Não queria que meus filhos crescessem

Um amigo me disse que quando sua filha era muito pequena, ele ficava impaciente torcendo para que o tempo fosse acelerado para que ela crescesse logo. Deste modo, poderia ter conversas, digamos assim, mais maduras com ela.

De minha parte, adorei a tenra idade dos meus dois filhos e ficava pensando se eles não podiam permanecer pequenos para sempre. Realizamos grandes combates com travesseiros e, como em toda guerra, havia sempre pessoas machucadas, inclusive eu mesmo. Mergulhamos fundo em histórias maravilhosas, de Victor Hugo até a mais bela delas: a de Jesus. Era tudo mágico. A cada dia uma experiência, um espanto, uma descoberta. Pena que acabou. Meus filhos já estão quase na adolescência e já temos diálogos sérios sobre coisas desagradáveis como política e violência.

O mundo das crianças é maravilhoso. Não à toa Cristo afirmou que só poderíamos ir ao céu se fôssemos como uma delas. Há divinos mistérios nelas. João Batista saltou no ventre de sua mãe quando Maria, que estava grávida de Jesus, se aproximou. Como aconteceu isso? A Bíblia afirma que Deus tira de crianças de peito o perfeito louvor! De que forma? As crianças possuem imaginação, paixão e uma fé inabalável no transcendente. São sinceras e não guardam rancores. Há nelas uma centelha divina muito forte, que vai se apagando com o tempo.

Por sua vez, os adultos não são nada atraentes. Quase sempre apresentam desculpas esfarrapadas para seus pecados, são interesseiros, incrédulos, guardam mágoas por anos a fio e não cumprem as promessas que fazem, seja para Deus, sua família ou para si mesmos. Como disse um filósofo, são como poetas medíocres que sempre procuram rimas para seus versos, estão sempre a procura de justificativas que se encaixem em seu modo de vida.

Bem, minha vida perdeu muito do encanto desde que meus filhos cresceram. Mas, o problema em breve será resolvido. Minha mulher está grávida. A magia vai começar novamente...