UMA VISÃO SOBRE OS TRAÇOS HISTÓRICOS DA PARAÍBA

Francisco de Paula Melo Aguiar

Os traços da humanidade, provém da bravura de homens.

Jonh Brucce

Pela simples leitura de “TRAÇOS DA HISTÓRIA DA PARAIBA”, da autoria de João Ribeiro Filho, nos leva a relembrar a história da ocupação e colonização do território paraibano, antes, durante e depois, envolvendo as tribos indígenas, os colonizadores e exploradores, do século XVI ao século XX. São apenas sete capítulos onde o autor descreve pormenorizadamente, os acontecimentos e sua historicidade de modo inequívoco, prova maior de quem realmente leu e entendeu o que leu, passando assim para as novas gerações sua visão literária e histórica de cada acontecimento, desde “As vertentes Históricas da Paraíba”, são diversas, dentre as quais a História de João Pessoa no traço de Cristóvam Tadeu¹, que só vem corroborar por analogia com o relato simplificado sobre “O Forte de São Felipe e de São Tiago”, ato continuo enfoca “A descrição de Elias Herckmans”, geógrafo, cartógrafo e escritor neerlandês que nasceu em 1596 e faleceu em Recife/Pernambuco, em 8 de janeiro de 1644, que exerceu a função de diretor da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais e governou a Capitania da Paraíba no período de 1636 a 1639, segundo informa José Antônio Gonsalves de Mello (editor). In.: Fontes para a História do Brasil Holandês (2a. edição). [S.l.]: CEPE – Recife, 2004. 376 p. bem como cita que “A cidade começou a ser construída”, em se referindo a Capital da Paraíba naqueles tempos, simplifica seus argumentos mencionando que “Era muito difícil, a vida na Capitania no ano de 1591”, quando deixa de lado a historicidade da Paraíba para visualizar “A colonização do Rio Grande do Norte”, e assim chega “O começo do século XVII”, enfatiza e politiza os acontecimentos sobre “A guerra entre a Espanha e Holanda”, sem titubear em seus argumentos fala sobre “A fuga dos holandeses”, e continua dando vida aos acontecimentos dos mais importantes do século XVII no território paraibano, ex-vi “O sítio a Cabedelo” e simplifica com ar de historiador maduro sua visão quando vislumbra tudo “Com base nos termos do Edital”, finalizando assim o primeiro capítulo.

O segundo capítulo é além de importante muito curioso, pois tem inicio com “Estes fatos levaram os Holandeses”, quando determina que foi “No ano de 1640”, que foi “Expulso os Holandeses”, menciona “O começo da colonização”, cita que “A guerra foi feroz”, diz ainda que “O século XVIII começou com o governo de Francisco de Abreu”, tem continuidade “A colonização da Paraíba”, faz uma modesta exposição sobre “A situação da Paraíba no ano de 1710”, em seguida cita “O Governador João da Maya da Mata”, resume que “A Paraíba enfrentou no século XVIII profunda crise”, que por analogia ao pensamento do escritor francês Jean de La Bruyère, observando dizeres de seus contemporâneos de 1657, “não diziam: O século é rude, a miséria é grande, o dinheiro está raro”, embora em outras circunstancias, de modo que o autor descreve tudo “No começo do século XIX”, aquilo que foi “Os encargos e imposições”, determinadas contra a nossa província e até porque “A Paraíba começou a ser governada”, diante de tais circunstancias e finaliza o referido capitulo com “A história nos ensina”, como se quisesse afirmar que a vida nos ensina a viver e a escrever a nossa própria história no momento em que os fatos acontecem.

Pela leitura do capitulo terceiro, nos deparamos com “a história dos grandes acontecimentos do mundo não é mais do que a história dos seus crimes”, na visão do filósofo e romancista francês Voltaire, portanto, aplicável a nossa historicidade nacional, regional e local, de modo que “A reação sangrenta contra a república de 1817”, no faz chegar “A Paraíba na constituinte”, é citada envolvendo “Os fatos políticos sociais”, bem como “A nova ordem política no ano de 1840”, quando faz um retrocesso cronológico para contar “A vida constitucional entre o ano de 1825 e o de 1840”, época do inicio do fim do Período Regencial no Brasil, momento que antecederam a gestão do Imperador Pedro II, ex-vi “A Paraíba no passado se identificou com Pernambuco”, histórica e socialmente falando, isso aconteceu no passado e ainda continua acontecendo com o presente o que nos leva a crer que o escritor inglês Aldous Huxley, em outro cenário tem razão ao afirmar de que “o charme da história e sua lição enigmática consiste no fato de que, de tempos em tempos, nada muda e mesmo assim tudo é completamente diferente”, em sendo aplicado a nossa historicidade provinciana desde seus primórdios. Descreve ainda, “A revolução de 1848 e o segundo império”, na Paraíba, quando em 1869 recebe a visita oficial do Imperador Dom Pedro II, que visitou a Capital, Mamanguape, Pilar e Santa Rita. Em seguida referencia o envolvimento do Brasil com “A guerra do Paraguai”, iniciada em 1865. Cita ao seu modo “O quebra quilos e a razão da revolta que não teve explicação”, faz uma pequena demonstração sobre “A demografia paraibana mostra”, finalizando o capitulo três com “O movimento absolutista nos últimos dias do império”, isto é do segundo Império Brasileiro.

O autor inicia o capitulo quatro citando “A Paraíba e a República”, o que demonstra que 15 de novembro de 1889 já é outro dia na visão da ideologia do povo, enfoca “O Governo Provisório e a Constituição de cinco de agosto”, afirmando que “O estado constitucional a partir de 1893”, descreve ainda “A Paraíba e a Religião”, e bem assim “O homem de ontem e de hoje”, descreve “O senhor José Peregrino de Carvalho no Governo da Paraíba”, cita dentro de sua visão ideológica “A sucessão de João Machado”, bem como “O senhor Antônio Pessoa no Governo da Paraíba”, descreve igualmente “O general Camilo de Holanda”, enfoca “O Dr. Solon de Lucena”, que foi professor do Liceu Paraibano e Governador do Estado, trás para o cenário da historicidade paraibana do tempo dos coronéis e voto de cabresto “O governo do Dr. João Suassuna”, a campanha política de alianças com os coronéis que levou “O ministro João Pessoa”, a governar a Paraíba, desfila ainda citando “A situação Nacional”, o envolvimento ideológico partidário “A luta entre liberais e perrepistas”, ato continuo logo após o assassinato em 26 de julho de 1930, do Presidente João Pessoa no Recife pelo advogado João Dantas, onde a comoção popular vela “O corpo do presidente na catedral” de Nossa Senhora das Neves, na Capital da Paraíba, quando “No dia 03 de outubro 1930”, eclodiu a Revolução de 1930, em seguida o “suicídio” de João Dantas e de seu cunhado Augusto Moreira Caldas, na Casa de Detenção do Recife, além do mais “A situação política da Paraíba” e bem assim “A situação militar no Sul”, onde a Paraíba, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, formam a Aliança Liberal, depõe o governo central e dá posse a Getúlio Vargas, chefe da revolução de 1930, como Presidente da República. A revolução de 30 é recontada na versão do filme “Parahyba Mulher Macho”, 1983 de Tizuka Yamasaki², que ludicamente incorporamos ao presente trabalho por mera semelhança aos fatos aqui contados.

É verdade que a vida nos ensina enquanto a escola doméstica nos educa, o capítulo 5, descreve com propriedade à luz do conhecimento social e antropológico com caráter histórico do autor os temas: “O Governo de Getúlio Vargas”, aquele que foi a mãe dos pobres e ao mesmo tempo o pai dos ricos no país durante sua ditadura de quinze anos de gestão sem confirmação eleitoral de qualquer espécie e sem ouvir ninguém, de modo que “O êxito da revolução do nordeste”, como popularmente ficou conhecida a revolução de 1930 em nossa historiografia, ex-vi o assassinato de João Pessoa, logo após a derrota de Getúlio Vargas e João Pessoa nas urnas para Presidente e Vice Presidente da República, onde o passional se mistura com o foco político e o emocional divide a nação entre “Liberais”, representados pela oposição revolucionária e “Perrepistas”, representados pela situação acusada de ter patrocinado através do coronelismo nordestino, representado por João Dantas, o assassino do então Presidente (nome dado na época a quem era governador de Estado) João Pessoa. Nos informa também de que todos os governadores dos Estados do Brasil foram destituídos e colocados em seus lugares seus homens fies, o que aconteceu igualmente na Paraíba que passou a ser governada por um interventor federal, isso é por alguém que não teve o batismo eleitoral nas urnas livres à luz da vontade popular, é justamente o que enfoca em “O novo governo nomeou para Interventor da Paraíba o revolucionário Antenor Navarro”, que foi sucedido segundo a história contada em “O interventor Gratuliano de Brito”, que igualmente foi substituído pelo “O interventor Dr. José Mariz”, que “O interventor Argemiro de Figueiredo”, o sucedeu na gestão paraibana, que temporariamente foi substituído pelo “O interventor Antônio Galdino Guedes”, que foi sucedido pelo “O interventor Rui Carneiro”, amigo pessoal do então Presidente Getúlio Vargas, que entregou para “O interventor Samuel Duarte”, que foi nomeado para seu lugar “O interventor Dr. Odon Bezerra” e finalmente substituído pelo “O interventor José Gomes da Silva”. Todos os interventores eram homens ligados as elites e oligarquias nordestinas e paraibanas, até então.

Restaurada a democracia no Brasil, a Paraíba também foi democratizada, ex-vi o capítulo 6 da obra citada, depois de quinze longos anos da Ditadura Vargas, de modo que “O governo do Dr. Osvaldo Trigueiro”, confirma como sendo o primeiro governador eleito democraticamente na Paraíba depois do período pós ditadura, “O governo José Targino”, o substituiu e que entregou a chefia da Paraíba para “O governo Dr. José Américo”, que foi substituído temporariamente, ex-vi “O governador João Fernandes”, que igualmente repassou a gestão para “O segundo governo José Américo de Almeida”, que teve como sucessor “O governo do Dr. Flávio Ribeiro”, mediante pacificação política entre os antigos adversários e coronéis remanescentes da Aliança Liberal e do PRP – Partido Republicano Progressista, protagonistas do cenário da Revolução de 1930, fim da República Velha e que deu lugar a República Nova, via o sistema de ditadura civil, tendo sido efetivado no cargo o vice “Dr. Pedro Gondim”, tendo em vista o estado moribundo do titular que culminou com sua morte, o que o fez não governar a Paraíba como desejaria. Diante da legislação da época, Pedro Gondim teve que renunciar para concorrer à reeleição de governador, tendo como sucessor temporário “O governo do Dr. José Fernandes”, então Presidente da Assembléia Legislativa da Paraíba, de modo que veio o “Segundo governo do Dr. Pedro Moreno Gondim”, pessoa carismática, quando no final de seu governo os militares brasileiros deflagraram a ferro e a fogo a Revolução de 1964, onde a Paraíba elegeu o último governador pela vontade popular em 1965, teve inicio “O governo do Dr. João”, que teve como sucessor direto e eleito pelo Colégio Eleitoral, “O governo do Dr. Ernani Sátiro”, que igualmente escolheu indiretamente “O governo do Ivan Bichara”, que foi substituído em “O governo do professor Dorginal Terceiro Neto”, quando elegeu via o Colégio Eleitoral “O governo do Tarcisio Buriti”, afilhado político do ex-ministro e ex-governador José Américo de Almeida, com a conveniência do Governo Militar e a bênção das oligarquias via seus coronéis da várzea ao sertão paraibano. De modo que teve como sucessor temporário “O governo do Dr. Clóvis Bezerra”, político e vice governador de então. Terminada a ditadura militar brasileira, o povo elegeu “O governo do Dr. Wilson Braga” e que “O governo do desembargador Rivando Bezerra Cavalcanti”, concluiu a gestão administrativa daquele período. O povo democraticamente elegeu o “Segundo governo do Dr. Tarcisio Buriti”, que foi sucedido pelo “Governo do poeta Ronaldo Cunha Lima”, até então seu “correligionário”, cujo governo foi concluído temporariamente pelo “Governo do Dr. Cícero Lucena”, vice governador em exercício.

Os “Traços Históricos da Paraíba, na visão de João Ribeiro Filho, enfocam no capítulo sete, “A segunda parte”,de sua pesquisa acadêmica, e quase que cronologicamente desenvolve vários temas, como “A economia da Paraíba começou com a exploração do pau Brasil”, o que justificam “As raízes de Portugal e da mãe África”, cita ainda “O sumário da armada”, descreve simbolicamente “A Paraíba Colonial” do Estado Português, capitula sua historicidade e registra em “O Liceu Paraibano”, os fatos educacionais mais importantes daquela época em nossa província, chegando a citar “Meu primeiro exame”, não fecha os olhos sobre “O Nordeste e a seca de 1877”, disserta sobre as origens dos nomes dos lugares em “Os topônimos na Paraíba”, menciona o problema da locomoção de pessoas e mercadorias em “A humanidade caminhou quase seis mil anos a pé e no lombo de animais”, quando isso era a única maneira e tecnologia mais adotada e que unia povos, como por exemplo, o próprio salvador do mundo, Jesus, Maria e José, usaram o transporte animal, ex-vi o jumento e sua historicidade contada na Bíblia Sagrada, então não poderia ser diferente os meios de transportes para o resto do mundo, ou seria a pé, em canoas e barcos modestos e ou via lombos dos animais. E “No começo da colonização, tudo na Paraíba também era assim, quando terminam os períodos colonial e imperial, com o advento da proclamação da República em 15 de novembro de 1889, surge o período que chamou-se de “A Velha República”, com suas modalidades eleitorais para preenchimento de cargos, ex-vi “Ata da junta apuradora”, contendo “O texto da ata acima transcrito mostra”, bem como o compromisso dominante e presente em “A Elite Paraibana”, quando também passa a descrever com igual propriedade de conhecimentos dos atos e dos fatos sociais e históricos, enfocando “A vida do funcionário público na Paraíba de antanho”, inclusive usa as terminologias lingüísticas e culturais daqueles tempos provincianos e da terra dos tabajaras. Com riquezas de detalhes descreve em seus traços, desenhos e ou riscos, não sobre o chão que nos é comum, mas “As grandes festas na Paraíba”, até então tendo como participantes apenas o clero, a elite intelectual e o coronelismo iletrado quase em sua totalidade. Desenvolve e quase transforma em um simulacro realístico quando descreve “O Pátrio Poder”, sem qualquer tipo de esquecimento memorialista concretiza o que menciona em “A Transcrição do texto acima”, conta o que leu e praticamente no que visualizou em “Os voluntários da Pátria”, diante de tamanha bravura cívica nacionalista, retrata e fotografa em sua historicidade “O comportamento de uma época”, que já não existe mais entre nós, porém, em “O Cronista na história de um povo”, embora que eram poucos os meios de comunicações em nossa província, seus relatos são primitivos e também de valor semântico, lingüístico e histórico insubstituíveis ao seu tempo, porque se assim não fosse jamais saberíamos de sua existência, diante do fato de não existirem outras fontes tão preciosas para que as novas gerações deles tivessem conhecimentos, um exemplo disso encontra-se em “As festas das Neves”, a luta e a coragem presente do querer ser em “Caixeiros e estudantes”, uma espécie de luta entre o trabalho e os estudos, forças indispensáveis para o desenvolvimento pessoal e empresarial de nossa gente. O autor também cita com propriedade de conhecimento e ciência própria o caso “O Lente Jubilado”, retrata em seus traços a importância geográfica e historiográfica das cidades de “Pilar e Itabaiana”, para o desenvolvimento e colonização da Várzea do Paraíba, levando-se em consideração a visita em 1869 do Imperador Pedro II. Aponta também “A Medicina na Paraíba”, que nos parece importante mencionar que “é parte da cura o desejo de ser curado”, ex-vi Sêneca, bem como em “No fim do século XIX e no começo século XX”, sucintamente conta os acontecimentos e fatos mais importantes para a historiografia paraibana e finaliza sua obra quase que transcrevendo “A divisão territorial da Paraíba”, nos mínimos detalhes ainda hoje aceitos.

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¹ http://g1.globo.com/pb/paraiba/jpb-1edicao/videos/t/edicoes/v/a-historia-de-joao-pessoa-no-traco-de-cristovam-tadeu/2737060/

² http://www.youtube.com/watch?v=eXLJyyzsB_4

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 20/12/2013
Reeditado em 05/08/2023
Código do texto: T4619594
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