido em 14 de novembro de 1678, conforme publicação no site do AHU – Arquivo Histórico Ultramarino – Disponível in.: < https://digitarq.ahu.arquivos.pt/details?id=1305182 >. Acessado em 08/04/2023. Grifamos.

É importante ressaltar de que:

“[...] Por provisão do primeiro bispo da diocese (Nazaré da Mata/PE), Dom Estevam Brioso de Figueiredo, datada de janeiro de 1789, foi elevada a Igreja Paroquial Curada, desmembrando-se da freguesia, de Goiana, a que pertencia. O antigo povoado denominado desterro, formado então em torno da igreja, acha-se hoje quase desaparecido.” (IBGE, 2023. Grifamos.

E isso é fato histórico comprovado à luz do conhecimento advindo da pesquisa cientifica e não do ouvi dizer e ou que tem documentos que comprovam e sem nada comprovar, implantando dúvida onde não existe fato que lhe dê motivo para existir, segundo a narração constante do vídeo aqui contestado em relação à Capela de Nossa Senhora do Desterro, fundada por Carlos Gomes de Mello em 1869, na zona rural de Cruz do Espirito Santo/PB, ex-vi que nada tem haver com os fatos relacionados ao desaparecimento da Capela de Nossa Senhora do Desterro, fundada por André Vidal de Negreiros, em terras do atual município de Itambé – Estado de Pernambuco.

Fonte.: AHU – Arquivo Histórico Ultramarino. Portugal/Lisboa, 2008. Disponível in.: <https://digitarq.ahu.arquivos.pt/details?id=1301169 > . Acessado em 03/04/2023.

Fonte.: AHU – Arquivo Histórico Ultramarino. Portugal/Lisboa, 2008. Disponível in.: <https://digitarq.ahu.arquivos.pt/details?id=1307545 > . Acessado em 03/04/2023.

Fonte.: AHU – Arquivo Histórico Ultramarino. Portugal/Lisboa, 2008. Disponível in.: <https://digitarq.ahu.arquivos.pt/details?id=1307617 > . Acessado em 03/04/2023.

Fonte.: AHU – Arquivo Histórico Ultramarino. Portugal/Lisboa, 2008. Disponível in.: < <https://digitarq.ahu.arquivos.pt/details?id=1311157 >. Acessado em 03/04/2023.

Fonte.: AHU – Arquivo Histórico Ultramarino. Portugal/Lisboa, 2008. Disponível in.: <https://digitarq.ahu.arquivos.pt/details?id=1311303 >. Acessado em 03/04/2023.

Fonte.: AHU – Arquivo Histórico Ultramarino. Portugal/Lisboa, 2008. Disponível in.: <https://digitarq.ahu.arquivos.pt/details?id=1311456 >. Acessado em 03/04/2023.

Fonte.: AHU – Arquivo Histórico Ultramarino. Portugal/Lisboa, 2008. Disponível in.: <https://digitarq.ahu.arquivos.pt/details?id=1312835 >. Acessado em 03/04/2023.

Portanto, o que resta da capela instituída em honra de Nossa Senhora do Desterro, pelo hoje herói nacional André Vidal de Negreiros, são suas ruínas13 localizadas nas terras do Engenho Monge – Itambé – Pernambuco, que ainda é lugar de romaria por centenas de devotos anualmente, ex-vi foto:

Foto: Ruinas da Capela de Nossa do Desterro. Engenho Monge –

Itambé – Pernambuco.

Crédito/foto: Carlos Neto. Captura da imagem: jul. 2021.

Diante da exposição acima, a guisa de uma dedução, ainda que por analogia plausível e a bem da verdade, não existe duas versões históricas sobre a fundação e construção da Capela de Nossa Senhora do Desterro, localizada na zona rural do atual município de Cruz do Espirito Santo, Estado da Paraíba, por Carlos Gomes de Mello, em 1869, nada tem haver com a outra capela dedicada a Nossa Senhora do Desterro, em Itambé-Pernambuco, uma vez que:

O engenho Monge é o local onde surgiu a cidade, com a construção da capela do Desterro, dedicada a Nossa Senhora do Desterro – terras que no século XVII pertenciam a André Vidal de Negreiros. (SILVA, 2019, p. 21)14.

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A Capela de Nossa Senhora do Desterro, fundada em 1869, na zona rural do atual município de Cruz do Espirito Santo/PB, tem influência da arquitetura portuguesa segundo consta no HPIP – Património de Influência Portuguesa, ex-vi a Fundação Calouste Gulbenkian (Universidade de Coimbra; Universidade de Évora; Universidade de Lisbora; Nova FCSH).

Fonte.: CARVALHO, Juliano Loureiro de. Capela Nossa Senhora do Desterro. Cruz do Espirito Santo – PB. H.P.I.P - Disponível in.: < https://hpip.org/pt/Heritage/Details/998 > Acesso em 03/04/2023.

Diante dos documentos aqui expostos, a capela de Nossa Senhora do Desterro, instituída por André Vidal de Negreiros, atualmente em ruídas no Engenho Monge, no município de Itambé – Pernambuco, não é a Capela de Nossa Senhora do Desterro, situada no município paraibano de Cruz do Espirito Santo, fundada em 1869, ainda existente e frequentada por fiés romeiros e devotos da mãe de Jesus Cristo.

Foto da Capela de Nossa do Desterro – Cruz do Espirito Santo – Paraíba (08/04/2023).

Desenho.: Eduardo Verderame – In.: <https://everderame.files.wordpress.com/2010/11/pbcruzespsantodesterrow.jpg >. Acesso em, 08/04/20223.

REFERÊNCIAS

1Cf. CARVALHO, Juliano Loureiro de. Uma concentração de tempos – apreendendo a paisagem do Rio Paraíba Açucareiro. (Palestra/2009) - IPHAN - SE. Disponível in.: <http://www.iau.usp.br/sspa/arquivos/palestras/Juliano_Loureiro_Carvalho.pdf > . Acessado em 03/04/2015.

2Cf. IPHAN-PB (Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na Paraíba). Patrimônio de N. S. do Desterro. João Pessoa, 2009c. Projeto Caminho engenhos (2ª fase), v.7.

3 Cf.: H.P.I.P – Património de Influência Portuguesa. In.: <https://hpip.org/pt/Heritage/Details/998 >. Acessado em, 03/04/2015.

4 Cf.: CARVALHO, J. L. de. Pré-Inventário dos engenhos da várzea do rio Paraíba. João Pessoa, 2005;

5 Cf.: AZEVEDO, P. Ormindo de, “Alpendres na arquitetura religiosa: revendo as teorias”, Barroco, n. 12, Belo Horizonte, 1981, pp. 71;

6 Cf.: SAIA, L. O alpendre nas capelas brasileiras. Revista do SPHAN, n.o 3, p. 23524¬9 (sd).

7 Cf.: TAVARES, J. de L., A Parahyba. Paraíba [João Pessoa]: Imprensa Oficial, 1910, vol. 2, p. 5¬37. Disponível in.: < https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&id=vpI9AQAAMAAJ&focus=searchwithinvolume&q=Desterro >. Página acessada em, 03/04/2015.

8 Cf..: AGUIAR, Francisco de Paula Melo. Padre José Maria de Mesquita. Biografia 2015. Disponível In.: < http://www.recantodasletras.com.br/biografias/5008454 > .

9Cf.: VERDERAME, Eduardo. Capela do Desterro (2010/11)/PB. Disponível in.:

< https://everderame.files.wordpress.com/2010/11/pbcruzespsantodesterrow.jpg >. Página acessada em, 03/04/2015.

10 Cf.: PARAÍBA DO PASSADO – 19 de Setembro de 2021. Video no YouTube - Igreja de Nossa Senhora do Desterro, Cruz do Espirito Santo – Paraíba – Disponível in.: <<https://www.youtube.com/watch?v=qXsnx_eYpZ0 >. Acessado em 08/04/2023.

11Cf.: BRASIL/PARAIBA/IBGE – História de Pedras de Fogo – In.: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pb/pedras-de-fogo/historico >. Acessado em 08/04/2023.

12 Cf.: BRASIL/PERNAMBUCO/IBGE – História de Itambé . In.: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pe/itambe/historico >. Acessado em 08/04/2023.

13 Cf.: NETO, Carlos . Ruinas da Capela de Nossa Senhora do Desterro – Engenho Monge – Itambé – Pernambuco. Captura da imagem: jul. 2021. Disponível in.:<https://www.google.com/maps/uv?pb=!1s0x7ac85524011553b%3A0x3d9a97153acdba5c!3m1!7e115!4shttps%3A%2F%2Flh5.googleusercontent.com%2Fp%2FAF1QipOVuxaYLrz2cTHZTALwWhT1XC968k1yzXYbvq8%3Dw86-h87-n-k-no!5sRUINAS%20DA%20CAPELA%20DO%20DESTERRO%20-%20ITAMB%C3%89M%20-%20PERNAMBUCO%20-%20Pesquisa%20Google!15sCgIgAQ&imagekey=!1e10!2sAF1QipO5ujIcgqdodcd92BZDE_xjOiLWTZwY0BKW790&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwjxisyEnpv-AhUUu5UCHUewAPMQ7ZgBKAN6BAgOEAU > Acesso em 08/04/2023.

14 Cf.: SILVA, Rosildo Henrique da. Liberdade na lei ou na marra: as ações de liberdade dos escravos em Itambé-PE (1871-1888). Dissertação de Mestrado em História – UNICAP. Recife, 2019. Disponível in.: < <http://tede2.unicap.br:8080/bitstream/tede/1197/5/rosildo_henrique_silva.pdf >. Acesso em 31/01/2023.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 12/12/2012
Reeditado em 29/04/2023
Código do texto: T4031782
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