OS DESAFIOS DA SAÚDE NO BRASIL

O nosso modelo atual de saúde, denominado SISTEMA ÚNICO de SAÚDE (SUS), não deve ser analisado somente na visão pura e simplista de um modelo assistencialista. Todos nós sabemos das dificuldades enfrentadas pelos sanitaristas do início do século passado que viam a saúde como uma conjunção de propostas em prol da melhoria da qualidade de vida das pessoas. Destacamos nesta visão o trabalho de Osvaldo Cruz e Carlos Chagas. Em continuidade a esta visão nasce o espírito da reforma sanitária, que culminada com as conquistas da redemocratização do país na década de 80, cria um ambiente propício de discussão de um novo modelo de saúde que pudesse, sob a tutela do Estado, oferecer aos brasileiros (universalidade), sem distinção étnica, religiosa ou origem social (igualdade), de uma forma justa e prioritariamente aos mais necessitados tudo aquilo que ficou durante a maior parte do tempo oferecido somente aos que podiam ter acesso garantido por uma melhor condição de renda ou por privilégios governamentais. Não obstante a todas essas batalhas, duramente conquistadas pelos movimentos sociais (sindicatos, OAB, ABI e, em destaque, o papel da Igreja Católica através, principalmente, dos adeptos da Teologia da Libertação), o nosso modelo de saúde continuava a patinar na inoperância e na falta de efetividade para atender a inúmeros compromissos garantidos pela Constituição de 1988, também chamada de “Cidadã”, pelo seu teor altamente justo e benevolente quanto às demandas da sociedade, mas que em um estado totalmente desaparelhado e democraticamente mal-preparado como o nosso, passando a ser questionado quanto a sua finalidade e à sua sobrevivência frente ao impregnado conceito neoliberal nas mentes da elite brasileira, que lutavam em prol de um revés em função da perda do comando e do voto vencido na Assembléia Constituinte que redigiu essa constituição. Esses primórdios do SUS, sem dotação orçamentária definida, com inúmeras demandas a serem resolvidas e com clara oposição das elites políticas, fizeram do SUS um modelo duramente questionado e que precisaria sair do papel e avançar no sentido de sua finalidade e operacionalização.

No entanto, graças à luta incansável das forças democráticas e progressistas através de inúmeros idealistas, em destaque aqui o trabalho do Conselho Nacional de Saúde formado por representação de gestores estaduais e municipais e entidades representativas de toda a sociedade começou-se a discutir a importância da definição de recursos para o SUS. Não podemos esquecer a luta pela CPMF na época do então ministro Adib Janete, que apesar da conquista da mesma, ela se transformou não mais do que um novo imposto, tendo sido utilizada para inúmeras outras finalidades, não necessariamente promover os interesses do SUS.

Com a estabilidade da economia brasileira, cobramos, agora, que realmente o SUS saia da utopia e cumpra os seus objetivos. Entendemos que não somente a assistência seja o seu objetivo, mas que haja equilíbrio com promoção e prevenção. Conceitos como qualidade de vida, meio ambiente, riscos ocupacionais, saneamento básico e educação em saúde, também, possam ser compartilhados pelos novos gestores de saúde, mais bem preparados e conhecedores da importância do SUS, principalmente para os mais necessitados. E,que todos os atores envolvidos na sua construção não se esqueçam de acrescentar um ingrediente fundamental e indispensável para que isso aconteça que seria a humanização em todas as interfaces de relacionamento entre as pessoas.Precisamos mudar velhos conceitos incorporados do capitalismo selvagem e das práticas neoliberais e optarmos por um modelo social cristão para, somente assim,conquistarmos não somente o SUS dos nossos sonhos, mas a sobrevivência tão questionada para o final desse novo século. Só depende de nós e para isso a nossa participação é urgente e necessária. Não seja somente um crítico, ajude com a sua cooperação a mudar a nossa realidade. Que Deus nos abençoe.

Dr Marcelo Andre
Enviado por Dr Marcelo Andre em 21/06/2007
Código do texto: T536133
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