ANTES E DEPOIS DE MIM

Não faça dos meus versos uma ladainha, eles não foram escritos com fé.

Se eles fossem puros, seriam rezas, mantras, talvez até uma punição.

Eles foram escritos para provocar a minha própria alma.

Domar o meu espírito.

Não faça dos meus versos iguaria para o corpo.

Se alguns deles, provocarem insônia, desejo, vertígem, fome, repúdio, até mesmo o desejo de amar, aceite-os.

Muitos foram escritos na dúvida, na esperança, na crença da existência, na vontade de ver valer o valor de um sonho.

As minhas palavras são o meu retrato falado, procurado por todos aqueles que buscam algum sentido nas coisas mortas que nos rodeiam.

Não posso esquecer dos que evocam o choro, a saudade, o riso, a beleza dos erros, o humor em acertar o que jamais pensei ser certo.

São temáticos, sem pudor, sem tabus, são verdadeiros como devem ser.

Os sentimentos, os corpos, as camas, as cópulas, os amores, as traições, os desafetos, os materiais, serviram de inspirações a partir das experiências impressas na alma, alojadas no consciente e no subconsciente de todo homem.

Enquanto muitos tentam esconder a sua história, as feridas da alma, a dor derramada nos olhos, as sequelas tatuadas em cada coração, os traumas, os sintomas palpáveis de cada um, não podem negar a evidência de uma poesia dramática.

Quando falei do meu amor, sobre o amor, era eu quem escrevia.

Quando falei do teu amor, da finitude das coisas, da morte, da dúvida, éramos nós que escrevíamos.

Pedro Simao Rocha Matos
Enviado por Pedro Simao Rocha Matos em 23/04/2015
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