EXPLOSÃO NO CENTRO DE MACEIÓ

Eu que sempre comento a bela vista que tenho do apartamento em que moro, desta feita venho relatar uma visão Dantesca, um cenário de guerra!

Hoje, dia 20 de dezembro de 2012, véspera do dia do “Fim do Mundo” segundo o calendário Maia, houve uma tremenda explosão no topo da Ladeira dos Martírios, em Maceió.

A Ladeira dos Martírios começa no centro da cidade, na Praça dos Martírios, onde está localizado o antigo Palácio do Governo do Estado de Alagoas (Martírios), e termina no início da parte alta da cidade, no bairro do Farol.

Eu moro no bairro do Farol, em um prédio de apartamentos, no 13º andar, que fica a aproximadamente trezentos metros do local da explosão, acontecida na DEIC (Delegacia de Investigações e Capturas), Inteligência da Polícia Civil do Estado.

Havia chegado em casa por volta das 18h, e me preparava para tomar um banho, quando olhei pela janela de meu quarto e avistei uma fumaça, Fiquei tentando localizar de onde era. Preocupei-me porque há dois meses houve um incêndio durante a madrugada, em um posto de combustíveis desativado que fica a cinquenta metros do meu apartamento. Por sorte não havia mais combustíveis no local e o incêndio destruiu o antigo posto.

Quando avistei a fumaça pensei - é outro incêndio- e fiquei olhando o desenrolar dos acontecimentos. A fumaça foi aumentando junto com a minha curiosidade, e depois de alguns minutos comecei a avistar algumas labaredas e estouros como se fossem fogos de artifícios. Abri uma janela para observar melhor, pois já estávamos na boquinha da noite e eu não conseguia definir bem qual era o local exato daquele fogo.

Depois de mais alguns segundos e de estouros maiores, houve uma explosão de grandes proporções, tão intensa que o cogumelo de fogo que subiu na hora, atingiu a altura da antena do prédio da Embratel, que fica bem próximo do local.

Eu jamais imaginei que iria ver tal cena, e tomei um susto tão grande, principalmente quando recebi uma rajada de vento promovida pelo deslocamento de ar provocado pela explosão. Ao receber aquele bafo na caixa dos peitos e ouvir o estrondo nas vidraças do prédio, saltei para trás e caí em cima da cama já colocando as mãos no rosto, na tentativa de protegê-lo de possíveis estilhaços. Por sorte nenhuma vidraça do nosso prédio estourou.

Levantei-me atordoado e incrédulo, desta vez avistei outro cogumelo, agora de fumaça e poeira, que cobria uma grande área ao redor do local da explosão. A primeira coisa que pensei foi – meu Deus, o que foi isso? Com essa explosão deve ter morrido muita gente! Nossa Senhora! – Atônito e com o coração saindo pela goela, fiquei observando a poeira baixar sobre as casas, e comecei a ver pessoas correndo para todos os lados, umas procurando ver o que tinha acontecido, outras, correndo para longe da explosão!

O barulho foi ouvido em vários bairros da capital! Nervoso, liguei para os meus filhos para contar o que tinha havido. Ninguém sabia ainda o que acontecera. Liguei o meu radinho de pilhas e fiquei esperando as notícias, que de início eram desencontradas.

Acessei a internet pelo celular e soube que a explosão havia sido no prédio da DEIC, que abrigava munições e explosivos apreendidos quando de prisões de integrantes de quadrilhas de assalto a bancos. A notícia informava que havia policiais soterrados no local.

O banho ficou para depois, e eu continuei observando do alto o movimento dos carros de polícia, de bombeiros e ambulâncias que chegavam ao local. Ainda pela internet, soube que havia uma policial morta e dois outros feridos.

Lamentando a morte da policial, agradeci a Deus por ter havido apenas um óbito numa explosão daquela magnitude, pois se estima que havia no local, entre 60 e 100 quilos de dinamite. Foi um milagre não ter havido mais mortes! Casas e prédios próximos do local sofreram danos em sua estrutura. Telhados desabaram, paredes ruíram, vidraças estilhaçaram, portas retorceram, uma Mangueira enorme foi arrancada com suas raízes!

Uma verdadeira cena de guerra! Inimaginável para qualquer cidadão maceioense. As pessoas que estavam no centro da cidade corriam desesperadas gritando que o mundo estava se acabando! Foi um desespero coletivo!

O que devemos exigir das autoridades é que elas ajam com responsabilidade e não mais armazenem esse tipo de artefato em locais inadequados e densamente habitados, além de indenizarem a todos o mais rapidamente possível.

Só o tempo irá amenizar a dor dos parentes, e também nos dirá se medidas eficazes foram tomadas.

De minha parte, nunca mais quero ver essas cenas lamentáveis. Quero apenas continuar com a minha belíssima vista do mar, da lagoa e da minha Cidade Sorriso, Capital das Águas!