RUIM É MENOS DE QUATRO

Aconteceu na minha classe há tanto tempo e até hoje ainda me lembro daquele colega. Era o Mário.

Nosso grupinho estava sempre querendo estudar muito e aprender para ganhar as melhores notas. E conseguíamos. Mas ele, coitado, precisava trabalhar para ajudar a mãe e quase sempre suas notas não eram boas.

Um dia, a professora deu uma prova dificílima e todos nós nos saímos mais ou menos mal. Ninguém obteve a nota dez, que era a excelência do desempenho, e pior que isso, todos tiramos notas seis ou sete e até mesmo cinco ou quatro.

Foi aí que o Mário se aproximou do grupo e disse: “ Ruim é menos de quatro!” A nota dele tinha sido exatamente quatro.

O tempo voou e isso que ele disse, de vez em quando me vem `a cabeça. E se tornou para mim como uma regra, um jeito de encarar as dificuldades que a gente encontra pela vida. Modo de ver que as notas da prova poderiam ser ainda piores. E na vida, se não encontramos uma situação ideal ou desejada, ainda assim, vamos sentir que a coisa poderia ser pior. Porque “ruim é menos de quatro”.

E assim, passei a observar: Procurando umas frutas pra comprar e sem tempo para procurar outras melhores, tive que me contentar em comprar aquelas que encontrei. Em outra ocasião, precisei achar um detalhe para complemento de uma roupa e, por mais que eu buscasse, não achava o que eu queria. Tive que comprar algo mais ou menos parecido. Não era o desejado, mas enfim, “ruim é menos de quatro “, como diria meu colega Mário. Que sem querer e saber, criou para mim e para minha família, um código.

Hoje, quando em qualquer circunstância, eu sinto que não há solução perfeita, do jeito que eu preciso, trato logo de aplicar esse código familiar.

Sem esmorecer na procura do melhor, enquanto esse melhor não chega, o negócio é entender que ruim, ruim mesmo, é menos de quatro.

Esther Lessa
Enviado por Esther Lessa em 12/06/2013
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