PENSAR NÃO MACHUCA O CÉREBRO

Lailton Araújo

Quando qualquer governo fala do IDH - Índice de Desenvolvimento Humano de seu povo e continua míope quanto à ética, ele quer tapar o sol com a peneira. Entender o significado da palavra moral, não é só uma questão de educação! São princípios elementares - aprendidos e exercitados - de boa convivência em grupo ou grupos, onde cada cidadão tem o dever de preservar os direitos e deveres comuns da sociedade proposta. O aprendizado é gradual - a educação é o fio da tecelagem. É como parir filhos! Só as mães sentem o processo biológico e a dor real do parto.

Educar custa caro! Alguém já fez a somatória das despesas com as mensalidades, livros, apostilas e outras taxas de qualquer curso nas universidades particulares brasileiras? Ou mesmo nas públicas? O tão sonhado diploma será o cartão para a inclusão social? A busca do conhecimento será o início da transformação do cidadão e do meio onde ele vive? Algumas manchetes da mídia nos últimos dias tendem a desfazer o mito, que a educação é o segredo da transformação. O que é educação? Será que a sociedade brasileira sabe o verdadeiro sentido de educar? Os exemplos de crimes cometidos por pessoas diplomadas e supostamente educadas, tendo como exemplos, políticos, jovens da classe média e alta, empresários e outros, mostram que a sociedade brasileira está doente e carente de outros valores humanos. Que valores poderão constar nos novos currículos escolares? A escola educa?

Os tecnocratas jamais questionaram a diminuição anual da qualidade das vagas, oferecidas nas escolas de ensino básico e nas universidades públicas e particulares. A população do Brasil cresce e os problemas aumentam e aumentarão ainda mais. As periferias das cidades brasileiras viraram barris de pólvora. Os verdadeiros educadores fazem mágica para cumprir o mínimo dos conteúdos curriculares. Mesmo com tiros de fuzis, fumaça e soldados da força nacional tentando manter a segurança, ou provocando a insegurança nas comunidades, a escola da vida ensina o segredo da sobrevivência em um mundo desigual. Salve-se quem puder! O morro não quer e não deve morrer!

Os valores morais estão sendo repassados para as crianças brasileiras? Será que os políticos brasileiros possuem um perfil ético para governar ou legislar em nome da população brasileira? Alguns desses políticos eleitos democraticamente pelo povo, e envolvidos em escândalos publicados pela mídia, possuem diplomas de graduação, mestrado e doutorado. As escolas que diplomaram tais indivíduos, a população que depositou seu voto de confiança e o TSE - Tribunal Superior Eleitoral, podem ter contribuído para que estes cidadãos - mal educados - ocupassem cargos públicos, mesmo com polêmica triagem baseada na Lei da Ficha Limpa. O que é educação? A educação ocorre no lar ou na escola?

Quais vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores e até presidentes, foram avaliados pelo ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio, ou ENADE - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes? Sabe-se que estes exames de avaliações escolares criados nos últimos anos, avaliam apenas conhecimentos gerais, e qualidades técnicas dos ensinos médios e superiores, de estudantes e instituições de ensinos. Estes citados exames criados e monitorados pelo Ministério da Educação, não avaliam a postura ética do estudante, futuro profissional da área privada e pública, e que poderá ser o político que representará uma comunidade, município, estado ou país no futuro!

Que tal a criação de uma nova sigla: ENAQIP - Exame Nacional da Qualidade Individual do Político. Poderia substituir a já comentada, e ineficiente Lei da Ficha Limpa. Na posse e final do mandato de qualquer político brasileiro, o novo exame seria aplicado da seguinte forma: 105 questões de múltiplas escolhas, no total - com os conteúdos de português, matemática, geografia, história, política social, ética pessoal e solidariedade - distribuídas em iguais quantidades de 15 questões. O candidato em referência teria a obrigação de atingir um índice de acertos, acima de 80%, nas disciplinas que tratam de política social, ética pessoal e solidariedade, quando fosse avaliado. Quem avaliaria? O próprio candidato colocaria a nota em forma de porcentagem, em uma auto-avaliação! Seria um atestado de hipocrisia ou óbito político. A classe política do Brasil, com seus aspirantes aos cargos legislativos, executivos e de confianças, nas instituições públicas e estatais, precisam ser o referencial para toda a sociedade. Se isso ocorrer, o restante da comentada sociedade poderá acompanhar este processo politicamente correto, ou incorreto, na visão de quem acha que educação vem do lar e a escola pode lapidar!

O jeitinho brasileiro de dá nó em pingo d’água e outras artimanhas, criam universos paralelos e até anti-sociais. A educação não termina na colação de grau, com direito a diploma de doutor, e anel no dedo em dia de formatura. Canudos ou títulos não foram apenas criados para enfeitar paredes ou dá status. A educação é contínua! O educador deve repassar o conhecimento adquirido no lar, na escola ou na vida, para todos que estejam carentes de educação ou mal educados. Conhecimentos acumulados e guardados, sem princípios éticos, ou apenas com interesses pessoais e materiais, deseducam a educação e os educandos que ainda tentam buscar na escola, a tão sonhada e necessária educação.