ENCONTRANDO SUA ESSÊNCIA

Uma noite dessas, vagando pelos canais de TV, parei em um telejornal onde estava começando a falar sobre a qualidade do ensino brasileiro. Nesse momento já pensei: “Que falta de criatividade, já não é novidade a qualidade do ensino brasileiro!”

Logo em seguida veio-me à cabeça as pessoas que como eu, têm acesso à educação, à uma universidade. E me perguntei: “Será que não é só o ensino público que está ruim, será que o particular também anda neste mesmo ritmo?! Será que é um estado generalizado?! Não pode ser possível!”

Eis que me veio à luz, não podemos culpar o ensino, pois grande parte de seus alunos, têm culpa nessas avaliações, o desinteresse é grande!

Temos hoje alunos de universidades que não sabem escrever uma simples redação, que cometem erros incríveis principalmente com vícios de linguagens, como abreviações de bate-papos na internet e gírias.

E se não fossem esses erros “gramaticais”, acabamos detectando outro de grande importância, os “óbvios”. Os alunos estão tornando-se óbvios. A impressão que dá é que hoje estão formando alunos em série, que recebem seus registros acadêmicos (RA) como se fosse algum tipo de código de barras, e ali passam a receber informações onde estabelece um padrão. Sei que pode ter muita gente que não concorda comigo agora, ainda bem, fico feliz! Nem tudo está perdido!

Mas para os mais otimistas, que acham que estou falando bobagem, verifiquem às entrevistas e dinâmicas em grupo para contratações em empresas. É um festival de respostas prontas, como se tivessem decorado o “Manual do Candidato”.

Onde está a espontaneidade? A Criatividade, o “algo mais”?!

Crescemos com todos ao nosso redor nos dizendo que para ser “alguém” na vida temos que estudar, estudar, estudar... e estudar um pouco mais! E muitos adotam isso com tanto fervor, que passam a viver como devoradores de livros, e esquecem um pouco da vida “lá fora”. Das experiências de vida que não são contadas em livros, dos “arranhões” e “esbarrões” que levamos pelo caminho. Aí o que acontece?! Ótimo na teoria, e a prática, cadê?! Sem contar que em alguns casos até a instabilidade emocional acaba sendo um fator crítico, a pessoa não possuí a “inteligência emocional”, o jogo de cintura necessário.

Então é para não estudarmos mais?! É isso?!

Claro que não! Mas sim encontrarmos nosso ponto de equilíbrio, como tudo em nossas vidas! Dificilmente encontramos alguma coisa em nossas vidas que sendo em excesso, seja saudável! O excesso nem sempre é benéfico.

Recordo-me da conversa que tive com um rapaz outro dia. Ele havia recentemente passado por um processo seletivo em uma empresa. Ainda na agência a examinadora lhe disse sobre a dificuldade em encontrar pessoas com habilidades técnicas, mas também que possuíssem a destreza no âmbito comercial, ao relacionar-se com pessoas com empatia, com agilidade em solucionar problemas, entre outros requisitos. Ou a pessoa era um excelente técnico, com conhecimentos específicos avançados, dominando o assunto, ou ela era ótima com pessoas, com administração, com procedimentos comerciais. Nesta seleção, buscando inicialmente pessoas com um equilíbrio entre esses dois requisitos, vários foram avaliados, restando apenas 04 candidatos para a próxima fase do processo seletivo. Os candidatos iriam para a fase de dinâmicas em grupo, aqueles testes que nunca sabemos se fomos bem ou não! Vieram primeiro os sulfites para fazerem dobraduras, depois a explicação das “artes” feitas e uma breve apresentação de cada um. Estavam ali, 04 jovens candidatos, o primeiro formado em Publicidade e Propaganda, o segundo, também já formado em Comunicação Social, o terceiro, cursando MBA, e ali o quarto jovem, ainda iniciando seu 3º semestre em Administração de Empresas.

As horas vão passando, e lá estão os quatro jovens, cada um querendo mostrar sua capacidade, querendo se fazer merecedor da vaga. Mas em uma situação dessas, não pode-se prever nada, pois cada um quer dar o seu melhor, elaborar suas respostas, dizer o que acredita ser mais conveniente, uns querendo impressionar com seu vocabulário, outros simplesmente respondendo objetivamente. Eis que vem aquela velha pergunta de um dos examinadores: “Onde espera estar daqui a 5 anos?” E vem aquela resposta que parece ter sido decorada do manual do candidato, e ainda respondida com o candidato todo cheio de entusiasmo: “Espero estar em seu lugar!”. Entendemos o jovem, quis mostrar-se ambicioso, que não tem medo de desafios, mas será que aquele era o momento, será que a “atmosfera” ali estava favorável? Onde está sua sensibilidade social? Em que momento sentiu realmente que aquele era o momento para dar uma resposta tão óbvia dessas, daquelas que lemos nessas revistas que contam histórias de sucesso como a de “um dia” o office-boy da empresa, hoje Diretor Geral da mesma, disse isso ao seu superior?!

Após esse episódio, chega a hora daquela corriqueira dinâmica onde o mundo vai acabar e você escolhe quem salvar! Vai dizer que nunca passou por esta?! Aí começou a maior discussão, aquele “zum-zum-zum”! Um querendo mostrar que tinha mais conhecimento da vida de uma celebridade que o outro, gastando seu extenso vocabulário para argumentar, (e impressionar!), mas esqueceram do principal, de interpretar o que realmente os examinadores queriam saber com aquilo tudo! E em meio à discussão, deixaram-se levar por argumentos de um outro candidato, apenas que soube impor-se melhor e mais convincente que eles!

Bingo! Os testes acabaram!

E adivinhem, quem vocês acham que ficou com a vaga?! Digo que foi esse rapaz que me contara a história toda, o “asarão”, o único que ainda nem havia terminado seu curso superior! E vocês se perguntam: “Porquê essa escolha?!” Simples, ele mostrou o algo mais, algo que a universidade não pôde ensinar aos outros três candidatos! Ele conseguiu mostrar sua essência, identificou o seu diferencial perante os demais e fez disso seu ponto forte. E isso sempre tem que ser nossa principal arma, nossa essência, isso ninguém nos ensina, ninguém nos tira, isso é nosso, e somente nós mesmo podemos saber a melhor forma de usar!

Não me interpretem mal, não falo para deixarem os estudos. Estude, forme-se, continue estudando sempre, sempre adquirindo mais conhecimento, mas não esqueça de viver, de ser quem você é, de encontrar sua essência e deixar que as pessoas a conheça também. Que você não seja rotulado por sua formação, mas pelo o que você tem de diferente, pelo o que você soma à sua formação. Pelo o que já fez, e pelo o que ainda poderá realizar.

Não seja simplesmente mais um em meio à multidão!

Este mesmo rapaz ao terminar de contar essa história, me falou sobre o “preconceito” quando decidiu cursar Administração. Seus pais, pessoas próximas, questionaram sua escolha, dizendo que quem fazia Administração era sempre quem estava em dúvida no que cursar, quando a pessoa não sabia o que fazer. E foi então que ele respondeu o que acabei de citar anteriormente, ele respondeu que poderia se formar com mais mil alunos, mas que ele tinha consciência que tinha que ser diferente, e podia ser. Que conhecia sua essência, sua capacidade, e que acreditava que poderia fazer acontecer.

Usando essas palavras como incentivo, vá em frente, encontre seu diferencial, ache em você sua real essência, e ponha sempre seu coração em tudo que fizer, procure sempre fazer mais e melhor, você é a única pessoa que pode realmente fazer acontecer. Muitos tentarão te colocar para baixo, te fazer sentir-se menor, mas lembre-se, antes de qualquer coisa, acredite mais em você, se valorize, você é o único responsável por seu sucesso!