Show de Truman e os esquemas de condicionamento usados no filme, na escola e sociedade

As teorias há muito tempo tentam entender o processo de ensino e desenvolvimento da aprendizagem. Ao longo de todos esses anos várias teorias surgiram e cada uma delas enfocou objetos de estudo diferentes (sujeito que ensina, meio, sujeito que aprende etc). Dentre elas, a teoria Comportamental, também conhecida como Behaviorismo, se dedicou ao estudo das interações entre indivíduo e ambiente. Um dos principais nomes dessa corrente, Skinner, dedicou-se ao estudo dos comportamentos por condicionamento de estímulo e resposta, aplicados até os dias de hoje na escola e sociedade.

O Behaviorismo radical de Skinner é muito criticado na atualidade por educadores, sociedade e mídia, em especial a televisiva, que algumas vezes aborda este assunto na teledramaturgia. Um dos filmes que enfocou bastante esta relação do indivíduo com o ambiente é o Show de Truman.

O Show de Truman é uma espécie de BBB, criado por um diretor que acredita no controle das ações humanas. Para prova essa crença, ele criou o reality show de Truman, um programa líder em audiência, porque tem como personagem principal um sujeito que desde cedo foi educado por reforços positivos/negativos e por reflexos condicionados.

O filme se passa em uma ilha cenográfica e para manter Truman nela Christof, o diretor do filme, reforça de maneira negativa a permanência de Burbank simulando a morte por afogamento de seu pai, fazendo com que ele tenha medo do mar é, portanto não tenha coragem de pegar um barco e sair da ilha.

Truman tem uma vida pacata, é casado com uma enfermeira e trabalha numa corretora de seguros. Sua vida é monótona, todos os dias ele se levanta vai para o trabalho encontro os vizinhos e repete a mesma frase “E se eu não os vê de novo, tenham um bom dia” e sai, no caminho encontrar outras pessoas dentre elas dois velhinhos que sempre dizem que irão ao trabalho dele fazer um seguro, no entanto isso nunca acontece. Seus movimentos são todos calculados.

Acontece que controlar uma pessoa não é tarefa fácil e Christof assim como os behavioristas esqueceram que o ser humano tem sua subjetividade. No filme ela é aflorada logo que ele conhece Sylvia e surge um amor à primeira vista, o primeiro ato de espontaneidade que forje ao controle do diretor, mas que a equipe imediatamente tira de cena. Entretanto a saída da moça não impede que Burbank continue apaixonado, aliás este é um dos fatores que vai motivá-lo a encontrar respostar para a sua vida e a se questionar sobre sua existência.

No entanto, Christof tenta acabar com estes conflitos através de investimentos parentais – no caso a mãe e a esposa que tentam fazer com que ele mude de idéias – o amigos é outros que tentar pessuadí-lo a esquecer suas indagações. Contudo, Truman não se deixa levar por eles e sai em busca de respostas e quando as encontra pula fora daquele mundo de pseudo segurança.

Saindo da ficção do Show de Truman e vindo para a realidade percebe-se que os condicionamentos do comportamento humano é muito presente nas escolas, na qual os alunos no sentido metafórico seriam Burbank, a escola a bucólica cidadezinha litorânea de SeaHeaven e os professores o diretor Christof que trabalho com o condicionamento a partir de estímulos respostas.

Tal comparação da ficção com realidade é possível porque a escola de uma forma geral ainda trabalha dentro de uma perspectiva de transmissão de conhecimento. O professor que “ensina bem” é aquele que facilita uma resposta dos alunos, já os bons alunos são aqueles que consegue memorizar o maior número possível de resposta e que estuda a fim de evitar as puniçõe, um processo de reforçamento negativo muito utilizado nas escolas através de tarefas extras, isolamento dos colegas – ficando sem recreio ou indo para a sala do diretor ou biblioteca copiar alguma tarefa - . Diante dessas situações o aluno até estuda para livra-se delas, mas surgem outros problemas como ansiedade, agressividade, evasão da escola, falta de desejo de aprender, esquecimento rápido, dentre outra.

Skinner se posiciona diante dessas situações ressaltando que tais problemas que surgem no cerne da sala de aula, em grande parte, não são do aluno, mas da metodologia adotada pela escola para fazer com que ele aprenda.

Outro problema são os reforçadores positivo que são apresentados na sala de aula. Na escola atual esses reforçadores estão muito restritos a pontos que os alunos ganham por meio de simulados, gincana, feira de ciências, provas e trabalhos. Mesmo com tudo isso o estimulo não garante a aprendizagem porque segundo Skinner o reforçador principal é o professor que através de uma metodologia adequada possibilita ao aluno a observação do sucesso de sua aprendizagem e isso faz com que seu comportamento de aprender seja reforçado, contudo isso não acontece na sala de aula porque o principal reforçador, o professor, tem que lidar com vários alunos ao mesmo tempo e isso faz com que seu reforço e sua regra não sejam de acordo com a resposta emitida pelo aluno.

Quanto a modelagem nas salas de aula os professores não possuem condições para elaborar uma metodologia de ensino e planejamento de aprendizagem, na maioria das vezes os conhecimentos, já pronto, são apresentados aos alunos.

Entretanto as escolas ainda possuem alguns meios de reforçar o comportamento de aprendizagem através de manipulação direta do ambiente, com poucas conseqüências aversivas, possibilitando assim a aprendizagem e fazendo com que os elementos reforçadores promovam o sucesso da modelagem, fazendo com que os estudantes selecionem quais tipos de autocontrole eles aceitam ou quais não aceitam, é isso é liberdade para um behaviorista.

Referências

CUNHA, Marcus Vinicius da. Psicologia da Educação. 3ª edição. Rio de Janeiro: DP&a, 2003.

SKINNER, Burrhus Frederic. Tecnologia do ensino. São Paulo, Ed. da Universidade de São Paulo, 1972.

WEIR, Peter. Show de Truman. EUA, Paramount Pictures, 1998.

janayres
Enviado por janayres em 20/03/2007
Código do texto: T418933