A MULHER, SÍMBOLOS E ESPERANÇAS
     “Eu não aguento mais apanhar”. Essas teriam sido as últimas palavras de Eliza Samúdio, ex-amante do goleiro Bruno. Para quem não se lembra do caso, ela teve o filho recém nascido arrancado dos seus braços, ficou presa na casa do goleiro onde foi espancada várias vezes por seus algozes. Segundo o inquérito policial, ela pronunciou essas palavras quando foi levada para um assassino “especialista” em fazer desaparecer corpos.
     As últimas palavras de Eliza Samúdio soam simbolicamente como o grito surdo de milhões de mulheres ao longo da História. É apenas uma entre as milhares de histórias de medo, espancamentos e assassinatos. Essas palavras simbolizam todo o processo histórico de violência contra as mulheres. Essa violência que tem diversas faces físicas, sociais, econômicas, políticas, culturais e psicológicas.
     No campo específico da sexualidade, basta lembrar que em pleno século XXI, ainda existem mais de vinte países no mundo onde as mulheres têm o clitóris, os pequenos e os grandes lábios arrancados, muitas vezes no corte à faca ou gilete. Essa mutilação física e psicológica ocorre para impedir o orgasmo. Mesmo algumas culturas alegando “causas” religiosas, ocorre aí o medo consciente (ou inconsciente) do homem ser traído. A cultura machista sempre colocou, e ainda coloca, o prazer sexual como um Direito masculino, daí essa prática de barbárie humana.
     Como não lembrar as milhares de mulheres que foram torturadas e queimadas em fogueiras nas praças públicas como “bruxas”, através do “Santo Tribunal da Inquisição” durante os séculos de poder pleno da Igreja Católica. Como não lembrar o “Direito” em algumas culturas do homem poder espancar a mulher. Como não lembrar que, ainda hoje, mulheres podem oficialmente serem apedrejadas até a morte. Como não lembrar também a morte simbólica pela opressão e exploração.
     A Mulher simboliza a vida, a beleza, a sensibilidade, a poesia, o prazer. Mas também representa a luta, a determinação, a conquista, a dedicação, a competência e a superação. A sua luta histórica pela libertação e por um mundo melhor, traz a tona heroínas que foram capazes de marcar para sempre a humanidade. Basta lembrar alguns poucos nomes: Anita Garibaldi, Ana Neri, Clarice Lispector, Cleópatra, Joana D’Arc, Madre Tereza de Calcutá, Olga Benário, Margarida Maria Alves (líder sindical assassinada na Paraíba)... E milhares de Margaridas florescem para o mundo.