A incansável polêmica do Aborto

O aborto deve ser visto sob duas tendências; dois focos distintos que não cabe a mim analisar qual é o válido, o verdadeiro e, principalmente o justo. A primeira tendência é a aquela que parte do prisma do ser humano com essência, provido de direitos e deveres iguais.Neste caso, o aborto deve ser tratado como uma questão exclusivamente pessoal da mulher, cabendo a ela decidir se terá condições de criar o filho.Afinal a irresponsabilidades é do casal que não mediram conseqüências na hora do prazer da transa. Como o homem tem o “direito” de escolher o destino de sua vida após o nascimento da criança, a mulher também deve ser provida desse “privilégio”.

A questão é simples: o homem tem o dever de cuidar que criança que gerou. Se este não tem condições ou se apenas não tem vontade de cuidar, ou ele desaparece, deixando a mulher em uma situação difícil, pois tem que cuidar dela e da criança ou então o pai deixa uma pensão que, na maioria dos casos, é insuficiente para uma digna subsistência e educação do filho. Neste caso, devemos partir da premissa que, se o homem tem o livre arbítrio de escolher o que fazer com a sua vida, deve a mulher ser também escolher, cabendo somente a ela a decisão de criar ou não a criança. Nada de questões religiosas e legais (direito a vida), pois ambos os institutos estão inseridos a obrigação de tutela tanto por parte da mãe quanto do pai.

O princípio da igualdade diz que homens e mulheres têm o mesmo direito de escolha, o que reforça a tese de que o aborto deve ser legalizado e com responsabilidade única e exclusivamente da mulher geradora.

A segunda tendência é sobre o foco da criança em si, descartando os motivos pelo qual foi gerado o filho. A criança escolhida aleatoriamente por Deus não tem culpa das circunstancias que os pais passaram que resultou na vida dela. Logo, se formos direcionar a questão do aborto pensando apenas na criança, esta pratica é totalmente repulsiva. Seja no caso de estupro, seja no caso de irresponsabilidade por parte do casal, ou seja, por qualquer circunstancia alheia à vontade dos dois, a criança deve nascer. Não é justo tirar a vida de alguém tão frágil de defesa como um feto. Além disso, há casas que acolhem todas as crianças órfãs de pai e mãe. Porque não deixa-las sentir o prazer da vida terrena assim como todos nós humanos temos? Será que vale a pena tirar-mos a oportunidade da criança contribuir para a melhoria do mundo? Já pensou se as mães de todos os gênios da nossa história tivessem os abortados? O sentido da vida não será banalizado caso todos resolverem quando deverão ou não nascer uma obra divina?

É muita prepotência “brincar de Deus”, é “coisificar” a criatura humana, é tratá-la como objeto de escolha discricionária. Não devemos tirar de ninguém o mistério da existência terrestre.

São duas correntes distintas e ricas de argumentação. Como no complexo mundo racional (humano) é impossível de se ter uma verdade única, cabe a nós deixarmos a consciência coletiva guiar as rédeas que, pelo menos, tentam chegar a uma verdade e justiça.