A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA PSICOLOGIA NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM

A diferença entre a dor e o prazer

está na interpretação cerebral.

Cabe ao cuidador motivar o paciente

a buscar o prazer em detrimento

da dor"

Paulo Marques

Uma amiga psicóloga hospitalar de um centro oncológico relatou-me que havia uma paciente idosa neste hospital. Quando esta chegou acompanhada de sua sobrinha, uma enfermeira desejando ser delicada disse em tom infantilizado: “bom dia vovó! Tá preparadinha pra cirurgia para ficar boazinha logo?” A mulher por sua vez respondeu de forma austera ficando profundamente magoada com a recepção. O câncer não reduziu as faculdades mentais nem as habilidades desta senhora, mas o ambiente a enclausurou em uma redoma chamada enfermidade.

Segundo a OMS, saúde é o completo bem-estar físico social e emocional. A enfermidade naturalmente abala as três estruturas e os profissionais devem estar preparados para lidar com o comodismo, a falta de dinheiro, o medo, a cobrança, a angústia, a insatisfação, a falta de cooperação e a ira do paciente e de seus familiares. Principalmente os enfermeiros que trabalham na linha de frente necessitam de uma estrutura emocional e metodológica muito bem adaptada para lidar com as mais inusitadas e complexas situações.

Daí a importância de uma sólida preparação do futuro enfermeiro dando a este subsídios e recursos da inteligência emocional e modelação do comportamento para agir com profissionalismo e asserção no cotidiano profissional. Este artigo não propõe que o técnico de enfermagem transcenda sua função e vá atender psicoterapicamente o enfermo nem caia nas armadilhas do “psicologismo”. Mas sim desenvolver nestes habilidades assertivas humanas aprendendo a respeitar a subjetividade do indivíduo valorizando-o enquanto pessoa e fomentando a saúde.

Enfim, o profissional da saúde preparado que tem consciência da dicotomia entre o indivíduo e a doença, capaz de lidar com o paciente enquanto pessoa com possibilidades de melhora, tem plenas condições de desenvolver no paciente fatores decisivos no processo de cura. Mesmo que esta não seja possível, ao menos o paciente pode experimentar o bem-estar no processo de tratamento.

Paulo Marques
Enviado por Paulo Marques em 25/08/2007
Código do texto: T622875
Classificação de conteúdo: seguro