Literatura nas escolas

Há tempos que “Literatura” tornou-se matéria obrigatória nas escolas. Em um país que segura a lanterna em listas internacionais sobre o interesse pela leitura, a missão de nossas escolas parece hercúlea e ingrata. O senso comum está careca de saber: jovens detestam ler. Mas ainda assim as instituições de ensino persistem. E dá-lhe Machado de Assis, Mário de Andrade, Modernismo, Movimento Antropofágico, Romantismo, Camões, e todos os clássicos “obrigatórios”. Os professores recitam emocionados clássicos da poesia. Os alunos ouvem, anotam, talvez até prestem atenção. Fazem tudo o que se espera de bons alunos. Menos uma coisa: ler.

Não se estuda Literatura nas escolas. Estuda-se História da Literatura. O ensino dessa matéria se encontra mecânica, enfadonha, listando clássicos absolutos, mas não se preocupando em incutir nos alunos o que realmente interessa: o gosto pela leitura. Os livros escolares são meros “tijolões”, preparados sob medida para fazer passar no vestibular, mas não para despertar paixões. Há a necessidade de se adotar nas escolas obras leves, divertidas, joviais. Apresentemos aos nossos alunos os textos de Jô Soares, sempre nos apresentando momentos e personagens históricos de maneira divertida. Apresentemos as crônicas de Luís Fernando Veríssimo, tão divertidas quanto atuais. Apresentemos os mundos mágicos de Tolkien, de C.S Lewis.

Até mesmo romances gráficos deveriam ser adotados. Romances gráficos sim senhor, ou “histórias em quadrinhos” como são conhecidas. Façamos com que nossos alunos riem e se deliciem com a politizada Mafalda, de Quino. Ou com a rebelde e juvenil filosofia de Calvin, criação genial de Bill Watterson. Até mesmo obras mais sérias, como V de Vingança, de Alan Moore, um exemplo perfeito de um governo totalitário, e uma crítica ácida ao governo de Margaret Tatcher. Deixemos as obras clássicas para o Ensino Médio e para o vestibular. No Ensino Fundamental, no entanto, devemos incutir nos jovens o gosto pela leitura, enquanto ainda são pequenos.

Com bom senso e criatividade, os professores de Língua Portuguesa podem transformar seus alunos em leitores apaixonados. Basta se lembrarem de como foram suas infâncias, os contos de fadas dos quais gostavam. Seus alunos podem até não saber nada das escolas literárias. Mas vão aprender uma coisa fundamental: o gosto pela leitura.

Machado Machado
Enviado por Machado Machado em 09/07/2007
Reeditado em 09/07/2007
Código do texto: T558070