Estórias da Infância
HISTÓRIAS DA INFÂNCIA
Capítulo I
Os tempos parecem estar mudados. É verdade, quando ainda crianças, tudo parece ser diferente. Até o gosto das frutas parecem ser diferentes. Mas na realidade, a juventude a vitalidade que possuímos, nos dá essa falsa percepção de que são diferente, talvez até seja mesmo. Porém os anos vão se avançando e cada vez mais vamos perdendo aquele, digamos , o tato para as coisas mais sensíveis e isto parece bem real. É tudo aquilo que não queremos. A partir daí , é só descer. E a partir disso a descida é muito rápida. Naquela época tudo parecia diferente, as coisas eram de outra forma. As lembranças daquela época estão vivas na nossa memória. Tudo o que fizemos, vivenciamos, estão presentes na nossa memória, basta um “clic” e aí podemos viajar. Estas viagens para nós se tornam essenciais, pois, tudo o que somos, tem base no que fomos. Isto sim, tem importância fundamental na vida de cada ser. É como se tudo o que fizemos no passado, nos credenciasse a acessar tudo de útil e proveitoso no futuro. Por isso vale sempre a pena viver tudo novamente. Já dizia o poeta “recordar é viver”. Quando ainda com apenas seis anos de idade ou cinco, ainda na fazenda, lembro de que caminhávamos bastante para ir até uma escolinha que havia na zona rural. O caminho era muito longo, saíamos com um grupo de alunos, vizinhos de fazenda, e alguns primos. No caminho até a escola, aconteciam bastantes coisas, brincadeiras, brigas entre a criançada etc. Quando estávamos quase chegando à casa, antes de chegarmos, perto da sede da fazenda da nossa vovô, havia um rio e neste rio , um grande poço, todos paravam naquele local, como forma de se refrescarem depois de um longo período naquela escola e também pelo calor que se faz ao meio dia. A verdade é que tudo isto era muito divertido. Tinha também um fato interessante, quando nós saíamos de casa, cada um levava uma sacola cheia de laranjas para que na hora do recreio fossemos lanchar. O que sobrava das laranjas, virava brincadeira, era um atirando no outro, até chegar em casa. Desta escola pode-se dizer, foi muito bom, o início de tudo, a base de toda nossa vida, com certeza. Este alicerce, que embora em princípio pareça que não tem influência alguma, se fizer uma análise mais profunda no contexto geral, poderemos afirmar com toda certeza que tudo tem haver com o que somos. Pois, na realidade, o aprendizado começou aí. Com momentos de descontração, entrosamento, observando cada detalhe quer seja da vida ou relativamente da natureza de maneira geral. Aqueles dias eram bastante felizes, mas, havia também muita responsabilidade. Quando tinha apenas 10 anos de idade, como éramos os tres maiores na casa, cada dia um se responsabilizava pela tarefa de apartar o gado (as vacas paridas de seus respectivos bezerros), e num desses dias, deixei o campo onde estava roçando, ou arrancando ervas (botão roxo e botão branco) * (erva esta, que ingerida pela rêz , leva até a morte ) nos córregos. Assim sendo, me dirigi até o local (paiol) onde estavam os arreios, (sela, freio, baixeiro, pelego, pinhola), fui até o pastinho, que era uma área menor onde se deixava qualquer animal, que poderia ser utilizado a qualquer momento, por qualquer um de nós, para pegar um cavalo , arreiar e sair à procura do gado no pasto. No pasto, para ser mais correto no cerrado, por volta das 16:00 horas, começou uma tremenda chuva e , entre as arvores, escodendo-se da chuva e dos raios que incidiam muito na hora. Estava eu debaixo de um pé de murici , esta árvore é relativamente baixa, as galhadas eram de mais ou menos 2 metros de altura, eu me encontrava montado no cavalo “russo”, de repente o animal se assustou e saiu disparado, não foi possível controlá-lo , quando passou debaixo da referida arvore , e como a altura era mínima, não dava para passar debaixo da galha, a mesma veio rumo ao meu peito e o cavalo passou e eu fiquei no chão, caí de costas ao solo e o animal se foi. Passado alguns minutos encontrei o animal. Não me machuquei, foi apenas um susto. No campo é sempre assim, um dia trabalha demais e sempre há uma folga, lá vamos nós, tomar banho no “poço da pedra”. Este local ficava bem no funda da sede da fazenda “varginha” , que se fossemos seguir corretamente o português, seria uma pequena várzea ou varzeazinha. A partir das 2 horas da tarde, como se diz na roça, em dias de feriado a principal diversão e tomar banho no posso da pedra. Como de costume saíamos todos os que são maiores e conseguia nadar, aquele que não sabia nadar ficava às margens do rioe às vezes arriscava dar um mergulho rápido e retornar ao ponto inicial. Mas, quando havia alguém que não sabia nadar corretamente, a vigilância teria que ser dobrada, pois havia o risco de se afogar. Umas das brincadeira prediletas nossas era a do “jacaré”, que consiste em : reunidos os garotos, que normalmente a brincadeira é com meninos, pois , exige muita esperteza na água, fazia-se a escolha de quem seria o jacaré, escolhido na base do par ou ímpar, então, sabendo quem seria o jacaré, começa a brincadeira, que , tem como limite apenas o poço onde todos estão, não é válido sair da água. Quando se inicia a brincadeira e o jacaré está chegando perto, agente mergulha e tenta se esconder o máximo debaixo da água e ir para outro ponto para disfarçar , para que o jacaré não nos pegue. Esta brincadeira se prolonga até que alguém desista de tanto cansaço, pois, na água não é fácil. Com isto , o dia passava e chegava a noite. Particularmente, sempre tive medo do escuro. Meu pai se aproveitava disso para me amedrontar mais ainda e mandava buscar água na bica para ser utilizada dentro de casa. Naquela época, não havia ainda água encanada nem energia elétrica. Nós utilizávamos da lamparina, ( que é um objeto feito geralmente de folha de flandres, tipo daquelas industrializadas, que era usado o combustível querosene e com pavio de algodão para ir se queimando. A bica ficava a uns quinze metros da casa, mas apesar de pequena a distância as noites eram totalmente escuras, não se via nada sem o auxílio de uma lamparina. Ela estando acessa, com aquela luz amarelada, dava para se enxergar uns 3 metros à frente no máximo. O meu medo era tão grande que meu corpo se tremia todo. Mas a obrigação teria que ser cumprida, pois, senão o “coro comia”, expressão usada pelo meu pai, como forma de repreender aqueles que não obedeciam a suas ordens. O coro comia isto vem a ser, pelo fato dele possuir um cinturão feito de couro e quando ele estava com raiva, arrancava seu cinto da cintura com violência, chegando a fazer estalos na cintura e baixava no lombo daquele desobediente. Minha mãe não apoiava muito essa atitude, pois, tinha pena de nós, porém não podia fazer nada diante dos mandos do velho. “Minha mãe, pessoa era pessoa muito temerosa a Deus, criada dentro de ambiente totalmente respeitoso, respeitava os preceitos de moral e de boa convivência. Era uma pessoa fantástica, e queria somente o bem de todos e nunca maltratava ninguém, recebia as pessoas com cordialidade, apesar de ter muitos afazeres, mesmo assim, dispensava o tempo que fosse necessário para agradar as pessoas que chegavam em casa. Realmente , pelo que conheci dela, não tem pessoa que se iguala, era sempre muito responsável em suas obrigações e nunca deixava para outro dia , o que tinha para fazer.
“Foram várias as vezes que apanhamos de cinturão de couro e quando fomos crescendo passou-se a ser com a chamada “pinhola” “ que era confeccionada com couro trançado e de forma arredondada e comprida , com umas peças de couro fino na ponta, de mais ou menos 25 cm cada uma, poderia ser 2 pares ou três, servia para fazer um estalo quando acionada, geralmente era para despertar o cavalo quando estava puxando a carroça. Certa vez, estávamos em casa na fazenda, eu devia ter 9 anos o meu irmão uns 10 o e outro mais velho deveria ter 11 ou mais. Perto da nossa casa na fazenda havia um vizinho chamado Geraldo Pires, não me lembro bem o dia , mas , parece que era num sábado e ia acontecer um casamento na casa dele, se não me engano era do Roquinho com a Rute. Roquinho era seu filho, era um rapaz magricelo que havia por lá e era o dia do seu casamento. Assim, em nossa casa, ficou resolvido por meu pai, que apenas o mais velho iria com ele no casamento e quando foi mais ou menos lá pelas duas da tarde eles dois saíram a pé estrada a fora e seguiram . o trajeto foi a seguinte: saíram de casa seguiram por uma estradinha, por lá chamada de trieiro , que naturalmente era feita pelo próprio gado , pelo costume de andarem sempre em linha, uma atrás da outra e assim se faziam os chamados trilheiros ou trilhas. Antes de chegar na referida casa onde aconteceria o casório, teria que passar pela casa de nossa avó, que ficava logo à frente depois de passar o “corrego” , subia uma ladeira e depois uma trecho plano , passava por debaixo de um ingazeiro e assim chegava na sede da casa da vó. Após a casa da vó, subia-se mais uns 500 metros chegava-se na casa de um tio, tio tico e subindo mais ou menos 1 km após atravessar um brejo, lá no alto estava a casa do famoso Roquinho , que nesse dia iria se casar com a Rute. Eles foram se divertiram e nós ficamos. Mas, o pior estava porvir. Em casa, nós ficamos. De repente nós pedimos para nossa mãe para irmos para a casa de nossa vó, e depois de muita insistência ela deixou, mas, recomendou, volte antes que seu pai retorne do casamento. E assim, fomos. Chegamos na casa da vó , cumprimentamos os presentes e por fim, passamos a andar pelo quintal. Naquele local havia muitos pés de manga, em especial um pé de manga comum bem alto, que ficava próximo ao alambique do meu avó , que era falecido. Este pé de manga era o mais alto da fazenda e possuía uma galha que descia parecendo um braço. Crianças não é brincadeira, imagine só o meu irmão, naquela onda de “Tarzan”, subir em paus e dar o grito de Tarzan, pulou na galha da qual falei e deu uns dois ou tres balanços e como era grossa demais para que as mãos deles abraçassem com sue punho, de repente se soltou quando o seu corpo tinha sido impulsionado para frente e caiu ao solo, com os braços para trás quebrando-o na altura do cotovelo, acho que é o braço esquerdo. Aquilo foi terrível, o coitado foi para casa com o braço quebrado , doendo , inchando e sem uma gota de sangue na cara e menino estava tão pálido que dava dó. Chegamos a casa, e minha mãe providenciou algo para diminuir a dor e quando o meu pai chegou foi aquele escândalo. Pegou esse menino e ainda deu-lhe uma surra, dizendo que era para aprender a não desobedecer, pois , havia avisado que não era para sair de casa. Nesse instante eu corri para o fundo do quintal, ele me procurou, mas , não me encontrou. Foram para a cidade de Brasília para engessar o braço e assim se fez. Depois de uns 40 dias ou 50 retirou o gesso , mas, o braço ficou torto bem na junta do cotovelo e até hoje está assim. Acredito que esta é uma das suas piores lembranças, pois, sofreu muito. Outra lembrança também não me recorda muito bem a data, mas, acredito que foi por volta de 1969, contava com 9 anos de idade, naquela tarde, por volta de 14 ou 15 horas, estávamos voltando da cidade e em direção à fazenda “varginha”, meu pai dirigia o seu Jeep, no lado do passageiro o irmão mais velho e logo atrás, estavam, os menores, eram mais ou menos uns cinco, a porta traseira estava aberta e de repente , como eu estava de sandálias tipo havaiana e com os pés para o lado de fora e com o veículo em movimento, devia desenvolver uma velocidade de mais ou menos uns 50 km descendo ladeira abaixo, estrada de cascalho e muita poeira. De repente uma de minhas sandálias caiu e com o carro ainda em movimento saltei para apanhá-la. Caí rolando pelo cascalho afora e me ralei todo. Apanhei a tal chinela e como o corro foi embora, saí mancando e chorando, pois, doi muito os ralados. Quando cheguei na sede da fazenda, minha mãe cuidou de limpar os ferimentos e tratar com iodo e outros medicamentos. Na época parece que meu pai não ligou muito, mas eu fiquei muito tempo sentindo as dores. Esta agora é de doer. Acho que tinha uns 12 a 13 anos, estávamos nós na fazenda vizinha, a de Dona Helena, mãe de uma tia que era casado com o meu tio tico irmão de meu pai. Lá existiam muitos pés de laranja, daquelas laranjeiras antigas, altas e troncos bem fortes. Lá o costume era retirar os galhos velhos e deixá-los em volta do pé de laranja. Me lembro que estava bem carregado de laranjas bem amarelinhas e bastante suculentas e assim , resolvi subir descalço (deixei as sandálias no chão) e derrubar algumas laranjas, isto feito, meus irmãos ficaram embaixo. No momento de descer do tal pé de laranja, desci de costas e pulei para trás. Neste momento em que pulei desci em cima de um grande galho seco de laranjeira e cheio de espinhos enormes e assim, desci com o meu pé esquerdo e com o calcanhar em cima de um espinho de mais ou menos uns 4,5 cm. Ele ficou em meu pé, por uns dois meses aproximadamente, pois, quando desci do pé de laranja em cima do mesmo me desequilibrei e cai e ele se quebrou e não foi possível retirá-lo. O fato é que inflamou bastante e nos primeiros dias doía demais até que inflamou e então o empurrei para fora com uma faca velha, o alívio foi imediato. O pé estava inchado e vermelho no calcanhar. Isto tudo por falta de informação de todos e interesse. Ainda mesmo assim, fui às aulas somente com um pé de calçado "kichute preto". Não sei porque, mas, ninguém se interessou para aliviar o meu sofrimento, nem sequer me deram algum analgésico, o descaso era tão grande que pensava que as pessoas mais próximas não davam muita bola. Andava somente com a ponta dos pés e somente com uma sandália ou tênis. Certa vez, quando ainda estávamos morando na pequena cidade de Alexânia - GO, por volta de 1970 me parece que eram 12 horas, tínhamos acabado de chegar da escola Educandário São José, que ficava logo ao fundo nossa casa, coisa de 100 metros. O cenário era um pequeno quarto onde tinha um grande guarda roupas, dentro deste guarda roupas havia também “Fellow Back”, naquela região se chamava “fulobé”, calibre 22 e com uma bala na agulha. Dentro deste quarto estava eu e uma irmã Lucília, já falecida e de repente, como a arma estava encostada no canto esquerdo e apontando para cima , inadvertidamente acionei o gatilho, e foi aquele estrondo, “bum” . aí foi aquela correria, minha mãe , como sempre veio depressa para saber o que havia acontecido. A nossa sorte é que a bala saiu em direção ao telhado, mas não encontramos nada e somente ficou um furo no fundo do guarda roupas, por onde a bala passou, que até hoje, existe este furo naquele guarda roupa. Minha irmã ficou muito assustada e eu também, mas, assumi a culpa, mas dizendo que havia apenas encostado na dita arma e que foi sem querer. Coisa de criança mesmo.(passou)
(...)
A próxima foi a da vaca. Certa vez, eu tinha uns 9 anos a 10, estava eu tocando o gado em uma estrada que ia para a casa de minha vovó Antônia, o gado teria que ir para a nossa casa que ficava logo após a passagem do córrego, mas, ainda no alto, havia umas vacas de leite que teria que seguir também. Como elas não se mexiam, tive que tocá-las com uma vara curta e quando fiz isto, ela soltou as patas traseiras em minha direção, que estava logo atrás. Por uma falta de cálculo meu, pois estava muito próximo do animal, ela conseguiu acertar a minha boca com as patas. Acertou o lábio superior do lado direito. Aquilo inchou bastante e chegou a cortar os lábio e como doía. Minha cara ficou muito diferente, inchada e com um corte nos lábios. Esta marca existe até hoje, mas por sorte, não dá para perceber quase nada.
Uma das diversões na fazenda e também pescar. Eu adorava sair para pescar no rio que passava no fundo da fazenda. Era melhor quando chovia e a água ficava barrenta, avermelhada. Era hora de pegar bague, mandi etc. Passávamos horas percorrendo poços à procura de um barranco onde pudéssemos pescar. A hora predileta era após as 17 horas. Ah! , esse tempo era bom demais. Ficar alí na beira do rio pescando em silêncio, ouvindo os diversos sons que existem na beira do rio.Sons dos passarinhos, grilos, sapos etc... Claro que existiam também os perigos do meio do mato, isto é indiscutível. Às vezes quando encontrávamos pescando na beira do rio era muito comum encontrar com cobras pequenas tipo cobra coral, cobra vidro , cobra verde , caninana, esta , já um pouco maior. "A respeito dessa tal caninana , certa vez , quando me encontrava nos fundos da nossa fazenda (quintal), eu estava no limite da cerca que separava o quintal e do pasto reservado , chamado "pastinho", do qual já mencionei anteriormente, foi uma situação bem estranha, pois, estava alí , parado sem fazer qualquer coisa, era mais ou menos umas quatro da tarde, de repente veio em minha direção uma daquelas caninanas e o mais interessante é que ela veio em minha direção e totalmente levantada, eu nunca havia visto uma situação dessa natureza. Ela correu em minha direção como se fosse para pegar e quando chegou na cerca , parou e passei bem depressa por baixo da mesma e até rasgando a roupa. O susto foi tão grande que passei o dia preocupado com aquela coisa, mas, a vida do interior é esta mesma é uma surpresa atrás da outra". Existe também na vida do campo, aqueles imprevistos, tais como: apagar um fogo , que talvés fora colocado por alguém, por pura maldade ou por acidente mesmo ou criminosamente. Lembro-me que um belo dia, estávamos todos em casa, acho que eram umas 21:00 horas, estávamos dormindo e quando o "pai" nos acordou rápido e pedindo que todos fossem com ele para o alto da serra , bem na divisa das terras. Então fomos, meu pai saiu na frente e como de costume levou consigo a sua “Fellow Bach” , no seu entendimento, quem teria posto fogo no campo seria o “Bin” ou “Tio Bin”, pois este tinha costume de fazer queimadas perto do seu terreno e lá , talvez teria descontrolado sua queimada e assim teria alastrado para outros pastos. Assim fomos, mas, com certa apreensão. E lá chegando, meu pai saiu à procura do "tio Bin", mas, para sua surpresa, não o encontrou. O Napó estava "virado do diabo" e queria por tudo descarregar aquela arma em alguém, que fosse o culpado pelo ateamento do fogo. Nós tivemos que arrancar galhos verdes de árvores do serrado e atiçar em cima das chamas, para que fossem liquidadas. Foi uma trabalheira danada, mas, com a ajuda de Deus, nós conseguimos apagar o tal incêndio criminoso.

PALMAS 05 DE ABRIL DE 2000 - QUARTA -FEIRA

As vezes voce me pergunta. Mas, Quem tú és, para me perguntar. De onde vens e para onde vais?
Na realidade , todos nós sempre nos perguntamos. Quem somos nós, o que estamos fazendo aqui. Será que a nossa vida está relacionada com a vida de outros seres? Estas são perguntas que sempre estarão no nosso dia-a-dia. Será que existe vida em outros mundos? Perguntas dessa natureza sempre irão existir. Não garantimos, se elas poderão um dia serem respondidas. Eis aí uma grande questão. Quem de nós, nunca fez uma pergunta, que até hoje exige sem resposta? Talvez , sejam inúmeras. Inúmeras também, serão as vezes em que iremos nos deparar com problemas de diferentes naturezas, os quais, também poderão ficar sem solução. O nosso Universo não pode ser compreendido como um todo. Nós não temos conhecimento suficiente para adentrarmos neste contexto, pois, quando olhamos para as estrelas, sentimos pequenos demais diante de toda a imensidão do universo. Nossos olhos veem apenas o que está brilhando. Mas, aquilo que não podemos ver, existe. Isto é o que dizem os cientistas, o que não vemos, são os buracos negros. Às vezes vemos o brilho de uma estrela, mas, nós estamos vendo-as já no passado, pode ter acontecido dela estar morta, mas, como a luz demora para chegar , estamos vendo somente os seus estertores. Agora já estamos de olho nos céus de novo, pois, uma grande estrela "Betelgese", está prestes a se tornar uma anã, ou se apagar de vez, ou até explodir. Mas, o Universo continua em expansão, as estrelas, e as galáxias estão se afastando rapidamente e este processo não termina.Dizem os cientistas que pode acontecer ao contrário, as galáxias se aglomerarem e se juntarem formando uma grande bola maciva e explodir em um novo "Big Bang".
Capitulo nº 2
Laura Felicidade da Silva Dib, esse era seu nome, brasileira, natural de Inhumas Goiás, nascida aos, 05/12/37, contava com 62 anos de idade, com problemas de diabetes, descoberta aos 35 anos, o seu quadro de saúde veio se agravando no decorrer do tempo. Tomava injeções diárias de insulina, remédios para controle de pressão e outros.
Recebi um telefonema dia 21 de agosto de 2000., por volta de 11 hora da manhã, não era um telefonema normal, era simplesmente a notícia que eu nunca quis ouvir. Sua mãe morreu.
Aquilo dentro de mim foi inaceitável, como todos nós agimos dessa forma, a morte é uma coisa que ninguém quer que ela venha, é difícil aceitar algo desconhecido, não sabemos qual o propósito dela. Na realidade tudo que fazemos aqui é um preparo para que possamos enfrentá-la com coragem e determinação. Mas, a hora é sempre dura e a realidade mais ainda.
Sabemos sim que a nossa vida é uma espécie de purificação de nossa alma
Nós que perdemos nossos entes queridos, ficamos aqui sem saber o que realmente fazer , mas, aquele que se foi, certamente está nos vendo, e com uma dimensão bem diferente da nossa a sua visão pode ser geral.
Mensagem, 04 de setembro de 2000, final.
Dia 21 de agosto de 2000, por volta de 11 horas da manhã recebi a notícia mais triste de toda minha vida, “sua mãe está passando muito mal, é melhor vocês virem para a cidade” , assim disse um dos meus irmãos, no caso o Caçula da família.
Ao meio dia, quando já me preparava para viajar, o telefone toca, era de lá, minha mãe tinha falecido no Hospital . Aquela notícia para mim caiu como se fosse um soco, não contive o pranto, foi inevitável, afinal foi minha mãe quem partiu. Naquela hora tudo vem na nossa lembrança, desde os tempos de criança, quando ela cuidava de nós.
Capítulo inicial
primórdios
- As lembranças, são desde a casa na Fazenda “Varzeazinha”, quando era na hora do almoço, eram tantos pratos para se fazerem, que às vezes ela ficava sem comida, mas, distribuía para todos , sem deixar alguém sem comida.
Naquela hora, às vezes estávamos no fundo do quintal na fazenda “varginha” , quando lá pelas 10:00 e 10:30, se ouvia o grito dela chamando-nos para almoçar .
Naquela época ,ainda eramos em torno de nove crianças, sim, porque, dois deles nasceram em outras épocas, já na cidade próxima,mas, aí deverá fazer parte de um outro capítulo.
Imagine, nove crianças pedindo comida o tempo todo, “mãe quero comer”. Geralmente o almoço ficava pronto lá pelas 10h30min a 11 horas. Na roça como é de costume, o rango fica pronto mais cedo, devido ao fato de que os trabalhos começam muito cedo e a fome ataca bem mais rápido e também pelo fato de se ingerir muitas frutas cítricas pela manhã, o estômago fica voraz.
Esta parte pertence a outro capítulo...(mãe)
Mas minha querida mãe sempre foi uma pessoa que jamais deixou de cumprir suas obrigações. Sempre estava fazendo alguma coisa. Quando não estava fazendo farinha de mandioca, ou polvilho de mandioca - “ farinha de mandioca era um produto original da fazenda”. O processo era o seguinte: em primeiro lugar, todos nós nos dirigíamos para a roça onde estava o mandiocal. Fazer a escolha das melhores raízes de mandiocas, arrancá-las da terra, quebrá-las, amontoar em fileiras e posteriormente locomovê-las para fora da roça e balaios de taboca, que pesavam em torno de 40 a 50 quilos, essa tarefa não era muito fácil, quando não tinha alguém para carregar até a carroça, o pai, contratava alguém tipo Geraldo Pires ou Antônio Pó, para nos auxiliar na tarefa, tinha também o Sebastião Veloso, que de preguiça tinha igual aos outros anteriores, mas, como se diz, era apenas para nos acompanhar nas tarefas. Naquela época tinha também um cara por aquelas bandas, que se chamava Valdevino Pires, e o João Pires, esses sim eram feras, num ato de carpir a terra não tinha pra ninguém a não ser eles. Eles se embrenhavam numa leira de banana e sumiam, capinando o tempo todo. Enquanto que tal de Roquinho, sempre ficava para trás, às vezes bastava dar uma olhada para trás e ver o moleque “dando de mamar para a enxada”, esse termo era muito usado na roça, era quando o sujeito de pé, parado no meio do serviço, fazendo um quatro com as pernas e com o cabo da enxada debaixo das axilas e só observando o tempo. Quando o chefe via aquilo era um estardalhaço, “vamos ver, vamos ver, deixem de dar de mamar para a enxada”. Então a turma se mexia. Tinham naquela época, aqueles contadores de Estórias, são os chamados mentirosos. Mas, isso acontecia quando não tinha o pai por perto. Os caras iniciavam suas estórias, que não raras as vezes eram sobre onças- quem daqueles que moram em fazendas não gostariam de se sentirem fortes, valentes, ao ponto de segurar onça pelo chifre, sim porque o cara se empolga tanto que esquece que o bicho não tem chifres, aí quando tem algum mais esperto e descobre a mentira, eles tentam fazer o remendo. Quase sempre isso dá certo.
Mas, na realidade o que eu quero deixar relatado é justamente sobre a minha mãe. Pessoa calma, calada às vezes, sofria calada. Presenciei diversas vezes ela muito nervosa, mas, aquela coisa de ter que dar conta de tudo: meninada; cozinha; costura; casa etc. Às vezes ela estava costurando alguma roupa para alguém, que poderia vir buscar e de repente, se levanta para providenciar o almoço para a criançada. Vida difícil, e ainda mais, viver com o companheiro que sempre era, incompreensivo, bruto, sem perdoar quem quer que seja.

Hoje, 26 de setembro de 2000, todos diziam mãe só temos uma. Na realidade nunca paramos para pensar, pois, nossa mãe sempre esteve presente em nossas vidas, participou de tudo o que foi possível. É , é verdade, neste momento me lembrei dela na cerimônia de minha formatura, que aconteceu no salão da Associação Educativa Evangélica de Anápolis , ela estava lá sentada e atenta a tudo e para mim foi uma satisfação muito grande tê-los naquele momento. Naquele dia compareceram minha mãe, D. Laura Felicidade da Silva Dib; meu pai Napoleão Elias Dib; meu irmão Gibrahyl Elias Dib e também, presente estava a namorada Magna Marina, que posteriormente se tornaria minha esposa. Os outros irmãos não compareceram, mesmo sendo convidados. Antecedendo a esta cerimônia, houve também uma missa que foi realizada numa igreja que fica bem no centro da cidade de Anápolis, que se chama igreja Santana, também, uma cerimônia bastante emocionante, pois, alí, tudo o que era falado, vem à tona na nossa mente. Naquela hora, hora de pedir as bênçãos para as nossas vidas, agradecer ao criador por tudo que fizestes por nós e ter permitido que chegássemos naquele ponto. Lá estava ela, tranquila, serena sem preocupações, pois, ela mesma sabia, que alí naquele momento era dedicado somente a Deus, era hora de agradecer a tudo de bom que tinha acontecido em nossas vidas e agradecer também, por ter concedido a todos nós, a faculdade de poder seguir em frente nos estudos e chegar a esta formatura, que foi tão perseguida e tão almejada. Foi muita luta muito sacrifício e também, porque não dizer abstinência. Sim , por que , voltando um pouco no tempo, iremos constatar, que o sacrifício foi muito grande, desde o início de nossas vidas, os nossos dias foram sempre marcados por muitas lutas . Não havia tréguas, quando não era na foice, era no machado e quando não era no machado, era na alavanca, conhecida popularmente por “labanca”, ou mesmo alavanca que é o mais correto. Este ferramenta era a pior delas, consistiu num pedaço de ferro o qual não conseguíamos abraçá-lo unindo os dedos polegar e indicador. O pai ordenava que fizéssemos uns buracos de cerca para serem colocados “estirões” e sustentam as cercas, os fios esticados, também chamados popularmente de “esticadores”. Aquela cova teria que ser no mínimo 3 palmos e palmos dele, o que representa uns 60 centímetros. Agora, furar um buraco de sessenta centímetros naquele pedregulho, era trabalho para mais de duas horas, sem contar que ele saia medindo-os um por um e se não desse a medida dele teria que ser aprofundado até chegar o ponto desejado. Aquilo era terrível ter que ficar alí cavando aquela pedra e retirar a terra com um prato velho esmaltado, debaixo daquele sol escaldante. Quando a tarde estava chegando, o sol se pondo, então vinha àquela tristeza a solidão. O escuro da noite me atormentava, eu tinha medo, pavor de escuro, mas, nosso pai era tão mau, que fazia com que eu fosse até a bica d’agua para buscar água no baldinho. A bica tinha mais ou menos uns dez a doze metros, ela era de tronco de madeira, carcomida no meio e era fixada na cabeceira mais alta do terreno que era em declive, então, a parte mais baixa ficava a mais ou menos 1,70 de altura. A água caia no final por cima de um monjolo, que era próprio para socar alimentos, tipo arroz, canjica, café e etecetera.
Este relato que vou contar agora, foi um sonho, que aconteceu comigo a uns três dias atrás, hoje são 28/09/2000, portanto , acho que foi 25/09/2000. No sonho, eu estava em um local bem vasto, tipo assim, o espaço cultural, e lá no fundo estava minha mãe, acho que estava deitada em uma cama e se abanando, onde estava coberta com um plástico transparente, onde se via que segurava um boquete de flôres e dizendo, “tire isso daqui, pois eu ainda não morri”.
Não posso dizer algo sobre este sonho.Até o momento não consegui entender nada.
Hoje , são 27 de setembro de 2000, são 17:08:41 seg, faz 36 dias após a sua partida, a todo instante vem na nossa lebrança. Tudo o que vem na mente e só lembrança, claro que às vezes vem lembranças ruins e ao mesmo tempo vem lembranças boas, porém, uma coisa nos alegra, saber que houveram mais alegres do que tristes.
Às vezes ela foi maltratada, um episódio estranhíssimo aconteceu nos meados de 1973 ou 74. Estávamos morando em uma cidade pequena chamada Alexânia e ainda morando na mesma casinha que foi construída para que nós estudássemos. Era pequeno, sem forro, piso de cimento vermelho, com fogão dentro da cozinha, lá era tudo muito modesto mesmo. Porém, tudo que tinha por lá, era conquistado com suor. Mas a história é a seguinte: Meu pai, todas as vezes que saia para fazer compras, especialmente a carne, sempre trazia daquelas que teria que passar 2 horas na panela para cozinhar. Então, chegava em cima da hora e queria que a mesma já estivesse pronta em 20 minutos. Certa vez nós presenciamos uma cena desta. Chegou o mesmo com uns 2 quilos ou mais, embrulhado em papel jornal e disse: Laura faz esta carne aí, ela então por sua vez observou a carne e disse: Napoleão, esta carne é dura! O cara não vacilou, pegou a carne e atirou no quintal cheio de terra. Esta lembrança jamais saiu da minha cabeça, devido à tamanha brutalidade que revestia aquele ato. Criança é sempre criança, e tudo aquilo que vem para que possam comer certamente é abençoado. Fico pensando, porque essa atitude tão selvagem, pegar o alimento e atirar ao solo, mas, o pior ainda viria, a pobre da coitada, seguiu atrás e foi apanhar tudo no chão, sujo de terra e pôs-se a lavar a carne e Chorando. Aquilo me doeu e jamais saiu da mente.
Outra vez aconteceu com o mesmo protagonista. A história foi diferente, tudo aconteceu porque ele queria tomar café, e como ninguém se dispunha a fazer, ele pega o bule e atira também no meio do quintal, amassando-o por completo.
Outra mais hilariante foi a que aconteceu quando o mesmo comprou um paletó , meio xadrez e marrom. Minha mãe disse: êh Napoleão, isso aí é muito feio, não acredito que voce tem coragem de usar essa coisa horrorosa. Ele chegou todo empolgado, mas quando ela disse isso, saiu enfurecido e pegou gasolina, ensopou-o e quando partia para atear fogo, meu irmão gibra pegou e saiu correndo , evitando que ateasse fogo. Foi demais. Alí , podemos ver o nível da ignorância, até que ponto pode chegar. Mas , tudo bem. Inclusive o gibra e eu usamos por muito tempo aquele paletó, serviu para cobrirmos quando estava no trator arando e gradeando terras, para nos proteger do sol.
Certa vez , acho que foi em 1978, nós estávamos trabalhando em um campo de preparo da terra para plantio, aconteceu também uma cena hilariante. Na cena estavam:Napó; Elias e Gibra. De repente, não mais do que repente, naquele calor infernal, ele querendo ensinar como se trabalha com o arado do trator. De repente eu não concordei com ele e fiz uma imitação do jeito dele falar. Ele não gostou, eu estava dirigindo a máquina, ele quiz me socar, eu pulei do trator, deixei-o tracionado e andando. O gibra entrou na direção e controlou o trator. Assim, desci da máquina e comecei a andar em direção ao asfalto (BR 060), que dá acesso à minha casa, que ficava a uns oito quilômetros de casa. De repente ele desceu enfurecido do trator, agarrou uma raiz de pau que estava no solo arado que media mais ou menos 1,5 m e lançou em minha direção. Naquele momento eu me agachei e a raiz passou riscando minha cabeça. Nesse momento eu cai na gargalhada, rindo dele e fazendo macaquice. Bicho! , ele não gostou nada disso e passou o tempo todo, dizendo para o gibra, que iria se vingar, ou melhor , iria me pegar e dar uma surra.Fui para casa, mas, preocupado ,pois, não sabia a reação dele após aquele momento. Cheguei em casa, mas, acreditava que aquilo não iria dar em nada e que o mesmo tinha esquecido. Apesar de conhecê-lo muito bem. Passei o resto do tempo em casa, na expectativa da hora deles chegarem. Fui tomar banho para dar uma volta na cidade, encontrar com a namorada. E nesse meio tempo, eles chegaram por volta de 18:30 hs. O comportamento dele era totalmente irracional, e incompreensível e também, porque não dizer imprevisível. Mas, de repente, eu me ví , numa situação das mais difíceis, bicho? O cara estacou-se na porta do meu quarto e eu tinha acabado de sair do banheiro e estava apenas enrolado em uma toalha, então o cara veio seco para me pegar. Malandro, o cara estava totalmente irado, sei lá o que, e me dizendo , como é que mesmo ? Aquela estória de imitar? Hein, fala seu nifo? Ele queria por tudo segurar na minha cabeça e como eu esta na cama de solteiro, transversal e ele quase que consegue pegar a minha cabeça e batê-la na parede. O homem estava uma verdadeira fera. Mas, não fez muita coisa não , porque eu consegui me safar de seus murros. Então, saí do quarto, vesti minha roupa e daí , ficou tudo bem novamente. Na realidade, o velho dependia muito de mim, pois, eu era quem estava no batente nessa época e tudo necessitava de minha colaboração.
O tempo foi passando as coisas foram mudando aquelas criança daquela época, hoje são todos homens. Que bom , que isso ocorre com as pessoas. Hoje são pessoas responsáveis, adultas e com muita vontade de vencer. Apesar dos pesares, hoje temos uma vida até razoável o que se lamenta, são as perdas dos entes queridos, são coisas inevitáveis, mas, não nos acostumamos nunca com isso. Falo de irmã, que era pessoa muito querida, serena, muito lúcida. Pessoa casada, com 02 duas filhas para criar, mas, com um tremendo problema pela frente. Resolve se separar do marido e concomitantemente, arranjou outro, que era conhecido. Tiveram uma vida conjugal de mais ou menos 04 anos. Ele era doente. Ela contraiu também a doença. Não demorou muito, aos 12 de julho de 1995 ela se foi, deixou muita saudade, até hoje sentimos sua falta, pois, ela se foi com apenas 34 anos e deixou suas filhas ainda pequenas. Isso é o que mais dói. Ele se foi um tempo depois não me lembro de e nem me interessa muito saber sobre ele. Acho que não merece ser lembrado, era um crápula, aproveitador, inconsequente, irresponsável.
Passaram-se cinco anos. As preocupações de minha mãe com aquela situação em que estava a sua filha , a deixou tremendamente prejudicada. Com o seu problema do diabetes, e ainda as preocupações do dia-a-dia, a doença avançou. Quando, uns seis meses antes de partir, foi descoberto um novo problema de saúde. Ela adquiriu uma espécie de "Fibrose Hepática" , não se sabe como isto aconteceu, mas, “Muito tempo depois, minha mãe se foi. Esta sim, mulher forte, exemplar, dedicada, humana, muito responsável com tudo, com suas atividades, com seus filhos, preocupação exagerada quer seja em casa , ou qualquer outro lugar. Acredito que muito de seus problemas, foram adquiridos durante todos esses anos, de preocupações exageradas, dormia pouco, esperando seus filhos chegarem da rua. Enquanto não chegava o último filho que estava fora ela não descansava , era uma coisa que ninguém tirava dela, isso era inerente à sua pessoa, à sua própria alma. E as consequências de tudo isso, claro, digo aqui sem nenhum respaldo médico, mas, pelo conhecimento que possuimos ao longo da vida nos credencia a emitir alguns palpites. Acho que não é necessário ser médico para saber que uma preocupação exagerada sobre um fato qualquer possa causar "stress" estresse , esse stress pode causar um efeito cumulativo no noso organismo e aos poucos se manifestar mais tarde, e pode causar um grande estrago no organismo. Minha mãe possuia o “diabetes” e como todo mundo já sabe, o diabetes não tem cura. Ela vinha fazendo o seu controle normal, tomando suas doses de insulina, através de injeções, que eram aplicadas na própria musculatura. Era uma das coisas que ela fazia sempre aos se levantar, fazia seu lanche e aí tudo ficava normal. O problema mais sério do “biabetes”, e quando a pessoa que o possui, não dá muita importância , não procura usar os medicamentos corretamente e se não tomar corretamente a doença pode tomar outras proporções. E se complicar muito a ponto colocar a própria vida em risco”.
Agora já estamos no ano 2001, hoje são 05 de janeiro, confesso que sinto muita saudade dela. Somente ficaram as lembranças. Não consigo entender este mistério. As pessoas se vão e nunca mais retornam. O que será que existe lá? Porque ninguém volta para dizer o que há por lá. Este é o maior segredo e este segredo só será desvendado após a morte. Acredito que existem regras lá e ninguém pode sair assim tão fácil. Quem vai, jamais volta. É uma coisa muito séria.
Neste começo de ano tive vontade de escrever um livro. É uma espécie de romance. Existem dois personagens principais, tony e vera.
“Em uma determinada estação do ano, tony está passeando por entre os jardins de uma praça e descontraidamente senta em um daqueles bancos que ficava posicionado abaixo de uma frondosa árvore e muito pensativo, alhando para o céu , quando de repente se aproxima uma linda garota e lentamente se senta junto ao rapaz, que ainda não sabe seu nome. Ela muito bonita cabelos castanhos longos , trajava uma blusa de malha muito colorida e por cima uma jaqueta jean, que fazia conjunto com sua linda calça jean, ela devia ter seus dezessete a dezoito anos, carregava consigo.
Arquivo revisado em 05 de setembro de 2003.
CAPITULO CONTEMPORANEO
Os tempos atuais estão cada vez mais modernos e nesta progressão , digamos de modernidade, algo nos motiva a sermos também modernos e com isto, temos que submetermos a aperfeiçoamentos e quando tentamos , sempre voltamos às nossas orígens e dentro das nossas orígens, temos tabus, preconceitos, superstições e dentre uma delas se podemos dizer que seja superstição, é o fato de que todo homem precisa durante a sua vida: ter um filho; plantar uma árvore e escrever um livro. Bem as duas anteriores já estão realizadas , agora é preciso ter força para encontrar o fio da meada e dar início ao projeto.
Material nunca faltou , talvés o que falta mesmo é uma cordenação das idêias e aí sim , começar bem. O importante mesmo para a realização pessoal é justamente pegar tudo que existe e jogar nesse contexto. O resto vai aparecer naturalmente. O princípio das idêias é o mais importante.
Quero chegar lá se Deus me ajudar e isto eu não tenho a menor dúvida , porque já recebi muitas ajudas.
O pior ainda estava porvir. Naqueles dias, quando cheguei aqui no Estado, sem pelo menos conhecer alguém ou qualquer pessoa amiga que pudesse me dar ajuda , me senti bastante preocupado com o meu futuro e com o futuro de meus descendentes, me senti quase que sem exageros, como um bebê quando chega ao mundo.
Mas ,foi exatamente no dia 01 de maio de 1990, num começo de noite, após viajar por quase 24 horas, sem parar , entre as vezes que o ônibus quebrava pela estrada, que em consequência das péssimas condições de conservação o veículo não passava de 20 km/hora , realmente a situação da rodovia não era muito boa naquela época.
Quando cheguei na cidade, onde funcionava a Capital provisória do Estado, naquele dia, trazia em minha bagagem, além de muitos sonhos, trazia também algumas poucas peças de roupas, alguns pares de meias, chinelos e outros objetos pessoais , sem muito valor.

Naquele dia, fiquei pensando introspectivamente, - o que é que estou fazendo aqui, sozinho , e a saudade da família aumentava a cada dia , porém, não havia alternativa , era pegar ou largar, ou pensava-se no futuro da profissão ou volta-se à estaca zero.
O espírito de luta falou mais alto, e prossegui na missão, passando por aperto, falta de condições de até mesmo dormir, alimentar-me dignamente, enfim as condições de sobrevivência na época, eram bastante precárias .
De tal sorte, trazia comigo em minha (mochila), o nome de um cidadão, que na época exercia o honrado cargo de Deputado , que lhe foi confiado pelo povo Tocantinense. Procurei imediatamente esse Deputado, assim que desci do ônibus que estava viajando. – Fazia bastante calor na ora, pois o cansaço da viagem era tanto, e ainda não havia sequer banhado durante toda a viagem – procurei o tal Deputado, ele me recebeu muito bem, após conversarmos, o entrosamento com as pessoas que estavam por alí , aquele bate-papo sem qualquer compromisso, me deixou muito mais à vontade .

Ao final, como estávamos no prédio da Assembléia Legislativa, o nobre deputado fez um convite para que eu me hospedasse em sua casa , até que as coisas se resolvessem. – A casa era feita toda de madeira, pois o governo do Estado havia construido-as para que os primeiros servidores públicos, habitassem-as , até que fossem determinadas áreas para que os funcionários construíssem suas próprias residências.
Estive em sua companhia quase 15 dias, pois, eu não tinha para onde ir, e na Capital, tudo ainda estava por construir.
As Secretarias de Governo eram feitas de madeirite(madeira compensada), que, no final do expediente de trabalho, era utilizada como dormitório para centenas de funcionários publico, onde tínhamos que sobreviver juntamente com os pernilongos ,baratas, escorpiões e até cobras.
Enquanto isso, os funcionários embarcavam todos os dias, mais ou menos e esta hora 5.40 , horário antigo(sem ser o verão) , com destino à sede da nova Capital Palmas. Eram aproximadamente 15 ônibus que se dirigiam para levar os funcionário- às vezes acontecia acidentes terríveis, tais como: batida de carros, de ônibus. Aconteceram várias mortes nesta estrada, de colegas de serviço.
Estive na casa do referido deputado, durante esse período, porém, as coisas iam acontecendo tão depressa, que tive que arriscar e me mudar de vez para a Capital.
Enquanto tudo isso acontecia em Palmas, lá do outro lado, estava uma parte de mim, a minha família. Minha filha estava estava com apenas 03 meses de vida (abril de 1990). A saudade aumentava com o cair da tarde. Todos iam do trabalho para suas casas, mas, nós não podíamos ir, a condição ainda não permitia isso. O jeito que tinha , era nos arrumar-mos por alí mesmo. Então começava a luta. Desfazer a mesa de trabalho e transformá-la em cama. Os processos viravam travesseiros. Daí por que a máxima ,” nós não tirávamos os processos da cabeça , nem para dormir” .
Mas, tudo estava escrito. Somente nós , ainda não havíamos lido. A história é fantástica , tudo acontece sem que percebamos o que está em nossa volta.
Voltando na questão anterior, na estrada o perigo era constante, pois, além daquela poeira deixada pelos ônibus em alta velocidade, existiam ainda 24 pontes, confeccionadas de madeiras em forma de pranchas ou tábuas , e em péssimas Condições de conservação.
Às vezes ou quase sempre, ocorriam acidentes em virtude da existência dessas terríveis pontes.
Isso aconteceu por diversas vezes, e, estas viagens ainda iam ter uma duração por pelo menos uns 3 anos seguintes.
Na fase de implantação da nova Capital, tudo foi feito à base do improviso. Desde a hora do almoço, até a hora de dormir. Na questão da alimentação, as alternativas eram, ir para um daqueles restaurantes patrocinados pelo governo do Estado, que ficavam localizados às margens do córrego que passava ao fundo das improvisadas Secretarias. (Era um córrego de águas tão límpidas, que víamos o fundo do riacho, víamos as pedras os peixinho, a água era tão cristalina que realmente dava vontade de beber, porém, ninguém fazia. Mas ,para tomar banho e lavar as poucas roupas usadas durante a semana, ah!, isso não podia deixar de acontecer ), as refeições eram fornecidas através de um ticket refeição, ou para os mais abastados a alternativa era procurar uns dos poucos restaurantes existentes na mais nova Capital do mundo.
Uma coisa é certa, deixando de lado as questões mais complexas, hoje tudo parece ser tudo mais fácil. Aqueles que aqui chegaram no início , tiveram bastante dificuldades, passaram frio , desconforto total, correram risco de vida e outras coisas mais.
Tudo isso é muito importante, lembrar-mos daquela época , é como dar um passo atrás no tempo. “ Às vezes saia pela manhã, bem cedinho; observava o pequeno movimento da cidade empoeirada, ventos sujos de poeira cobriam as casas os órgãos públicos enfim nossas cabeças. Tudo para mim estava quase normal, não fosse estar muito longe de casa, da família. Passava dias com aquela angústia por dentro remoendo, pensando nos que ficaram. Na realidade pouco se lembravam de mim. Ninguém ligava ou correspondia pôr cartas. Eu estava aqui sem ninguém e sem nada .
“No dia 31 de julho de 1999, estivemos na cidade de Anápolis, fui visitar minha mãe que estava passando pôr um período difícil de saúde, esteve internada , mas agora está tudo bem. Está melhor, tomando seus remédios. No dia 06 de agosto , um dia após sairmos de lá, foi internada novamente, para retirar um líquido que estava se acumulando em seu abdômen, mas, já está em casa e esta bem. Hoje 08-08-99 falei com ela , com meu pai, jamil e gibra e juliana . Estavam todos bem. Foi bem na hora do almoço.
Agora são 22:00 horas, todos saíram para um aniversário, então aproveitei para escrever algumas linhas. Acho que vou comer um pouco. Espere estão chegando.
“Nem sempre aquilo que queremos acontece. Tudo depende de nossa capacidade positiva de pensar. Se, você é uma pessoa extremamente negativa, isto poderá lhe acarretar de alguma forma alguma dificuldade para conseguir aquilo que desejas”.
ESPAÇO...
Sobre o espaço , digo que sou fascinado. Adoro coisas relacionadas com a astronomia. Eu assino uma revista que trata de vários assuntos, de ciência, tecnologia, meio ambiente etc... Mas quando chega naquela parte que trata de assuntos de astronomia, planetas mundos distantes, aí sim, gosto de ler. Aprender mais. Tudo o que se relaciona com o universo de maneira geral , me prendo bastante. Ficção científica também e matéria que gosto muito.
Acredito que existe um ser superior a todos os seres viventes aqui na terra. Um ser grandioso, bondoso e bastante piedoso. Este ser, nos criou e nos deixou aqui para que aprendêssemos o verdadeiro valor da vida.
Tudo o que aqui se faz aqui se paga. Se fazes o mal , receberás o teu troco, não com a mesma maldade, mas, em forma de um ensinamento. A própria vida nos ensina.
Sobre os seres extra-terrestres, nós somos extra-terrestres, nós ainda não aprendemos a cuidar de nossa morada, pois , se fossemos daqui estaríamos valorizando o que é nosso.
A nossa vida é muito valorosa. O nosso corpo é a morada da nossa alma. Cuidemos bem dele, pois, senão, não purificaremos a mesma. Temos que ter vida longa para que consigamos purificá-la, para que tenhamos tempo, melhor dizendo.
Sou o que sou, nada faz com que eu mude o meu modo de ser. Posso até mudar, interiomente, porém , ninguém poderá perceber.
Palmas , 23 de setembro de 1999.
Hoje 28 de dezembro de 1999.
Estamos quase no fim do ano de 1999.
A cada dia que se passa, a nossa vida tem um sentido diferente. Hoje sentimos que não existe nada mais valioso que a nossa própria vida. Cada um de nós tem um sentido diferente dessa palavra “vida”.
“Para mim, vida significa um pouco de liberdade.” Pode significar também emoção; prazer; bem estar etc .

Assim , dentro deste contexto, podemos tirar nossas próprias conclusões. Hoje por exemplo, digo hoje no sentido de atualidade, compreendo muito bem a vida. Sei que não se resume apenas em trabalho e é isso que tenho feito, concilio tudo, trabalho e diversão.
Existe muitos questionamento sobre “Deus”, eu acredito que nós somos frutos de uma ação divino, nós somos produto da vontade de um “ser” muito superior, talvés este ser esteve aqui e criou o homem. Não posso discutir o assunto olhando pelo lado científico, porque a ciência é nossa aliada. O ser humano está dotado de inteligência para em nome da ciência possa descobrir meios capazes de facilitar a própria vida no planeta.
O universo.
Sobre esta imensidão, não conseguimos olhar para frente e imaginar até onde vai o universo. Alguns dizem que é infinito. Imaginamos nosso planeta dentro de tudo isso. É uma loucura .Sempre fazemos a mesma pergunta: até onde vai esta imensidão.
No pensamento de Andressa o universo é: é tudo fogo; tem ets; furacões ; vulcões.
Bom ! voltando àquele raciocínio, temos que : a cada vez que nos propomos a discutir sobre este assunto, nunca chegamos a um ponto “x”. Sempre existirão dúvidas. É claro que , a nossa maior dúvida será sempre aquela; existe vida inteligente além das que existem aqui?
O ser humano é o mais inteligente que existe neste planeta . e neste 100 anos as descobertas foram fantásticas, fomos á lua; se descobriu várias vacinas contra várias doenças. Claro que ainda existem várias doenças que ainda não se descobriu a cura, mas, certamente até o ano 2010 ou bem antes, teremos muitas doenças curadas, tidas hoje como incuráveis. Digo isto pelo fato de que a humanidade está muito preocupada com seu próprio destino.
Hoje , dia 22 de março de 2001.
Muita coisa já mudou, com certeza muita coisa desde o tempo em que aqui cheguei, confesso que as coisas que mudaram não foram coisas tão simples, a primeira, são os parentes que se foram, pessoas muito queridas e difícil de aceitar, mas vida e mesmo assim.
Hoje, temos quase tudo que queremos, nem tudo, mas, o que parece essencial, quem sabe algum dia teremos aquilo que sonhamos. Claro todo sonho nosso, é possível .
A cada dia que passa tudo parece estar diferente. A maneira de pensar muda a cada dia que se passa. Somos pessoas e como pessoas, somos mutantes. Cada segundo que passa de nossas vidas é computado como momento perdido ou experiência adquirida. Depende de que angulo estamos vendo a coisa. Nem todas as pessoas possuem este senso crítico. Não são todas as pessoas que possuem aquela vontade de descobrir o novo, de agarrar com vontade a novidade e de certa forma aprender também com as coisas novas.
Neste 11 de setembro de 2007, muitas coisas já mudaram, o mundo está completamente mudado.
Tenho que cumprir a minha missão. Ela ainda não terminou.. Este livro que estou esboçando, trata-se de uma história de uma moça e um moço, que se encontram, se conhecem e se apaixonam. Eles teem uma vida incomum. Cada um com o seu gosto, cada um com seu modo de pensar. Mas, enfim, muitas coisas também em comum..
Ejedib
Enviado por Ejedib em 27/08/2015
Reeditado em 05/02/2020
Código do texto: T5360811
Classificação de conteúdo: seguro
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