Harry Potter e o Feitiço da Leitura

É com prazer que este autor retoma a pena (ou, mais convenientemente aos tempos modernos, o teclado) para discorrer sobre livros. Livros que são adorados por multidões, e desprezados por alguns que se julgam superiores demais para ler obras tão simplórias. Esse é um assunto mais que recorrente nos textos já publicados. Aproveitando o lançamento do último livro da coleção Harry Potter, conversemos sobre esse fenômeno literário que injetou tinta nova no mundo editorial.

Muitos acusam a obra britãnica de possuir linguagem rasa, personagens unidimensionais, sem profundidade ou moral ambivalente. Não que as críticas sejam de todo infundadas. São, porém, injustas. Injustas com uma obra que desnorteou pessimistas, os quais professavam o ostracismo do livro num mundo pós-Internet. Injustas com uma escritora que realizou o prodígio de relegar aos videogames, computadores e televisões o papel de meros coadjuvantes, trazendo de volta ao palco principal da cultura pop aquela midiazinha arcaica e supostamente sem atrativos: o livro. Tudo isso em plena Era Digital.

A agora bilionária Rowling observa o universo juvenil como poucos. Sem paternalismos, sem esterótipos, conduz uma narrativa envolvente de mistérios sombrios, tudo isso enquanto desenha ao fundo um cenário mágico. O principal triunfo desse cenário é que ele assemelha-se muito ao nosso. Bancos financeiros, política, burocracia suja, esporte nacional, estudantes entrando e saindo da vida escolar, nada muito diferente do cotidiano real. Apesar das magias e referências mitológicas, a fantasia da escritora é pé no chão.

Desafio educadores, especialistas, escritores e demais preocupados com a juventude mundial a fazer mais pelos jovens do que J.K Rowling. Seu herói desbancou o senso-comun que afirmava categoricamente a impossibilidade de um interesse autêntico pela escrita. Resgatou magos e dragões, que pareciam esquecidos num passado nostálgico, e junto com eles resgatou a magia da leitura, esse sim um feitiço maravilhosamente real.

Machado Machado
Enviado por Machado Machado em 06/08/2007
Reeditado em 06/08/2007
Código do texto: T595815