As 10 estratégias de manipulação usadas pela mídia, segundo Noam Chomsky

Elaborada pelo linguista e filósofo americano Noam Abraham Chomsky (Filadélfia, EEUU, 1928). O texto a seguir foi traduzido do original em espanhol escrito por Rodolfo Walsh (http://www.revistacomunicar.com.pdf/noam-chomsky.lamanipulacion.pdf) que, ao final de seu artigo, recomenda: “Haga circular esta información”.

As 10 estratégias de manipulação usadas pela mídia.

1. Estratégia da distração. Elemento primordial que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites política e econômica, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes.
Trata-se de estratégia indispensável para impedir que o público se interesse por conhecimentos essenciais, nas áreas da ciência, economia, psicologia, neurobiologia ou cibernética. Cita trecho de ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’: “Manter a atenção do público distraída, afastada dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar”.

2. Criar problemas para depois apresentar soluções. Este método é também chamado de “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma ‘situação’ prevista para causar certa reação no público, a fim de que o próprio público demande pelas medidas que desejamos que ele aceite. Por exemplo: deixa-se que se desenvolva e se intensifique a violência urbana ou que se promova a organização de atentados sangrentos, para que o público passe a pedir por leis de segurança rigorosas e por políticas, mesmo que sejam prejudiciais à liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para que as pessoas aceitem como um mal necessário o retrocesso de direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3. Estratégia da gradualidade. Para fazer com que se aceite uma medida ‘inaceitável’ basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante a décadas de 1980 e 1990: estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguravam vida decente, ou seja, tantas mudanças que haveriam provocando uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4. Estratégia de retardar, deixar para depois. Outra forma de tornar aceitável uma decisão impopular é a de apresentá-la como ‘dolorosa e necessária’, obtendo sua aceitação pública no momento, mas para aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque o esforço não é exigido ‘para agora’ e logo porque a massa tem sempre a tendência de esperar ingenuamente que ‘tudo vai melhorar amanhã’ e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para se acostumar com a ideia de mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.

5. Dirigir-se ao público com se fossem crianças. A maior parte da publicidade dirigida ao grande público faz uso de discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos da debilidade, como se o espectador fosse uma criancinha ou um deficiente mental. Quanto mais se busca enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? Cita trecho de ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’: “Se nos dirigimos a uma pessoa como se ela tivesse doze anos ou menos de idade, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá com certa probabilidade a uma resposta ou reação desprovida de sentido crítico tal como uma criança com doze anos ou menos de idade”.

6. Utilizar o aspecto emocional muito mais do que a reflexão. Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e no sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir uma porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar ideias, desejos, medos, temores, compulsões ou induzir comportamentos.

7. Manter o público na ignorância e na mediocridade. Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sujeição. Cita trecho de ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’: “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que não lhes seja possível alcançar o padrão educacional das classes sociais superiores”.

8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade. Levar o público a crer que é moda ser estúpido, vulgar e inculto.

9. Reforçar a autoculpabilidade. Fazer crer ao indivíduo que somente ele é o culpado por sua própria desgraça, por causa de sua pouca inteligência, de sua falta de capacidade e de seu esforço insuficiente. Assim, ao invés de se rebelar contra o sistema econômico, a pessoa se desvaloriza e culpa a si mesma, o que gera um estado depressivo que inibe sua ação. E, sem ação, nada muda.

10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem. No transcurso dos últimos 50 anos os acelerados avanços da ciência geraram uma distância crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o ‘sistema’ desfruta de um conhecimento avançado do ser humano, tanto física com psicologicamente. O sistema consegue conhecer o indivíduo melhor do que ele se conhece a si mesmo. Isto significa, na maioria dos casos, que o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior até do que dos indivíduos sobre si mesmos.
 
Para obter o texto de "Armas silenciosas para guerras tranquilas" acesse:
https://docs.google.com/file/d/0Bzxi324UZCsca1ZWb2FsRzZyVFE/edit