A contabilidade nas mãos – a segunda conta de um conto

A contabilidade começa pelas mãos. Independente de valores financeiros ou comerciais. O homem comerciante, praticando escambo, desde há muito tempo precisava contabilizar suas posses, e pode contabilizar seus estoques com as mãos. Sem a existência de uma moeda de troca era necessário contabilizar estoques. Para usos próprios e escambos entre outros comerciantes.

E cada qual estabelece os valores de suas tarefas, de seus trabalhos de criação e de colheita, para determinar valores e necessidades. Cada qual estima o quanto custou seus esforços e seu suor, o quanto vale aquilo que produziu. E o quanto pode pagar pelo que não produziu, mas precisa. Estratégias para fazer um escambo, uma troca entre mercadorias diferentes.

Há indícios bíblicos de que a contabilidade começou há muitos anos, antes da Era Cristã. Reis e rainhas precisavam controlar seus súditos e seu reinado, diante de fortunas e bens acumulados. E se algo acontece em um ponto do globo, acontece também em outro ponto do globo. Uma ideia pode surgir em vários pontos do planeta. Prevalece o conhecimento, daquele que fez anotações e pode transportar seu conhecimento. A história escrita prevalece sobre a história oral. E para entender algo que não foi escrito, é preciso se transportar no tempo, pensar como alguém de um determinado tempo possa ter pensado ou imaginado. Atravessar o tempo tal como arqueólogos fazem. Montando quebra cabeças com peças encontradas.

Todos sabem afirmar que uma mão de milho corresponde a cinquenta espigas. Mas ninguém sabe dizer onde começou; de onde vem esta história de uma mão de milho corresponder a cinquenta espigas. Assim podemos partir de uma dedução para criar uma explicação. Aquilo que não se sabe, analisa-se e interpreta-se.

Vamos supor que em um tempo distante, pessoas cultivassem milho e desejassem negociar. Levavam sua produção para as feiras que aconteciam em outras cidades. Vamos supor que os negociantes não soubessem contar, não soubessem usar os algarismos, e muito menos executar operações aritméticas. Para efetuar negociações tinham que criar estratégias. Estratégias que tivessem a certeza de não estar sendo lesado. Alguém lá neste tempo distante levou sua produção para uma

feira, e teve a ideia de formar lotes de espigas de milho. Como não sabia contar e usar os números, então usou os dedos, e fez lotes de espigas. Uma certeza ele tinha, a quantidade de dedos que tinha nas mãos, o interessado em adquirir o milho também tinha. Assim formou lotes de dez espigas, montando 4-3-2-1 espigas. Montou lotes tal como a quantidade de dedos nas mãos. Talvez dez espigas até pudessem ser carregadas com o auxílio das duas mãos.

O interessado em adquirir espigas, como não sabia contar também, usou os dedos para se comunicar, uma comunicação matemática. Com uma mão espalmada, e a outra segurando rédeas, declarou ao dono das espigas que desejava cinco lotes. Cinco dedos, cinco lotes. Como cada lote montado tinha dez espigas, o interessado em adquirir milho, levou cinco lotes de dez espigas, totalizando cinquenta espigas.

E assim fica teorizada a origem de uma mão de milho corresponder a cinquenta espigas. Inventamos? Não! Teorizamos. E quem tiver uma ideia melhor que apresente.

Rio de Janeiro/RJ ─ 13/10/2014

Texto produzido para: Contabilidade em Revista Natal/RN

Palavras Chaves: gestão; qualidade; conhecimento

Palabras Clave: gestión; la calidad; el conocimiento

Key Words: management; quality; knowledge

Roberto Cardoso (Maracajá)
Enviado por Roberto Cardoso (Maracajá) em 27/10/2015
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