ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU
                                                         Sérgio Martins Pandolfo*    
     Notícias intranquilizadoras para uns, aterradoras para outros, dão conta de que o mundo vai se acabar agora no dia 21 de dezembro, amanhã, portanto. A base de tais notícias está fincada no fato de que o calendário maia, havido como de absoluta precisão, teria descoberto um fenômeno raro – só acontece a cada 26 mil anos -, o chamado “alinhamento cósmico”, de especial atenção pelos místicos. Ao se alinhar o Sol no centro de nossa galáxia ocorrerá a hecatombe universal. Quais seriam os argumentos da ciência astronômica para afirmar tal catástrofe? A base científica disso é... nenhuma.
     Quando ouvimos falar nessa estultice logo nos lembramos de um samba do grande Assis Valente, gravado aí pelos anos 1930 pela “garota notável” Carmen Miranda, com enorme sucesso, tratando do assunto. Mas muita gente está levando a coisa a sério e há mesmo uma cidade em Goiás, Alto Paraíso, apontada, por sua altitude, como imune ao cataclismo, que está tirando gordos dividendos disso, tendo construído “abrigos” que aluga aos mais acautelados e, segundo se diz, todos já comprometidos. A coisa estava a se afigurar tão grave que a NASA houve por bem emitir nota repelindo qualquer resquício de veracidade sobre a notícia
     Os maias foram um povo que, como os toltecas e os astecas que os dominaram e sucederam ocuparam a península de Yucatán, no México, desde o primeiro século depois de Cristo, até serem dizimados, aniquilados pelas forças do exército espanhol, no século XVI, tal como ocorrido também com os incas. Tinham conhecimento científico avançadíssimo para o seu tempo, dominando com profundidade a matemática, a física e a astronomia, prevendo com absoluta precisão o deslocamento dos astros, registrado em seu calendário, coisas que só puderam ser avaliadas e apreciadas após o deslindamento de sua escrita à base de grafismos e sinais, à feição dos hieróglifos egípcios e dos ideogramas chineses. De sua arquitetura deixaram monumentos piramidais portentosos, tombados, que atraem milhares de turistas do mundo inteiro às cidades maias, desse povo restando ainda um grande contingente espalhado pela península de Yucatán. A pirâmide de Kukulcán na cidade de  Chichén Itzá, uma das sete maravilhas do mundo moderno, tombada como patrimônio mundial; templos arredondados, descritos como observatórios pelos mais modernos guias turísticos . São também famosas as pirâmides do Sol e da Lua, em Teotihuacán, maior cidade da civilização pre-colombiana, igualmente tombada pela Unesco. Tivemos ocasião de conhecer essas preciosas edificações em viagem que empreendemos ao México, alguns anos passados, que nos impressionaram.
     Todavia, independente da hecatombe terrena que viria dos céus e se abateria sobre nós, movimentações anômalas perpetradas por “aloprados “ e “baixaréus” desvairados pelos podres poderes ameaçam a continuidade da democracia e a estabilidade do domínio do PT. Novas malfeituras de dona Rose e sua trupe, ameaças do ex-titular da Agência Nacional de Águas de “abrir a boca” e a possibilidade do regedor-mor do mensalão Marcos Valério vir a tornar-se um “garganta profunda” intimida seriamente a turma do “partido que não ‘roba’ nem deixa ‘robar’” ... sozinho! Marcos Valério antes da denúncia do mensalão era companhia airosa, disputado e tido como persona grata pelos dignitários do PT; hoje só é tratado desdenhosamente como “esse senhor”, dito sem credibilidade e havido como persona ingrata. Mudam-se os tempos mudam-se as vontades, já nos advertia o velho Camões
    Zé Dirceu, em reunião do partido, diz que  “todas as provas do processo são mentiras” e pelas mídias sociais incita as falanges peteanas  a repudiar o julgamento do mensalão; o presidente da Câmara dos Deputados ameaça não acatar a sentença do STF que cassou o mandato de três deputados federais. Lula, coitado, tem as costas cravejadas de punhais. Se calhar foi por isso que o superpresidente Barbosa “botou quente” a fim de encerrar a Ação Penal 470, antes que o mundo se acabe.

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*Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES
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Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 21/12/2012
Reeditado em 21/12/2012
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