AtOalidades

Com os amigos mais próximos presos a compromissos supervenientes, o casal Michel e Marcela deve passar uma Páscoa na domesticidade acolhedora do Jaburu. E não é primeiro de abril. A vida agitada de hoje em dia não poupa a ninguém. Muito menos àqueles incumbidos institucionalmente de zelar pelo comum bem.

Muita trepidação mundafora com o Edito - é, dito - da abolição do Inferno pelo Papa Francisco, que marcha firme e sereno em seu sexto ano de pontificado. O céu, contudo, pode esperar. E quem sabe até ser reformado para comportar tantas almas que já andavam desesperançadas de um tão bem vindo indulto. Nesse meio tempo, a literatura religiosa hoje disponível terá que ser adaptada e desde que criada por Guttemberg, a imprensa nunca se viu diante de tamanhas expectativas. Se as casas de edição do Brasil estiverem atentas, vão certemente entrar nesse bolão da felicidade, do emprego e da reabilitação de seu papel. Literalmente.

Os relativamente raros habitantes do Ártico, conhecidos mais comumente sob a denominação de esquimós, parecem indiferentes ao breu em que se veem mergulhados por meses a fio e a frio durante os meses invernais de tão altas latitudes. E tem ao menos a garantia de que seus lares não se derreterão nesse período. Além de disporem de mais condições de estreitarem seus laços conjugais, familiares, e outros mais. Tudo na santa paz.

Com suas fundas em punho, habitantes da chamada Faixa de Gaza, desafiam os fuzis UZI e abUZI das poderosas forças israelitas. O placar do embate de ontem deu 15 a 0. E a tensão reinante promete mais disparatados embates. Esses intrépidos moços estariam fazendo isso por acaso, por teimosia, ou qualquer outra ingrizia, insurgindo-se feito Davi, contra o Golias dali? E ambos os lados se apossam de verdades únicas, absolutas, obsoletas, e indiscutíveis. E do alto de Calvário, Jesus deve ter visto tudo antes de seu derradeiro suspiro.

Completam-se hoje, além do aniversário do enforcamento de Judas Iscariotes, 54 anos da que se pretendeu redentora revolução do Brasil. Terceiranista no ginásio então, vi colegas animados, exibirem nos dias seguintes anéis de ferro com a inscrição "Dei ouro para o bem do Brasil".

Era o começo um periodo plúmbeo para nossas instituições, nossas esperanças, nossa cidadania e a noção da Pátria Gentil. Lembra-me que um colega de turma, o Luís Cometa, judicioso como sempre, profetizou:

vão fechar as escolas. A profecia lusíada não se cumpriu ipsis literis, mas realizou-se num sentido mais profundo, fechando consciências e semeando a cizânia.

Um Sábado de Aleluia sem a queima do Judas faz sentido? E os testamentos de outrora, lidos em praça pública eivados de jocosidades, para o delírio das massas, que grande perda para a humanidade...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 31/03/2018
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