JOÃO PAULO II E A ECOLOGIA

José Lisboa Mendes Moreira

A crise ecológica constitui hoje o maior problema com que a humanidade se defronta. Paulo VI, já em 1971, resumiu num pequeno texto a gravidade desse problema: “Por motivo de uma exploração inconsiderada da natureza, o homem começa a correr o risco de a destruir e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação”( Carta Apostólica Octogesima Adveniens, 21).

João Paulo II deu, em várias oportunidades, uma atenção toda especial à questão ecológica. Um dos documentos mais significativos, nesse sentido, foi a Mensagem para o Dia Mundial da Paz, de 1990.

Infelizmente, não se deu divulgação nem a essa mensagem nem a outros importantes pronunciamentos de João Paulo II, que revelam a sua preocupação ecológica.

No intuito de contribuir, embora modestamente, para romper o silêncio sobre o assunto, apresento alguns excertos da referida Mensagem que, sendo destinada ao Dia Mundial da Paz, é também muito adequada ao Dia Mundial do Meio Ambiente, que se comemora em 05 de junho.

Todas as citações feitas abaixo foram tiradas da edição em português do jornal “ L’Osservatore Romano”, de 17 de dezembro de 1989.

“Alguns elementos da crise ecológica revelam de maneira evidente o seu caráter moral.Entre esses elementos tem de se enumerar, em primeiro lugar, a aplicação sem discernimento dos progressos científicos e tecnológicos; (...) algumas dessas descobertas no campo industrial e agrícola, a longo prazo produzem efeitos negativos.”

“De modo análogo sucede que melindrosos equilíbrios ecológicos são profundamente alterados por uma descomedida destruição de espécies animais e vegetais ou por uma desavisada exploração dos recursos; e tudo isto, mesmo quando é realizado em nome do progresso e do bem-estar, não se torna de fato, uma vantagem para a humanidade.”

“Os países em vias de industrialização não podem moralmente repetir erros cometidos por outros no passado, continuando a danificar o ambiente com produtos poluentes, com desflorestações excessivas ou com a exploração ilimitada de recursos que se esgotam .”

“ Por outro lado ( ...) é injusto que alguns poucos privilegiados continuem a acumular bens supérfluos, dilapidando os recursos disponíveis, enquanto há multidões de pessoas que vivem em condições de miséria. A sociedade hodierna não encontrará solução para o problema ecológico se não revir seriamente o seu estilo de vida. Ela mostra-se propensa ao hedonismo e ao consumismo e permanece indiferente aos danos que deles derivam.”

“ A austeridade, a temperança, a disciplina e o espírito de sacrifício devem conformar a vida de todos os dias, a fim de que não se verifique para todos o constrangimento de ter que suportar as conseqüências negativas da incúria de alguns poucos.”

“ São Francisco de Assis, que proclamei, em 1979, Patrono dos cultores da ecologia, dá aos cristãos o exemplo de um respeito pleno e autêntico pela integridade da criação. Amigo dos pobres e amado pelas criaturas de Deus, ele convidou a todos – animais, plantas, forças naturais e até mesmo o irmão Sol e a irmã Lua – a honrarem e louvarem o Senhor.”

José Lisboa Mendes Moreira
Enviado por José Lisboa Mendes Moreira em 05/06/2007
Reeditado em 05/06/2007
Código do texto: T514417