Que valores andam dando aos seus filhos?! (Pais, leiam)

Pais, antes de responderem isso, deixem-me contar o motivo que me fez escrever sobre esse tema!

Esses dias atendi quatro pessoas que tinham em comum adquirir um notebook. Temos que concordar que é um equipamento com um valor diferenciado, (se quiserem, falem comigo, faço um ótimo preço!), pois bem, voltando, estou eu ali atendendo a primeira cliente, uma professora de matemática que estava consultando o valor a pedido da filha que no momento não encontrava-se na loja pois estava no trabalho. Sua mãe contou da vida corrida da filha, que mora com ela, trabalha em uma cidade e estuda em outra, tudo isso contando com muito orgulho como uma mãe coruja mesmo! Ela estava consultando o valor, mas a filha que iria comprar, mas logo falou de seu desejo em fazer uma surpresa quando fossem fechar o negócio. Bom, após sabermos o modelo que a jovem gostaria de estar adquirindo, deixei tudo pronto para que no final da tarde voltassem para concretizar a compra. Bem, quando as duas voltaram para efetuar o pagamento, a filha com o cartão em punho já me passava as coordenadas para o parcelamento, quando a mãe me pediu para passar seu cartão. A filha então falou para sua mãe a dificuldade que seria ter que todo mês lhe dar o dinheiro para cobrir a despesa do cartão, mas foi quando a mãe lhe disse que não precisaria pagar, pois tratava-se de um presente! Olhem gente, que cena bonita! A garota quase chorou de felicidade, abraçou e beijou sua mãe, lhe agradeceu muito! Mas cá entre nós, ganhando um presente desses, quem não iria adorar! Pois bem, vou descrever o atendimento que aconteceu logo em seguida!

A segunda “dupla” entra na loja, o objetivo, o mesmo notebook, (aquele lindão, que se quiser te faço um ótimo preço viu!). Primeiro entra na frente o neto, um jovem com aquela “cara” de arrogante, vocês sabem do que estou falando, aquele ar de superioridade, e logo em seguida sua avó, funcionária pública, muito simpática e educada. Logo o “jovem” já quis deixar claro que ele estudava em um colégio selecionado, muito difícil de entrar, de uma grande empresa em São José dos Campos! O presente era o mesmo, seu valor como produto, o mesmo, porém seu “peso” para quem recebia creio que era bem diferente. Tratando sua avó com estupidez, respondendo de uma forma grosseira as perguntas que sua avó lhe fazia, sem um pingo de gratidão, a tratando como se ele fosse um nobre fazendo um favor a ela em aceitar o presente. Olha, isso me irritou tanto, aquele garoto mimado e egocêntrico. Eu sem querer ser irônico (claro, longe mim isso!), o questionei quanto a serventia que teria o aparelho para ele, já que ficava o dia todo na escola estudando muito, e ele me respondeu que era porque ficava a semana toda na casa de seu pai, e aos finais de semana ficava na casa da avó, e era um transtorno muito grande ter que gravar seus arquivos em Cds para poder usar no micro que também tinha na casa da avó. Coitadinho, aquilo me sensibilizou tanto! Realmente era muito necessário!

Foi então que entendi de onde poderia vir tanta “nobreza” do rapaz, aquele típico caso onde os pais separados tentam suprir suas ausências, amenizar o peso na consciência por estarem ausentes e resolvem fazer todo e qualquer capricho do filho. E acham que fazendo isso, não sabendo dizer “NÃO” ao filho, vão ser responsáveis por ele virar um revoltado, usar drogas, coisas desse tipo.

Agora vocês devem estar pensando: “Com que embasamento esse “cara” está me falando essas coisas?! O que ele entende sobre criar filhos?!”

Eis que vou responder o seguinte, não estou falando na posição de pai, mas na posição de filho, e por experiência própria, pois meus pais se separaram quando eu tinha 12 anos! E graças a Deus eles nunca pensaram dessa forma, agir com a “compensação”. Uma coisa que meus irmãos e eu crescemos com meu pai nos dizendo, é que: “Ex-mulher existe sim, mas ex-filhos, isso não pode existir”. Creio que isso deveria ser seguido como regra para qualquer casal que tenha filhos e se separem.

Aquela história de que a juventude está perdida por culpa do ensino não é verdade, a juventude anda do jeito que está porque os pais passaram a colocar totalmente nas costas das instituições de ensino a responsabilidade de dar modos aos seus filhos. E não é por aí, o que espera-se de uma escola é de dar cultura, conhecimento, é meio impossível um professor com uma sala de quarenta alunos ficar ensinando que seu filho não pode responder os mais velhos, que não pode falar de boca cheia, e assim um por um ficar corrigindo a “educação” básica que ele precisava ter aprendido já em casa. Os pais são os grandes responsáveis pela formação do caráter e personalidade de seus filhos, modos e valores morais têm que vir de casa!

O diálogo, as conversas, as histórias de quando eram crianças, as brincadeiras, são coisas que devem ser transmitidas pelas pais, passar o conceito de família, criar aquele sentimento na criança de que aconteça o que acontecer ela tem uma família que lhe acompanha e a ama. Ao contrário, continuaremos assistindo nos noticiários filhos que matam pais, que espancam avós, e tudo isso por culpa da degradação da família.

Outro dia meu pai, minha irmã e eu estávamos conversando, e meu pai falou da vontade em estar no ajudando financeiramente nos gastos de nossas faculdades, mas que na atual conjuntura isso estava meio difícil. O que eu respondi para ele foi o seguinte: “Pedi para que olhasse ao redor e visse quantos amigos ele tinha que tinham dois filhos cursando faculdade ao mesmo tempo. E completei que não era para se preocupar, pois a melhor ajuda que poderia nos dar, ele e minha mãe já haviam nos dado, que foi nos criar com princípios, com valores e muito amor, e feito com que nos tornássemos boas pessoas, competentes e capazes para estarmos hoje ocupando posições que nos permitem arcar com os gastos da faculdade.

E é isso mesmo, não entreguem os peixes simplesmente, ensine-os a pescar!

Os pais têm que ter sempre a consciência de que não criam filhos para viverem sempre debaixo de suas asas, mas sim criam filhos para ganharem o mundo! Portanto prepare-o para lhe dar orgulho, e não para estar sempre no seu colo chorando derrotas e frustrações.

Valores financeiros e materiais se acabam, valores morais são para toda vida!

E agora pais, que valores andam “dando” a seus filhos?!

Marlos Santos.