A Relutância dos Professores diante do 'Óbvio'

Um dos grandes problemas dos escritores e dos palestrantes voltados para a área da Educação, especialmente direcionados a professores, é a frase "chavão" utilizada pelos nossos educadores: o assunto é óbvio. Para a maioria, o escritor encheu as páginas de seu livro com assuntos óbvios, que eles já cansaram de ler, e o palestrante encheu a apresentação de slides óbvios, e o resultado da palestra, conseqüentemente, não é muito positivo.

E por que tudo continua do mesmo jeito? Por que o ensino-aprendizagem cai a cada dia, a indisciplina piora, os prédios escolares são danificados pelos alunos? Porque os professores continuam sempre culpando tudo, mas não voltando para dentro de si mesmos e fazendo uma auto-análise profissional. Como a classe é resistente e desunida, a cultura dos professores precisa mudar. E essa é uma das tarefas mais difíceis para melhorar a Educação no Brasil.

Em meu livro "A Arte da Guerra para Professores" abordo temas considerados 'óbvios' para os professores, mas sob um enfoque diferente, voltado para a reflexão, para a mudança, para a valorização da classe.

Ouvi, recentemente, após uma palestra, o seguinte comentário de uma professora com bastante tempo de magistério: "Tudo isso nós já ouvimos. O problema é o processo." Pergunto eu: Que processo? Aquele que muitos professores e professoras vêem todos os dias no espelho de suas casas? Talvez. Por que há professores e escolas por esse Brasil afora que conseguem verdadeiros "milagres" sem material algum, somente com a criatividade, alcançando resultados positivos com seus alunos e com a comunidade em volta?

Culpar apenas o 'processo' e o sistema é muito fácil. Mas é necessário muito mais que isso. É preciso, entre outras coisas, que muitos professores peçam demissão por estarem na profissão errada, atuando como educadores sem nunca terem sido - ou por falta de opção de curso de graduação ou profissional -, estando ali apenas em busca de um emprego.

Isso nada tem a ver com Educação. Isso é óbvio?

Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 02/07/2007
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T549196
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