AS CORES TÊM VIDA PRÓPRIA (E ATUAM EM NÓS)

Por que é tão difícil encontrarmos paredes de uma casa pintadas de vermelho? Pode um hospital usar tetos azuis nos leitos ao invés de brancos, e ainda melhorar a saúde dos pacientes? É possível que uma cor, como o amarelo, faça mal à saúde?

Por mais incrível que pareça, as cores são capazes de atuar na emotividade humana. Cientistas acreditam que agem também no funcionamento do organismo, estimulando ou inibindo ações dos diversos órgãos. A escolha de que cores serão usadas em uma peça publicitária, por exemplo, pode levar ao sucesso do produto ou ao seu fracasso.

Para definir quais cores usar em uma campanha, psicólogos resolveram auxiliar os publicitários. Nomearam as cores em quentes e em frias. Vermelho, laranja, alguns tons de amarelo e de roxo fazem parte do grupo das quentes. Elas parecem nos dar uma sensação de proximidade, calor, densidade, além de serem estimulantes. As cores frias – verde, azul, outros tons de amarelo e de roxo – parecem distantes, leves, transparentes, e são acalmantes. Com as cores estabelecidas, comunicadores e marketeiros podem fazer suas criações visando o resultado que cada cor terá no receptor.

Quanto às embalagens, os publicitários já perceberam que adultos e idosos tendem a comprar produtos contidos em pacotes azuis, enquanto os jovens preferem cores fortes, como o vermelho. Não é a toa que redes alimentícias como o McDonald's e Habib's usam o vermelho e o amarelo em suas marcas. São cores estimulantes, que provocam sensação de fome e atraem pessoas mais novas. Da mesma forma, embalagens de chocolate e salgadinhos são sempre em cores quente – vermelho, laranja e amarelo, no caso dos Fandangos da Elma Chips, por exemplo. As cores frias são usadas em produtos como os de limpeza – azul e verde são os mais escolhidos.

Alguns tons, historicamente, já adquiriram utilização fixa. O azul, por exemplo, é usado em controles de equipamentos elétricos; o laranja, em partes perigosas de máquinas e equipamentos; usa-se vermelho como proteção contra incêndio. No semáforo, convencionalmente, todos sabem o significado das cores vermelho, amarelo e verde: Pare! Atenção! Siga! As cores, dessa forma, tornam-se signos visuais, ou seja, as pessoas a quem se dirigem sabem o significado – pré-estabelecido por uma convenção.

Mas, independente de convencionalidades, as cores atuam no psicológico e no fisiológico das pessoas. O corpo reage à cor. O vermelho estimula as emoções; perturba o equilíbrio de pessoas normais; provoca nervosismo; fortes dores de cabeça; superestimula o sistema nervoso e ainda é perigoso para o sistema digestivo. Por isso é tão difícil vermos uma casa com a parede da sala pintada de vermelho.

O branco reflete intensamente a luz. Pode, então, ocorrer o fenômeno do ofuscamento, que confere ao paciente uma sensação de cansaço e de peso na cabeça. Portanto, recomenda-se que não seja branco o teto de um quarto onde está um doente, mas sim azul. Este, por sua vez, fornece ao paciente uma sensação de calma, tranqüilidade e bem estar.

Apesar de parecer estranho, o amarelo aumenta a pressão arterial e os índices de pulsação e respiração. Favorece também indigestões, gastrites e úlceras gástricas. Em carros ou aviões com o interior pintado de amarelo os passageiros estão mais sujeitos a ter enjôos. Portanto, o uso excessivo de amarelo faz mal à saúde sim.

Fernand Léger, artista plástico que utilizava das influências das cores em suas obras, disse que “cada pessoa tem a sua cor, consciente ou inconscientemente, mas ela se impõe na escolha dos dispositivos diários, como móveis, estofos e vestuário”. Cientistas e cromoterapeutas comprovam essas experiências vivenciadas no dia-a-dia. Muitas preferências sobre as cores se baseiam em associações ou experiências agradáveis tidas no passado. Por isso, as pessoas têm as cores preferidas e as mais detestadas. Há quem não use roupas roxas porque lembra a morte de alguém querido. Mas há também quem use apenas roxo em reuniões, porque acredita dar sorte.

Em experiências comuns às pessoas, cientistas perceberam que o branco sempre traz sensação de pureza, paz, e o preto de mal, tristeza. O vermelho, cor da paixão, lembra também coragem e calor; o verde, natureza e tranqüilidade. Dessa forma, em qualquer lugar do mundo, cada cor traz uma sensação e atua no nosso organismo, como uma bactéria ou qualquer outro ser vivo contra o qual não podemos lutar.

Raissa Bugança
Enviado por Raissa Bugança em 11/07/2007
Código do texto: T561230
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.