SANTA RITA INUNDADA

Francisco de Paula Melo Aguiar

[...] Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove.

William Shakespeare

O estuário do Rio Preto, recepciona todos os dias do ano as águas das chuvas provenientes do rio Tibiri, Tibirizinho e dos diversos córregos existentes, dentre os quais o Canal da Viração, sem deixar de lado que é uma área de aladiça, mesmo em períodos de seca, sem deixar de lado de que recebe praticamente todo o esgotamento sanitário de todas as casas existentes na cidade de Santa Rita e seus bairros mais antigos. Assim sendo, toda área do perímetro urbano denominado de área ribeirinha, onde foram construídas casas no caminho das águas, sempre vai haver inundação, e até porque, a simples dragagem do famoso Rio Preto, vai servir apenas de alivio temporário, porque a população ajuda a fazer o assoreamento do mesmo jogando todos os lixos domésticos possíveis ao longo do seu leito. É uma questão de Educação Ambiental da população e que se tem que começar a fazer a lição de casa, no meio da rua e na escola, propriamente dita neste sentido. Caso contrário, a inundação vai continuar a existir sempre, porque a população não vai querer sair de suas casas na época da seca e quando o inverno começa, aí começa a via crucis. Se bem que os governos: federal, estadual e municipal, tem sua culpa, minha culpa, minha máxima culpa, principalmente porque através de licenças de construções o governo municipal autorizou a construção de tais imóveis, ao longo de mais de 120 anos de emancipação política. Este alagadiço existente entre o centro, o bairro popular e a vila Tibiri, já existia em 1585, quando a Paraíba foi conquista e fundada por Martins Leitão e as tribos indígenas: Tibiri, Tabajaras, Potiguaras e outras da nação Tupy Guarany. E além do mais, o Rio Paraíba é muito raso, todo assoreado, com muito lixo e areia ao longo do seu percurso, de modo que quando chega nas proximidades do Oceano Atlântico, já nas terras de Santa Rita, a começar pela área dos manguezais, juntamente onde o terreno é mais alto do que o nível do Rio Preto, basta chover e o Rio Paraíba encher para começar a calamidade pública em Santa Rita e outras áreas da área metropolitana de João Pessoa. Os governantes: federais, estaduais e municipais, do Brasil, da Paraíba e de modo particular de Santa Rita, deve chamar o feito a ordem e contratar estudos estruturantes para resolver e/ou amenizar a problemática das inundações em Santa Rita. Enfocamos que a inundação é um fenômeno da natureza, tendo em vista que o homem invadiu construindo suas moradias no caminho das águas em direção ao mar. O Rio Preto fica abaixo do nível do mar, mesmo fazendo-se os muros de arrimos de ambos os lados e aprofundando-o, quando a chuva chegar e o Rio Paraíba encher, acontecerá o represamento das águas do mesmo em conjunto com a água da maré para dentro de Santa Rita. É salutar que todos fiquem de olhos bem abertos, porque se falam muito na transposição do Rio São Francisco, que despejará água no Rio Paraíba, e este ficará com o volume de água dez vezes maior do que a água atual em tempos de seca, o que vale dizer que quando o inverno chegar, a inundação nas áreas ribeirinhas de Santa Rita e outras cidades do tipo: Bayeux, João Pessoa, dentre outras, vai ser um caso de verdadeira calamidade pública. Ninguém brinque com a força da natureza de Deus. Não adianta fazer politicagem dizendo que vai resolver de uma vez por todas o caso das inundações anuais em Santa Rita, precisa falar a verdade para a população e os governos devem oferecer aos donos dos imóveis que são invadidos todos os anos, uma linha de crédito e dispensa de certos tributos para que os mesmo façam suas casas em área segura e livre de inundação cíclica anual. É ficar onde estão morando atualmente e pagar para sofrer prejuízos materiais e emocionais, tudo só depende de não chover. Não temos ainda condição de fazer uma parceria com São Pedro, já que o povo diz que ele é o chaveiro do céu e também responsável pelo envio de chuva para a terra, se assim fosse possível, então seria bom fazer uma parceria com ele para que nunca chovesse em Santa Rita para não inundar as áreas ribeirinhas onde o povo tapou com a construção de suas casas residenciais o leito dos rios com destino ao Oceano Atlântico. O povo precisa de atenção especial por parte dos governos: federal, estadual e municipal, para se proteger das intempéries naturais que todos os anos faz o estrago que todos nós conhecemos e é um prejuízo anunciado. É um sofrimento anunciado e que tem gente que faz política e vive sempre enganando o povo em época de campanhas eleitorais que vai resolver o caso do Rio Preto. Isto é uma utopia politiqueira de falta de cultura e de conhecimento, para se resolver o caso definitivo do Rio Preto e das inundações das áreas ribeirinhas de Santa Rita, se faria preciso aprofundar o Rio Paraíba, o que é impossível, pois, aprofundando o leito do antigo Rio São Domingos, o represamento das águas da maré em Santa Rita através do leito do Rio Preto será multiplicado por cem vezes mais do que na atualidade o seu volume.

O caso do Rio Preto e das enchentes com inundações na cidade de Santa Rita, jamais vai ser resolvido totalmente com esse ou aquele prefeito milagreiro, foi assim no passado, vai ser assim no presente e continuará sendo no futuro. Tudo que fizer nestes termos vai ser sempre um paliativo, tendo em vista ser uma questão da própria superfície geográfica de onde ele se encontra desde que o mundo é mundo, ninguém pode mudar os desígnios da natureza que vem do Criador de todas as coisas.

É preciso dragar o mencionado Rio Preto, in loco construir o muro de arrimo de ambos os lados com pedra e ferro ao longo do seu leito, a exemplo do que já foi feito do Bairro da Santa Cruz até a Rua Professor Severo Rodrigues, com verbas do Governo Federal a fundo perdido, conseguida através de projeto elaborado pela Associação dos Moradores do Bairro Popular em parceria com a Prefeitura Municipal de Santa Rita e graças à intervenção do então Senador Humberto Lucena, de saudosa memória junto ao então Ministério da Integração, onde aproximadamente dois milhões de reais foram liberados para a construção do referido canal e do esgotamento sanitário do Bairro Popular, no ano de 1992 e cuja verba amanheceu no dia 01 de janeiro de 1993 a disposição do Prefeito Oíldo Soares. Com a felicidade do povo não se brinca, inundação é prejuízo certo, é uma questão vida e de morte e nossa gente não merece isso. As autoridades municipais, estaduais e federais devem instruir a população com a cultura de remanejamento e na falta disso, se manter de plantão permanente para socorrer o povo de Santa Rita desta catástrofe anunciada por força da natureza. É uma loucura dizer que vai aterrar o Rio Preto, ou mudar o leito do Rio Paraíba e ou aprofundar o Oceano Atlântico para evitar o represamento de suas águas dentro da cidade de Santa Rita em período chuvoso.

O caso da inundação da Rua Siqueira Campos, no Centro da cidade, é justamente o contrário do caso do Rio Preto, pois, aqui falta o poder público construir um canal subterrâneo com manilha de cimento armado com capacidade para receber as famosas bocas de “lobo” que levará a água da chuva para despejar no riacho que passa por trás do Hospital Governador Flávio Ribeiro Coutinho, e até porque o Governo Municipal de Santa Rita nas últimas décadas aprovou o loteamento da área chamada “papo da coruja” e adjacente, em sendo assim, as novas construções, taparam o caminho natural da água que vem do mercado público, das praças Getúlio Vargas e João Pessoa e da Rua Flávio Ribeiro. É uma questão de lógica, a água pede passagem...

Em síntese, os moradores das áreas das enchentes e/ou áreas ribeirinhas de Santa Rita pagam seus impostos federais, estaduais e municipais, precisam de atenção especial de quem governa em todos os níveis de governos do Brasil. Jamais serem comparados a “pedras”, a cada inundação, uma vez que é [...] vendo as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar, enfocando o pensamento de Raul Seixas.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 14/06/2013
Código do texto: T4341875
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