DEMAGOGIA E DEMAGOGO

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

Demagogia é usar o passado para absolver os responsáveis pelo presente.

Wole Soyinka

A origem etimológica da palavra demagogia vem do grego: “demos”, igual a “povo”, mais “agein”, igual a conduzir. O que significa assim a arte de conduzir o povo, via uma liderança religiosa, política, sindical, etc. Assim sendo, com o decorrer do tempo e diante a vigarice de lideres políticos, religiosos, sindicais, etc., o termo demagogia, paulatinamente foi adquirindo o sentido pejorativo, pois, passou a significar como sendo a habilidade para enganar o povo em sentido político, religioso, sindical, profano, etc., como acontece na atualidade nos quatro cantos do mundo civilizado ou não. É a maneira fraudulenta de conquistar e se manter no poder das instituições manipuladas por pessoas de conduta demagógicas, conforme Karl Kraus nos ensina ao afirma que “o segredo do demagogo é de se fazer passar por tão estúpido quanto a sua platéia, para que esta imagine ser tão esperta quanto ele”. Lembramos de que o político profissional que faz demagogia, pura e simples em suas campanhas eleitorais para manipular o eleitorado e quando sai vitorioso, atinge o poder político em termos de gestão administrativa: federal, estadual e municipal. Na realidade o demagogo resolve tudo no tempo da campanha política, engana o povo eleitor, as promessas ficam no ar, depois das eleições, a promessa fede no nariz do povo, porém, não incomoda. Ele o demagogo vai levando o povo com promessa disso, promessa daquilo, sempre está certo, se declara honesto mais que todo mundo, está fazendo projetos e mais projetos, que a culpa é de fulano e de beltrano que não liberou o dinheiro em termos de verbas, etc. o demagogo e seus seguidores ficam inventando história de todo naipe para o povo continuar aguardando as novidades e realizações de sua administração, como se tudo fosse resolvido em um passe de mágica. Na realidade, o demagogo é uma pessoa em geral, bem falante e tem como recurso principal para fazer o povo enquanto eleitorado, promessas falsas, proselitismos, artimanha para conseguir realizar seus instintos bipolares de condutas diversas: umas para fazer a campanha político e outras para governar segundo as suas aspirações pessoais, grupais e familiares. Todas as promessas feitas durante e depois da campanha, são meras ficções eleitorais, pois, o demagogo sabe mais que ninguém de que suas promessas são impossíveis de ser realizadas na face da terra e muito menos se ele optar pela corrupção do erário, através da contratação via licitação viciada e ou dirigida. É de vaca não reconhecer bezerro para desmamar. Eis que Aristóteles, filósofo grego (384 a.C. – 322 a. C), afirma que “a turbulência dos demagogos derruba os governos democráticos”. Daí porque, o demagogo no fundo é uma pessoa boazinha, porém é um cínico da pior espécie, encontrado em qualquer época da historicidade da civilização humana em qualquer continente da terra. E até porque o demagogo do alto de sua arrogância, jamais e ou nunca tem como lema em seus objetivos gerais e específicos, enquanto profissional da política, aquilo que chamamos de sã consciência com sendo o bem comum e ou público, daí porque usa metodologias de manipulação da população dizendo que faz e vai continuar fazendo o bem comum para o povo humilde e necessitado em seus discursos improvisados, porém, concatenados de ranços e ódio contra o povo, eis que ele procura assim abusar da credibilidade popular, haja vista que ele precisa satisfazer os seus interesses econômicos e transforma-se em um profissional da política e ou político carreirista. Que usa dessa artimanha e ou cultura fundamentada nos princípios da demagogia, tem uma falsa liderança, bem como se constitui como sendo uma grande e ou maior ameaça ao sistema democrático. E a coisa fica ainda mais preta quando “com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”, no dizer de Joseph Pulitzer. Tem gestores que fazem de tudo para manipular a imprensa, via seus meios de comunicação: televisão, rádio, jornal, internet, redes sociais, etc, para manter o povo manipulado, com a cabeça feita e sempre acreditando nos meios de informações que é vendia ao demagogo para afirmar em seus programas que ele é a melhor pessoa e gestor do mundo. É por isso que Geraldo Fonseca, menciona que “quem ama o poder, transpõe montanhas para conquistar o prazer, mas não dá um passo despretensioso pelo irmão, pois, tal condição exige o poder de amar”, e isso o demagogo não tem em sua áurea da conduta pessoal, espiritual e política, onde o referido escritor conclui afirmando de que

“O demagogo é uma rodovia barata por onde transitam os tolos, até que os buracos desmascarem sua efêmera suntuosidade”. E isso é visto a olho nu em qualquer gestão em qualquer parte do mundo, quando falta tudo para atender as pessoas necessitadas em suas necessidades básicas. Vejam que tem lugares do Brasil e do mundo que falta tudo, inclusive comida e água potável. Isso tanto no chamado polígono da seca, quando nos grandes centros, a exemplo do ocorre nas favelas de São Paulo e do Rio de Janeiro, dentre outros grandes e pequenos centros urbanos e ou localidades rurais. E isso é secular na realidade brasileira, primitivamente denunciada pelo médico, diplomata, nutrólogo, professor, geógrafo, cientista social, político, escritor e ativista Josué Apolônio de Castro, conhecido mundialmente como Josué de Castro, nascido em 05 de setembro de 1908, no Recife, Estado de Pernambuco e que faleceu em 24 de setembro de 1973, em Paris, Capital da França, no Continente Europeu. José de Castro escreveu o único romance: “Homens e caranguejos”, onde ele narra modo de viver ou a história da vida de um menino pobre que começa a descobrir o mundo, onde se depara com a miséria e lama do mangue. É uma denuncia social, precursora do trabalho infantil brasileiro, onde as brincadeiras da infância, segundo o romance citado, são trocadas pelo duro trabalho nos manguezais. E ele em sua denuncia social, vai muito mais longe, pois, narra como percebeu e descobriu o fenômeno da fome e o fenômeno social como criação do homem e sua força social, além de mostrar a realidade de uma comunidade imprensada entre as estruturas: agrária feudal e capitalista, cenário realista até hoje ainda existente no Nordeste brasileiro, onde a omissão do poder político, via a demagogia de seus gestores: federal, estadual e municipal, sem qualquer tipo de integração e que continua a séculos vegetando do Império a República Federativa do Brasil sempre às margens da sociedade. Em “Geografia da fome: o dilema brasileiro: pão ou aço, publicado em 1952 e que já foi traduzido para mais de 25 (vinte e cinco) idiomas, onde o referido ensaio enfoca o fenômeno da fome generalizada, voltado principal para o Continente Americano e o Brasil tem atenção especial, bem como sua visibilidade é possível tendo em vista a globalização e o uso das novas mídias de cujo tecnológico, onde a tecnologia faz tudo e ainda não aprendeu fazer comida e água para o povo carente da face da terra. E em “A festa das letras”, o médico Josué de Castro, intelectual de proa em parceria com a poetisa Cecília Meireles, afirmam de que a referida obra é um pretexto agradável para chegar até as crianças, com revestimento e encantamento. E isso não é demagogia, é realidade, muito diferente do comportamento adotado pelos chamados políticos profissionais do Brasil e do mundo. É um exemplo de se fazer democracia ou escolhas de formas livres, através da pedagogia da libertação do ser humano, quanto maior for o nível de letramento do povo, maior será o nível de combate do povo a todo e qualquer gestor e ou regime demagógico.

O pensador Ralph Emerson, por analogia, tem razão ao dizer que “deviam parar com a demagogia sobre as massas. As massas são rudes, sem preparação, ignorantes, perniciosas em suas reivindicações e influências. Não precisam de lisonjas mais de instrução”. O povo analfabeto é fácil de ser manipulado e de vender seu voto em tempo de eleição a qualquer nível. O político demagogo não importante como comprar a atenção e o voto do eleitor que diante da desesperança via a corrupção de seus lideres políticos, lhe falta comida e bebida para si e para seus animais no sertão e na cidade. E a escritora Tamara Santu, tem mais que razão quando afirma que o povo precisa de “Mais Pedagogia e Menos Demagogia”. Os falsos lideres, considerados demagogos, usam e abusam com todas as armais desleais para conquistar o poder e fazer dele o que bem entende fazer, onde só o povo politicamente maduro, que sabe lê e escrever, tem capacidade de defender-se da demagogia, para extinguir esse germe do poder político em todos os níveis da gestão direta e indireto do Brasil e do mundo.

Podemos considerar que para livrar o povo, enquanto massa, de ser enganado por demagogos em vésperas de eleições, se faz preciso adotar o princípio de Abraham Lincoln, nasceu em 12 de fevereiro de 1809, em Hodgenville, Kentucky, Estados Unidos e foi assassinado em 15 de abril de 1865, segundo sua historiografia, foi o 16º Presidente dos Estados Unidos da América, cargo exercido do dia 4 de março de 1861 a 15 de abril de 1865, foi um líder extraordinário, pois, preservou a União Nacional e aboliu a escravidão, além de resolver o maior conflito interno de sua história que ficou conhecido como a Guerra Civil Americana. É importante dizer que ele era filho de pais pobres e criou-se na fronteira oeste dos Estados Unidos da América, ainda hoje é considerado um dos maiores lideres do mundo e seu principio lema é o seguinte: “é possível enganar sempre uma pessoa; é possível também enganar uma vez a todos, mas o que é impossível é enganar sempre a todos”. É evidente de que a demagogia se tornar um vicio tão terrível como o jogo de azar, da loteria e ou do bicho, como o uso de drogas lícitas e ilícitas. E somente é possível evitar que a demagogia tenha vida longa em todos os setores da sociedade, se ainda na vida escolar, os jovens sejam orientados no sentido de defender seus pontos de vista, os interesses do grupo, jamais ser omisso, porque a “omissão é pior do que a participação demagógica”, no dizer de Raimundo Grossi. Devemos ir a luta para defender os nossos objetivos e torná-los realidade. Foi assim que Tiradentes, o Mártir da Independência, renunciou sua própria vida para não ser omisso, pois, “não há pior que conviver com puritano demagogo, com altruísta covarde ou santificado que só reza para outros pensando só em si e auto -divulgando-se redentor”, no dizer de Leo Poeta. Somente assim o povo, a começar de sua juventude saberá distinguir o verdadeiro do falso líder e aprenderão direta e indiretamente a execrar a tipologia política demagógica, descobrindo assim suas manias, truculências e manobras ardilosas, pois, somente assim serão verdadeiros animais políticos, no dizer de Aristóteles, preparando-se desde a Educação Básica a Educação Superior, para exercer integralmente a vida política federal, estadual e municipal, sem alienação e ou demagogia barata, purificando a democracia de suas diversas contrafações, dentre eles a demagogia institucionalizada pelos portadores de cargos públicos do Presidente da República ao edil e ou vereador municipal, caso contrário,

“a única verdade é que continuaremos a mentir. E, demagogos que somos, continuaremos a exigir honestidade do mundo”, por analogia ao pensamento de Rodolfo Viana.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 04/01/2014
Código do texto: T4636655
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