POR QUE O DISCURSO EXIGE UMA ANÁLISE PROFUNDA DO AMBIENTE AO QUAL SUA ESSÊNCIA SUGERE?

POR QUE O DISCURSO EXIGE UMA ANÁLISE PROFUNDA DO AMBIENTE AO QUAL SUA ESSÊNCIA SUGERE?


Resumo: O artigo em questão busca esclarecer o quanto é importante analisar o discurso com profundidade, o caminho percorrido, definições e aspectos para que sua compreensão possa ser concisa e clara. Também para que o linguísta possa assimilar com precisão todo ambiente explorado.
Palavras-chave: Discurso. Análise. Linguagem. Funções. Aspectos.


INTRODUÇÃO


O mundo vive em constantes mudanças e a linguagem do discurso em si pode ser múltipla. O discurso pode ser definido linguísticamente como um encadeamento lógico de palavras que se manifestam dentro de um texto falado ou escrito. Sua definição consiste em significar algo a outro, isto é, sua intenção é transmitir um conjunto de informações coerentes para que o seu contexto possa ser então entendido.
“O discurso é uma exposição metódica sobre determinado assunto” [cito de memória]. Este tem o seu papel exaltado na sociedade, o mesmo é utilizado com amplitude, ou seja, em ambientes diversos, ao qual o homem está inserido. Como exemplos podemos citar: o discurso político, religioso, científico, jornalístico, jurídico, artístico, entre outros. Nota-se que cada instituição presente na sociedade tem um discurso apropriado ao contexto ao qual se encaixa.



A IMPORTÂNCIA DO DISCURSO

O tema discurso aqui explorado exige atenção, por ser dinâmico e sua linguagem articulada. Por apresentar algumas funções e aspectos relevantes. “O mundo mudou e precisamos mudar com ele” (Barack Obama). Através do contexto do discurso identificamos sua época, ideologia neutra ou crítica, o seu público pode ser específico ou global. O discurso é rico em intertextualidade, isto é, polifônico e polissêmico e sua análise pode ser reveladora quando tais características são levadas em consideração.
O linguísta diante do mesmo precisa demonstrar o seu potencial de análise, tanto na compreensão quanto na interpretação, visto que a palavra tem o poder de mudar o homem cujo discurso consegue convencer, caso não o resultado gera um problema.
O discurso quando exposto e analisado pode conquistar a paz ou iniciar uma guerra, tudo depende de sua colocação diante do mundo que pode aplaudi-lo ou recusá-lo. “O discurso deve clarear os fatos" (Cícero). O bom orador perante os seus deve demonstrar excelência ao executar o seu discurso.

O AMBIENTE PARA SE ANALISAR O DISCURSO:

1. A LINGUAGEM NO DISCURSO

Segundo o linguísta francês Benveniste (1988): "A linguagem põe e supõe o outro", ou seja, sua enunciação supõe um "eu" que designa um "tu" a quem ele se dirige e fala de um "ele". A enunciação evidencia expressão e subjetividade, mas o seu sentido só se produz numa relação de alteridade, isto é, quando se coloca no lugar do outro.
Para o russo Bakhtin (2010): “O caráter de alteridade do enunciado sofre desdobramentos e seu enunciado dialógico merece ser chamado polifônico”. Nota-se que diante do fato o enunciado apresenta uma multiplicidade de vozes. Ademais, o discurso é o ponto de articulação entre os fenômenos linguísticos e os sócio-linguísticos.
Já para o francês Pêcheux (2002): “Não há sujeito individual no discurso, há “formas-sujeito””, ou seja, um ajustamento do sujeito à ideologia.
Para Fiorin (1996): “O discurso é produto de uma enunciação, que é realizada por um sujeito, num dado tempo e num determinado lugar.” Por isso, o discurso na íntegra é linguístico e histórico.
Segundo Greimas (1987): “Todo discurso possui em sua base uma estrutura, formada pela combinação das modalidades simples, são elas: dever, querer, saber, fazer e ser, também o crer e o parecer”. A partir de todas elas é possível chegar ao conceito de estrutura modal dos discursos, isto é, o enunciado lógico que cada gênero do discurso lhe confere caracterizando assim sua especificidade na sociedade em que é empregado. O discurso apresenta partes independentes e de igual importância na sua linguagem, o que lhe sugere sentidos múltiplos. Tal característica o faz interessante aos olhos tanto do público quanto do indivíduo que elabora e analisa o mesmo.

2. FUNÇÕES PERTINENTES AO DISCURSO

Entende-se por função o desempenho de determinada atividade. O discurso apresenta algumas em sentido geral: demonstração, argumentação e persuasão. A primeira segue uma lógica formal, isto é, impessoal, seu público é universal e geral. Já a segunda possui um raciocínio pessoal, não-impositiva, o público é particular, direcionado, mas, visa o universal. Enquanto isso, a terceira sugestiona, manipula até de maneira irracional, a imagem persuasiva é essencial e o público é passivo. Nota-se o quanto o discurso sofre influência do meio. O mesmo é sempre moldado em prol do outro, que pode recebê-lo de maneira ativa ou passiva.

3. ASPECTOS RELEVANTES AO ANALISAR O DISCURSO

É essencial saber a definição de analisar e análise para depois pensar no discurso. A primeira busca decompor um todo em seus elementos constituintes e a segunda consiste na separação desse todo, nas partes que o formam, tal atitude é feita através do exame, do estudo e da verificação do mesmo.
O passo seguinte é aplicar as técnicas de leitura, ou seja, suas estratégias. Deve-se procurar falar da biografia ou bibliografia do autor do discurso e, antes de começar a criticá-lo, deve-se localizá-lo através do seu contexto histórico, já que dependendo da época a linguagem e intenção podem variar. "Se, reproduzindo o discurso alheio, a gente o altera tanto é porque não o compreendeu" (Goethe).
Também é necessário o uso de outros textos para compreensão deste. Tal atitude evidencia o recurso da intertextualidade que sustenta uma opinião sobre o discurso. “O discurso comunica e quem promete algo, exprime a intenção de fazer algo” [cito de memória]. Sua identidade demonstra origem social, gênero, classe, crença do falante, suas formas linguísticas e o público a quem o mesmo se destina.
“Os textos respondem a textos anteriores, antecipam os posteriores, ou seja, os textos sempre são repletos de fragmentos de outros textos” [cito de memória]. Não existe discurso original, mas, a maneira de como o mesmo é construído faz do seu autor uma realidade, haja vista, que alguém pode ter dito isso antes, mas de uma outra forma e com outras palavras; por isso, tal peculiaridade do discurso é digna de análise.

CONCLUSÃO

Ao produzir o discurso, o indivíduo não expressa sua consciência livre de interferências. Ao contrário, aquilo que ele discursa é resultado de conjuntos discursivos que lhe são anteriores, que foram por ele interiorizados em virtude da exposição sócio-histórica a que estamos todos sujeitos. “Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende" (Leonardo Da Vinci). Assim formamos nossas representações discursivas sobre o mundo.
O discurso considera não apenas o que é dito, em um certo momento, mas, as relações desse dito, com o já dito antes e até mesmo com o não-dito. O discurso tem o seu espaço na sociedade e, o linguísta que consegue fazer uma análise estruturada com implicações práticas na sua concepção alcançará o êxito na compreensão e interpretação do discurso alheio. Afinal, "um discurso fora de propósito é como a música no luto" (Vulgata).

Vale ressaltar que o orador que não consegue fazer do discurso sua essência, jamais terá na palavra o direito de contestar, mesmo que o discurso em um momento qualquer na história já tenha pertencido a outro. Por isso é importante analisar com profundidade o ambiente ao qual sua essência sugere.
O discurso técnico é o campo puro e o discurso social é o campo aplicado. O discurso aqui exposto visou demonstrar tanto sua importância na análise crítica quanto sua construção perante a sociedade que o absorve diariamente.

REFERÊNCIAS

BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
BENVENISTE, E. Problemas de Linguística Geral I. 2.ed. São Paulo: Pontes, 1988.
FIORIN, José Luiz. Elementos de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 1996.
PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento? Trad. de Eni P. Orlandi. 3. ed. Campinas, SP: Pontes, 2002.
SCHLEIFER, R. Greimas and the nature of meaning: Linguistics, semiotics and discourse theory. Lincoln: University of Nebraska Press, 1987.


P.S.: Recordação da Pós não terminada. 

Patrícia Correia
Enviado por Patrícia Correia em 12/03/2013
Reeditado em 20/03/2013
Código do texto: T4184814
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