ALEMANHA 7 X 1 BRASIL

ALEMANHA 7 X 1 BRASIL

Por Aderson Machado.

A princípio devo dizer que não sofri quando o Brasil perdeu a Copa do Mundo, dentro de casa, em 1950 – afinal não era nascido ainda -, como não me alegrei quando a nossa Seleção tornou-se bi-campeã mundial, em 1962, pois era um garoto que não entendia nada sobre futebol. Por outra, morava na zona rural, onde os meios de comunicação eram precários, sendo o velho rádio o único meio de comunicação predominante. Pelo menos no lugar onde morava.

Na Copa do Mundo de 1966, aí sim, como já entendia um pouco de futebol, acompanhei a campanha do Brasil através do rádio. Todavia preferia continuar não entendendo de futebol, haja vista que o desempenho da nossa Seleção naquele campeonato foi por demais pífio: ela fora desclassificada logo na primeira fase! Dessa forma, comecei com o pé esquerdo a minha trajetória enquanto torcedor de futebol. Vale lembrar que ainda não era torcedor de nenhum time brasileiro; só torcia pelo Brasil.

Em 1970, a Copa do Mundo no México. E aí a consagração: O Brasil tornar-se-ia tri-campeão mundial, superando o Uruguai e a Itália, ambos com dois títulos mundiais. E daí até agora nenhuma Seleção conseguiu superar a nossa em número de conquistas, já que fomos tetra em 1994 e penta em 2002.

Fazendo uma retrospectiva dos três primeiros títulos mundiais, lembramos que em 1958 o Brasil disputou o título com a Suécia, vencendo-a por 5x2. O Brasil jogou com os seguintes jogadores: Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo. Já em 1962, na Copa do Chile, o Brasil foi bi ao vencer, na final, a Tcheco-Eslováquia, por 3x1. A escalação brasileira foi a seguinte: Gilmar; Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Amarildo e Zagallo. Em 1970, no México, o Brasil foi tri e jogou com a seguinte formação: Félix; Carlos Alberto, Brito, Piaza e Everaldo; Clodoaldo e Gérson; Jairzinho, Tostão, Pelé e Rivelino. Essa foi a Seleção que vi jogar, porquanto foi a primeira Copa do Mundo transmitida pela televisão para o nosso País, ainda que em preto e branco. Mas o futebol apresentado pelo Brasil foi colorido! A propósito, há quem diga que a Seleção de 70 foi a que jogou o melhor futebol. E analisando-se friamente essa questão, fica até difícil se fazer uma contestação.

Com relação às conquistas do tetra e do penta, a história muda de feição. É que, nessas conquistas, o Brasil apresentou um futebol pragmático, isto é, um futebol de resultados. Tanto é assim que o Brasil foi tetra ao vencer a final na cobrança de tiros livres da marca do pênalti. Quer dizer, ganhou na sorte! Quanto ao penta, o Brasil também não apresentou um futebol de encher os olhos. Ganhou jogos com placares apertados, e assim chegou lá...

Depois do penta, e com o futebol cada vez mais globalizado, o Brasil foi perdendo forças. As Seleções do mundo inteiro foram se nivelando. Os espaços dentro de campo foram “diminuindo” em função da forte marcação dos jogadores. Destarte o futebol de conjunto passou a prevalecer, e, ao que parece, a Seleção brasileira não se reciclou à altura, ficando na dependência de talentos individuais, o que não é mais suficiente para se ganhar uma Copa do Mundo. No Brasil ou alhures.

Conforme falei, depois da globalização do futebol as Seleções se nivelaram. E o que é pior: Elas perderam de vez o respeito pela nossa Seleção. Com efeito, nem mesmo as Seleções Sul-Americanas respeitam mais a nossa outrora temível Canarinha! E como agora temos que enfrentar as Eliminatórias para participar da próxima Copa, corre o risco de, pela primeira vez, ficarmos de fora de uma Copa do Mundo!

Pior do que ter perdido por 7x1 para a Alemanha!

Floresta/PE, 07/01/2015.

Aderson Machado
Enviado por Aderson Machado em 07/01/2015
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