Procuro-me

Procuro-me

Ei, ei

Onde estou?

Você me viu?

Você me conhece?

Eu me conheço

Mas não reconheço

Perdi-me, perdime, me perdi

Não sei onde fui

Não sei aonde vou

Só sei o que fiz

Ei, ei

Onde estou?

O que tenho?

Que faço da vida?

Já sei

Talvez mudei de vida

Meu estômago dói onde já não doía

Minha cabeça dói onde já não doía

Que passa comigo?

Oque falo da luta?

Será que era príncipe?

Será?

Será que virei sapo?

Será que sou bruxa

No espelho não mais me encontro

O rosto desfigurado

Transtornado, transformado

Já não dá a velha visão jovial

Talvez pereci no tártaro da antivida

Quem sabes esqueci os versos da ruptura

Preso em meu próprio coração angustiado

Incendiado pelo ardente rabo de cometa

Estou na chuva?

Estou ao Sol?

Estou na noite?

Estou ao dia?

Quem vir-me

Dê-me um abraço apertado

Sussurre ao meu ouvido

Hablas amor pra mim

Se encontrar

Digas,

Vai digas

que tenho saudades de ti

Saudade da cordialidade

Saudade da solidariedade

Saudade da sensibilidade

Saudade do pão e do café

do corpo mirradinho

mas firme e forçudo

Quem sabe hoje

Inchado na beira do rio

Carcomido pelos abutres

Morto em vida

Vagando sujo e maltrajado

Sem gosto pelo mundo

Codinome vagabundo

Caminhando de pés nus e pesados

Sob a eterna trilha de prego enferrujado

Odor de aguardente, miolos torturados

De ponta cabeça no abismo

Lacrimejando vidro moído

Estrela apagada

Retina ofuscada

Cerrados os cílios

O estômago dói onde já não doía

A cabeça dói

Aonde já não doía?

Diga a mim

Volte

Tem gente que me quer bem

Mesmo que não seja ela

Mesmo que não seja aquela

Mesmo que não sejas bela

Mas que seja alguém

Diga que estou solitário

Mesmo que não esteja solitário

Peça que volte

Tenho saudades de mim

Ass: Góes

Góes
Enviado por Góes em 10/10/2005
Código do texto: T58482