HOMEM DE ESPÍRITO

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o espírito.

Provérbios 16:2

Não faz muito tempo em que sempre ouvíamos os nossos pais e parentes mais próximos em conversas amigáveis acenar em suas falas de que “Fulano de Tal”, que podia ser, por exemplo, o presidente da república, o governador do estado, o prefeito de uma cidade, o vereador “Beltrano”, etc., é um homem de espírito. Comungamos igualmente com o pensamento de que o homem deve ter espírito público e deixar seus interesses pessoais de lado, principalmente porque o homem é um animal político em sua origem, conforme nos ensina assim o filósofo Aristóteles, um dos maiores pensadores da Grécia Antiga, dentre outros pensadores igualmente importantes para a historicidade da própria humanidade. Por analogia, 1º Coríntios, 2:11, afirma: “Pois, quem conhece os pensamentos do ser humano, a não ser o espírito do homem que nele reside? Assim, igualmente ninguém conhece os pensamentos de Deus, a não ser o Espírito de Deus”. Pode ser utopia, porém, sem o espírito nada será possível.

Por outro lado, entendemos que o termo “spiritus” tem origem na Língua Latina, significa sopro e ou forma iterativa de “spiro”, no sentido de soprar. Por outro lado, no sentido etimológico da palavra isso significa o que chamamos de alma. Sim, alma mesmo, termo igualmente originário do latim “anima”, que quer dizer semelhante à palavra grega “ânemos”, que significa vento. Se bem que todos os indivíduos crente e não crentes, acreditam em alguma coisa e ou consciência imediata, in loco, da existência em cada um de nós de um principio interior e individual que dá vida ao nosso corpo e que igualmente dá origem em nós a ações diversas e bem assim atividades inexplicáveis, individual e unicamente envolvendo forças físico-químicas e biológicas de nosso corpo. É aí onde nasce o principio daquilo que costumamos chamar de alma. De modo que para se entender a alma em sua essência, basta observar e ou contemplar um cadáver, ou seja, um corpo sem alma, morto. Assim sendo, faz pouco tem que esse corpo humano ou não, podia ver, não obstante de que os órgãos vitais do referido corpo ainda encontram-se intactos, porém, ele não vê mais, tendo em vista que lhe falta o que chamamos de alma que lhe conferia ou dava a vida. Diante de tal afirmação, podemos dizer que o que chamamos de força, de beleza, de arte, de ciência e bem assim as virtudes foram-se para onde ninguém sabe e/ou para onde foi, a não ser à luz da fé cristianizada, haja vista que eram suas e de mais ninguém. Tudo que o ser humano tem de bom, de ruim, de conhecimento, etc., ao morrer ele não deixa para ninguém, leva consigo para a eternidade no céu e ou no inferno. Tudo igualmente vai virar pó juntamente com o corpo. Assim sendo, o Padre Antônio Vieira (1608-1697), enfoca que resta apenas um corpo inerte, um objeto e ou coisa que se enterra. Na atualidade o corpo pode ser enterrado e ou incinerado, tudo vai depender da cultura do morto e ou de sua família. É por isso que a alma atende a um principio imaterial, pois, depende apenas de um corpo para realizar suas atividades e ou ações, porém, mesmo assim, a alma transcende o corpo, tendo em vista que ela é capaz de fazer ações que jamais um laboratório químico, por exemplo, foi capaz de realizar não obstante os mais renomados pesquisadores portadores dos mais altos conhecimentos científicos e tecnológicos em cada área do conhecimento e ou do saber humano. A alma tem capacidade de realizar, por exemplo, jamais um aparelho por mais sofisticado que o saber humano já inventou, não tem a capacidade de amar, a mais simples idéia abstrata e ou até mesmo o raciocínio. Os seres vivos em geral tem alma e/ou seja, o principio interior do que convencionamos chamar de vida. Não tenham dúvidas de que as plantas, tem alma, ex-vi o desempenho de suas funções vegetais durante o seu período de vida. Todos os animais (racionais e irracionais) tem vida, porque tem a capacidade de desempenhar suas funções animais, sensitivas e bem assim de locomoção. Bem, o homem tem alma que lhe anima e vivifica o corpo em sua essência, daí é capaz de transcender a própria biologia. A alma humana é espiritual, tendo em vista que é portadora das propriedades inexistentes no mundo infra-humano, tais como: a liberdade e a consciência sobre tudo e sobre todos, inclusive de si próprio. E assim “pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e as intenções do coração”, conforme enfatiza Hebreus 4:14.

Diante da historicidade que todas as civilizações dela faz parte e desde a sua origem vem mantendo sempre a grande discussão entre a tensão existente do espírito e da matéria, cuja dualidade continua sempre dividindo radicalmente os homens na face da terra. Na atualidade tal tensão assume, possivelmente uma intensidade, porém jamais atingida, tendo em vista que de um lado existem as pessoas que prezam os valores espirituais, e bem assim do outro lado, existem as pessoas que superestimam direta e indiretamente os valores da matéria. O confronto de tais teorias e ou correntes, segundo os ensinamentos da filosofia, foram com o passar do tempo, transformadas ou traduzidas em ideologias que geram: sangue, guerras e violências nas mais diversas partes da terra. E é isso que Marcos 7:21, nos ensina: “pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios”. Pensem nisso!

Em síntese, a tensão poderá ser reduzida hegemonicamente diante do respeito mútuo e ou da aceitação de uma antropologia que implante e respeite no homem a sua realidade total e indivisível em sua condução humana. Assim sendo, a expressão “um homem de espírito”, significa dizer que alguém é na sua essência capaz de fazer associações inesperadas que geram a administração pública e ou privada, muitas das vezes a comportamento associado a hilaridade, tendo em vista o desejo de fazer o bem comum e ou de fazer o mal comum. De modo que ambos comportamentos, podem ser invocados nas pessoas de Jesus Cristo, representando o bem e de Adolfo Hitler, representando o mal, cujos registros fazem parte da História Universal que a humanidade presenciou calada em toda sua extensão e complexidade, e até porque “o Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal”, segundo diz Provérbios, capítulo 16, versículo 4.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 18/04/2015
Reeditado em 18/04/2015
Código do texto: T5211992
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