Óbidos - Pará - Fundação

CONTEXTO DO BRASIL COLÔNIA – Séculos XVII-XVIII

Para o entendimento de como surgiu a Aldeia Pauxis, considerada como o marco da fundação de Óbidos, município do Pará, norte do Brasil, é interessante caracterizar, apesar de forma simplista, que tempos eram aqueles.

Os tempos eram de descobertas graças à expansão do desenvolvimento da tecnologia naval por espanhóis e portugueses.

A seguir dessas descobertas, os territórios precisavam, senão se expandirem, manterem seus limites por defesa, por meio de força armada dos descobridores, contra invasores europeus.

Além disso, o objetivo era colonizar as terras descobertas e torná-las empresas mercantis rentáveis. Para tal, era necessária mão de obra barata, a escrava.

Por outro lado, os nativos encontrados deveriam ser transformados em gente, segundo o conceito da Corte, e, para tal, convertidos ao cristianismo.

Assim, dentro desse contexto, duas ações estavam presentes sempre naquela região, onde o Amazonas é mais estreito: a ação dos missionários e a, dos governantes da colônia.

CONQUISTA DA AMAZÔNIA

A conquista da Amazônia, no período colonial, somente foi possível graças à atividade militar. Nossos colonizadores tiveram que lutar contra concorrentes franceses, ingleses, irlandeses, holandeses e espanhóis. Essa gente procurava apoderar-se da região, por meio de relacionamento comercial com os índios e de estabelecimento de feitorias e fortificações.

As ações das tropas, apesar de terem razões econômicas, tinham sentido militar e se orientavam pela política da Coroa portuguesa, que postulara a necessidade de marcar seu domínio com casas-fortes estrategicamente localizadas.

Em 1637, o consagrado sertanista Pedro Teixeira fez o mesmo que fizera Francisco Orellana em 1541: subiu o Amazonas em direção a Quito. Assim como o explorador espanhol, Pedro Teixeira observou a garganta do Amazonas e constatou sua posição privilegiada e sua importância para a defesa da região. Localização ideal para construção de fortificação.

Essa ideia não foi aproveitada de imediato, pois Portugal tinha como prioridades os territórios de fronteira com colônia francesa e o Forte Presépio em Belém.

Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, representante da Coroa no Brasil, governou por duas vezes, em 1685 e 1695, a Província do Maranhão e Grão Pará.

Em seu primeiro governo, designa Francisco da Mota Falcão, para a coordenação das construções dos fortes daquela região, autorizadas pela Provisão Régia de 15 de dezembro de 1684, que definira quatro casas-fortes pelo rio Amazonas acima: uma no Tapajós, outra no rio Negro; outra no rio Trombetas; e outra no rio Madeira.

Para essa atividade, Francisco Mota Falcão escolheu como seu homem de confiança o filho Manuel da Mota Siqueira que, posteriormente, com a morte do pai assumiu a coordenação dessas construções

ALDEAMENTO PAUXIS – FORTE PAUXIS – ALDEIA PAUXIS

Não se sabe ao certo, naqueles tempos, o quantitativo de índios da região, mas as estimativas sempre chegaram a mais de duzentos mil índios. No interesse dos colonos, índios disponíveis para a exploração mercantil e no, dos missionários, disponíveis para serem catequisados.

Entretanto, devido ao sucesso em fazê-los colaborar por meio de trabalho de conversão em outras regiões, os colonos e os governantes, de pronto, apelaram aos religiosos, para o mesmo trabalho.

Em 1693 e 1694 D. Pedro II, rei de Portugal, procedeu à divisão das áreas daquela região, para o trabalho missionário entre as diversas ordens religiosas, que lá atuavam.

Em 1697, o governador do Estado Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho recolocou o estreito do Amazonas como prioridade e cogitou imediata construção de fortificação em uma de suas margens. Mas, para decidir com mais propriedade, subiu o Amazonas com comitiva e conheceu a situação real de segurança daquela região.

Quando naquele ano de 1697, Antônio de Albuququerque Coelho de Carvalho, governador da província do Grão Pará, subiu o Amazonas, levou consigo representantes daquelas ordens religiosas. Coube aos Prelados de Santo Antônio e da Piedade acelerarem a catequese dos indígenas, que viviam ao longo do Amazonas.

Nessa mesma época, Manuel da Mota Siqueira trabalhava na construção de alguns estabelecimentos militares: São José do Rio Negro; Acaqui; Santarém; e Paru. Como Coelho de Carvalho, em sua visita, não os considerara em boa situação, ordenou a Mota Siqueira que, em vez de erigir a última fortificação em Acaqui, aguardasse sua orientação sobre construí-la em uma das margens do estreito.

Encaminhado o assunto ao rei de Portugal D. Pedro II que, após ouvir o Conselho Ultramarino, aprovou e ordenou a construção da fortificação no final do mesmo ano.

Nesse mesmo ano de 1697, dois frades da Piedade organizaram o aldeamento dos Pauxis, bem como trouxeram outros grupos para aumentar o povoado que surgia em torno de onde se localizaria o Forte.

O nome escolhido e dado ao forte a ser construído foi o de “Pauxis”, referência à tribo Pauxis que vivia na cercania do núcleo militar.

São dois os significados dados à palavra “Pauxis”: originada de “Espaua-Chuy”, ou “Espauchy” - lago dos Pauxis; e originada da palavra “Pauicé”, significando Mutum, ave de plumagem negra, que dava nome aos tapuias existentes na Aldeia dos Pauxis e que marca o tempo, cantando ou piando de tantas em tantas horas.

Não somente os Pauxis participaram da construção da fortificação em taipa com cobertura de palha, mas, também, outras tribos que viviam na região, entre outras: Baré; Kaxuyana; Mundurucus; Maués; Mepurkis; Arapiuns; e Conduris.

Com a instalação de quatro peças de artilharia nascia o Forte Pauxis.

Para guarnecê-lo, um destacamento e lhe acresceram à defesa contra invasores as funções: de fiscalização das embarcações com relação ao tráfico de índios e das drogas do sertão; e a cobrança de dízimos à Coroa Real.

Os dois núcleos o militar e o missionário, ou ainda, o aldeamento Pauxis e a construção do forte justificaram em 02 de outubro de 1697a criação da Aldeia dos Pauxis. Data histórica da fundação de Óbidos.

O aldeamento alternou ciclos de boa convivência entre o comando do Forte e os missionários com outros de conflitos, motivados pela divergência entre objetivos com relação aos indígenas. Um desses conflitos teve consequência o despovoamento da aldeia.

Os conflitos levaram a uma divisão administrativa: um núcleo dos capuchos, que era chamado Aldeinha; e o núcleo indígena mantido pelos comandantes do núcleo militar.

FONTES:

LIVROS:

História de Óbidos – Arthur Cezar Ferreira Reis; e

História de Óbidos: Carlos Augusto Sarrazin Vieira.

SITES:

chupaosso.com.br;

recantodasletras.com.br; e

wikipedia.org.

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J Coelho
Enviado por J Coelho em 30/04/2017
Reeditado em 11/05/2022
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