Keeping up with the Mirandas

A infindável série televisiva Keeping up with the Kardashians deve ser conhecida no mundo todo. E agora, pra breve, anotem aí: até na Coréia do Norte. O título diz tudo - algo como Convivendo com as Kardashians - e a sua replicação alhures é uma tentação mais forte de que, eu imagino, a abertura de uma nova seita Evangélica.

Aquelas moças, sempre ocupadíssimas com montar, desempenhar, e filmar sua auto-imagem, vão além a imaginação. Sempre juntinhas em suas mansões, ou na programação cotidiana, vão além de impecáveis na apresentação de unhas, cabelos, e (ul)trajes. Um show que cascadeia numa volúpia de fazer inveja, suponho, nos nossos BBBs da vida. E tudo na maior decência cênica, como o padrão americano determina. Um ou outro deslize, acaba sendo perdoado, apreciado, e até copiado, como o caso dos convescotes ao leito, de botinhas e de casacos de vison.

E todas são mais que influencers. Passam a ser role motels, perdão, models. Os eventuais companheiros masculinos ou nem tanto que lhes surgem são meros e eventuais coadjuvantes. Irrelevantes, mesmo quando ostentam tatuagens monstros e correntinhas, piercings e outros adereços da mais pura ouriversaria.

E agora, ao que entendi, ao invés de ficar ouvindo os ensinamentos do Missionário Só Ares, o canal Like, vai apresentar uma versão brasileira desse mega-êxito televisível. E a família Miranda, sempre à mão, cai como uma luva para a situação. Mirandas são Gretchen, sua irmã Sula, Thammy e outros consanguíneos e próximos que vamos ver nos desdobramentos, e passar a lhes devotar nosso ufanismo em ser co-nacionais. No meu caso até, parente. Distante não sei quanto, mas certamente virei a saber.

Não posso deixar de admitir que experimentei por anos a fio e a longo pavio, uma admirpaixão pela prima, quando ela sistematicamente recusava minhas caronas no fusca, e reinava absoluta, mas nunca dissoluta, junto aos caminhoneiros. Acompanhei com fé e devoção o período em que ela, ainda mais bela, entregou-se ao mais puro evangelismo. Como já era um anjo não precisou se esforçar muito. E ei-la de volta às telas.

E os Mirandas vêm aí. Pena, pena, esse assessor tão-próximo do Cabral, um Miranda ter-se metido em tanta enrascada. Mas quem sabe ele vai desmascarar seus detratores e recuperar o reino dos réus?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 11/05/2018
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