RIO PRETO

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida de muitos.

Gêneses, 50.20

A degradação ambiental da “levada” do Bairro da Viração, atual Santa Cruz, Várzea do Bairro Popular, Centro e Bairro do Cercado, atual Bairro da Liberdade, que se junta com parte final dos Rios Tibiri e Tibirizinho, após o açude chamado de “balneário das águas minerais”, transformando-se no Rio Preto em direção ao Rio Paraíba, despejando no manguezal/maré e Oceano Atlântico. A história é antiga e é obra da natureza, seus problemas e suas causas sociais já foram tratadas desde os primórdios da civilização e colonização da várzea do Paraíba, desde o primeiro mandatário (Prefeito/Intendente) Antonio Gomes Cordeiro de Melo ao atual gestor. Na verdade para se resolver o problema do Rio Preto deixar de invadir Santa Rita nos tempos de chuva, tem que aprofundar o Rio Paraíba e o próprio Oceano Atlântico, pois, trata-se de um fenômeno natural chamado popularmente de “represa” do fluxo das águas do Rio Paraíba, manguezal/maré e Oceano Atlântico, durante o período do inverno. As áreas ribeirinhas foram tapadas ou “invadidas” pelo homem, então na época de chuvas, a natureza exige suas áreas/caminhos de volta para o Oceano Atlântico. Isso é natural. Daí vem enchentes e mais enchentes com problemas insolúveis e tem conotação e denotação que tem origem na Educação Ambiental desenvolvida na rede pública estadual e municipal de educação, pois, grande da população jogam seu lixo urbano e sanitário no leito do Rio Preto. É certo de que o Rio Preto, fica abaixo do nível do Rio Paraíba e do mar (Oceano Atlântico), então é um problema da natureza, ele deve ser limpo, aprofundado e construídas suas margens com muros de arrimos e através da Educação Ambiental, formal e informal deve o Poder Público local conscientizar a população em geral para fazer uma parceria com a causa do referido “rio”, caso contrário tudo ficará como antes no Quartel de Abrantes. A Educação Ambiental não é uma disciplina, mas uma expressão relacionada ao campo pedagógico que reflete interdisciplinaridade de conteúdos de diferentes áreas do conhecimento, devendo permear o currículo escolar um Tema Transversal. Uma das propostas do MEC (1997), nos Parâmetros Curriculares Nacionais é que, além de informações e conceitos, a escola e seus professores, e proponha a trabalhar com atitudes, formação de valores, e também o ensino e aprendizagem de habilidades e procedimentos. O conceito de natureza não é natural, na verdade é instituído pela cultura dos homens, é criado ou inventado pela sociedade, segundo sua vontade; e isto constitui um dos pilares, através do qual os homens erguem suas relações sociais, sua produção material e espiritual, enfim, sua cultura objetiva e/ou subjetivo, levando-se em consideração sua visão de homem e de mundo. Assim sendo, o conceito de natureza está subjacente às nossas relações sociais, e não é à toa que os movimentos ecológicos incorporam lutas dos mais diversos setores do agir humano: extinção de espécies, desmatamentos, uso de agrotóxicos, urbanização desenfreada, explosão demográfica, poluição do ar e da água, contaminação de alimentos, erosão dos solos, diminuição das terras agricultáveis pela construção de grandes barragens, poluição, efeito estufa, ameaça nuclear, guerra bacteriológica, corrida armamentista, violências, drogas, guerras, tecnologias que afirmam a concentração do poder, entre outras. Discutindo as representações sociais de diversos profissionais, ligados direta ou indiretamente com a Educação Ambiental, é importante abordar inicialmente alguns aspectos importantes como o conceito de representação social e o conceito de natureza que tem vigorado em nossa sociedade. A drenagem permanente do “Rio Preto” (encontro das águas do Rio Tibirizinho, a partir do sangradouro do açude Tibiri, das águas de chuva, do esgotamento doméstico e sanitário permanente e aberto X represa do Rio Paraíba e das águas cíclicas do manguezal/maré) em Santa Rita/Paraíba é um problema de Educação Ambiental, tendo em vista que tal modalidade educacional já é praticada em alguns países do mundo, a exemplo do Japão, por exemplo. Aqui no Brasil a Educação Ambiental foi proposta em 1999, tem o objetivo especial de disseminar o conhecimento sobre o meio ambiente. O objetivo geral e ou principal dessa modalidade educacional é conscientizar a população em geral a fazer à preservação do meio ambiente e sua utilização sustentável ainda no “amor”, evitando assim a ser lembrada apenas no período da “dor”, isso fazendo uma paródia a conduta humana de que somente se lembra de Deus nos momentos de dor, nunca o ser humano em geral procura se lembrar de Deus dentro de sua humanização nos momentos de festa, de alegria. Deus é sempre lembrado na hora da agonia, do desespero. O mesmo acontece nos momentos de enchentes, desabamentos, tudo porque o homem joga todo tipo de lixo no leito dos pequenos, médios e grandes rios e riachos, inclusive no leito da rua, provocando enchentes em casas, etc, surgindo doenças e mais doenças diante de tal comportamento, não faltando, portanto, tendo como ponto culminante de tal desatino o aumento dos índices de mortes de pessoas e animais. É evidente que tudo isso pode e deve ser evitado, desde que seja usada em caráter permanente uma metodologia de análise que surge inevitavelmente a partir do crescente interesse do homem em assuntos como o ambiente devido às grandes catástrofes naturais que têm assolado o mundo nas últimas décadas1 .

Através da Lei Federal nº 9.795², de 27 de abril de 1999, que “dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências”, definindo-a no primeiro artigo o seguinte: “Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”, e se não bastasse determina no segundo artigo: “Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”, sem deixar de lado que o terceiro artigo do mesmo diploma legal incumbe o Poder Público e a iniciativa privada fomentar as políticas públicas da Educação Ambiental nos termos dos artigos 205 e 225 da Constituição Federal de 1988. O MEC através dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, sugerem que o tema meio ambiente seja de cunho transversal na Educação Básica. São tantos os problemas causados pelo aquecimento global que o mundo é obrigado a refletir sobre a necessidade de impulsionar a Educação Ambiental envolvendo todas nacionalidades. O cenário é muito preocupante e deve ser levado a sério por nações ricas e pobres, pois as consequências vão atingir a todos, indistintamente em um futuro bem próximo. Não se tem outra saída, tendo em vista que se trata de processo político pedagógico participativo permanente para incutir uma consciência e cultura crítica sobre a problemática ambiental, estendendo à sociedade a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais em cada realidade internacional, nacional, regional e local. As representações sociais foram, inicialmente, estudadas por Moscovici (1976), indicando que estas seriam resultado de percepções, de informações, de conhecimentos, de sistema de valores, de relações sociais, vividas histórica e cotidianamente pelos indivíduos; trata-se, portanto, de um senso comum sobre um determinado tema, onde também se incluem os preconceitos, ideologias e características específicas das atividades cotidianas sociais e profissionais das pessoas, enquanto ser aprendente. Leyens (1983), também, expressa muito bem esta definição: “É o mesmo tempo, algo que repassa a percepção, uma estrutura de opinião, uma super atitude, a razão de uma teoria implícita, um imaginário coletivo, balbuciado individualmente, um esquema de pensamento e o reflexo de uma ideologia”.

Assim sendo, portanto, o que um indivíduo pensa sobre determinado tema está diretamente relacionado à visão da sociedade sobre este tema, como Moscovici (1990) define em representação coletiva que ela designa todos os sistemas de conhecimentos, de crenças e de símbolos (religião, ciência, filosofia, língua, magia etc.), que resultam da fusão e da penetração das representações individuais. O modo como a sociedade ocidental construiu o seu conceito de natureza colocou como projeto principal a sua dominação, e só agora começa a redescobrir uma verdade que tinha esquecido: o homem é a própria natureza que toma consciência de si própria. É preciso valorizar a Educação Ambiental dentro e fora da sala de aula, é uma questão de vida e morte para todas as espécies racionais e irracionais que vivem na terra em qualquer parte da terra.

Então, qual a visão que a população de Santa Rita/Paraíba tem sobre a Educação Ambiental e a solução dos problemas causados pelo Rio Preto? Com a palavra o povo (gestores, educadores, famílias, igrejas, escolas, etc) em geral.

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¹ http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/fundamentos/rita-mendonca-educador-ambiental-ensina-suas-atitudes-426107.shtml

² http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9795.htm

REFERÊNCIAS

Fórum das ONGS. Meio Ambiente e Desenvolvimento: uma visão das ONG's e dos Movimentos Sociais Brasileiros. Rio de Janeiro, 1992, 190p.

UNESCO.Le Programme International D'Éducation Relative á L' Énvironnement. (UNESCO-PNUE). Paris, 1993, 40p.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 26/04/2013
Reeditado em 25/06/2014
Código do texto: T4260437
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