Artigo: Literatura, o mundo dos sonhos? Quem te iludiu!?

Quando publiquei o último artigo, fiz alguns comentários e referências sobre Fernando Pessoa, sua poesia e seus amigos imagináveis.

Instantaneamente recebi uma mensagem no meu correio eletrônico, dizendo que ninguém merecia a publicação de poesias em coluna que trata de DIVERSIDADE. Fiquei preocupado com essa colocação, pois não vejo o porquê de tanto espanto, em relação à questão literária ser colocada como respaldo à condição social de DIVERSIDADE.

Utilizei Fernando Pessoa e seus heterônimos para propor uma reflexão sobre nossa luta cotidiana na busca de uma identidade, tantas vezes roubada por uma questão de discriminação social e por ideologias familiares.

Porque não podemos apreciar a literatura como forma de expressão política? Na verdade ela é isso mesmo, uma forma camuflada de protesto e repudia às problemáticas sociais. Precisamos repensar essa idéia de que a literatura é algo para intelectual entender e uma forma de exclusão dos menos favorecidos de inteligência.

Nossa coluna trata da DIVERSIDADE, sem restrições de conteúdos, pois seríamos hipócritas se a fizéssemos. A proposta é tratar de todos os assuntos que possam acrescentar algo na vida de todo e qualquer SER humano, sem separação de sexualidade e/ou raça.

Quando me referenciei a Fernando Pessoa foi com intenção de mostrar que através de sua obra cada leitor poderia refletir sobre sua personalidade e seu desejo subconsciente de assumir outra identidade em algum momento de sua vida, bem como propor uma discussão sobre até aonde vai esse desejo. Muitos vivem enclausurados em suas cúpulas de imagem que refletem alguém que não são. Por opção? Talvez sim, mas a maioria por medo da uma reação discriminadora de uma sociedade que julga ser a “dona da verdade”.

É inegável que nosso mundo está massacrado por tanta desordem e violência, e que isso só será resolvido a partir do momento em que todos tomarem por sua responsabilidade cada problema enfrentado por um todo social. Aluísio de Azevedo em O cortiço já tratava dessas mazelas sociais, Carlos Drummond de Andrade diz em uma de suas maravilhosas poesias que: “Precisamos mudar esse país, escondido atrás das florestas...” e reafirma de que “Todo ser humano é um estranho ímpar”. Talvez esse seja o motivo de alguns não apreciarem tanto as obras literárias, por serem pessoas ímpares. Cada um com suas intenções e gostos, cada um com suas ideologias e opiniões, e graças a Deus por isso! Pois uma homogeneidade nesse sentido seria a proliferação de uma mesmice sócio-cultural. Agora, literatura ser o mundo dos sonhos, quem te iludiu?!

Decidir quem está certo ou errado? Decida você!

Lembrando sempre que: Respeito à DIVERSIDADE é bom e nós gostamos!