"Internetês": nossa língua na Internet

Deixou de ser novidade o importante papel da Internet nas comunicações e relações sociais. E com a rapidez destas, começam a surgir mutações um tanto bizarras na Língua Portuguesa usada na "web". É o "Internetês", uma variação do idioma nacional adaptado à velocidade e modismos da cybercultura. Trocam-se letras, engolem-se sílabas, tudo em nome da rapidez, ou simplesmente de uma linguagem mais estilizada. Acadêmicos e professores se apavoram vendo nossa sintaxe se distorcer de maneira assustadora no território sem leis dos sites de relacionamento, sem qualquer pudor ao Aurélio ou ao Houaiss.

Os jovens (quem mais?) saem na vanguarda como principais entusiastas dessa nova linguagem. E estão certos. As línguas sempre foram organismos rebeldes, metamórficos. E embora linguistas se arvorem a organizar dicionários, categorizar palavras, na vã tentativa de domesticar o indomesticável, é a simpática e displicente linguagem coloquial quem dita as regras do cotidiano. As línguas sempre foram produtos de seu tempo, conectando-se com outras culturas e incorporando novas regras. Foi assim que "Vossa Mercê" virou simplesmente "você". Foi assim também que o trema caiu no ostracismo, no desuso. O "Internetês" nada mais é que a nossa língua tentando se adaptar à velocidade imediata da Internet.

Isso não significa que tenhamos que ter uma juventude tão conectada quanto iletrada em nossas escolas. Não significa que tenhamos que aceitar "casa" escrita com "k" em nossas dissertações. Mais uma vez, entram nossos valentes e heróicos professores, que com mentalidade aberta e receptiva (assim esperamos) mostre aos alunos as diferenças da linguagem virtual e a gramática normativa atual, que não obstante, deve ser respeitada.

A Internet abriu um mundo de possibilidades aos jovens. Um mundo de conhecimentos. Alguns fúteis, é verdade. Outros, valiosos. E a "cyberlíngua" é apenas mais um produto de novo e gigantesco mundo virtual.

Machado Machado
Enviado por Machado Machado em 09/07/2007
Reeditado em 03/08/2007
Código do texto: T558296