Os postes

Os postes

O tempo passa cada vez mais rápido. Passam as nossas paixões, os nossos pecados, os nossos acertos, os nossos erros e a nossa vida. O tempo sempre vai passar, e isso não há como mudar. Mas existe um ponto crucial para que o tempo passe de uma maneira mais proveitosa, e resume-se a um conselho simples: reparem nos postes!

Os postes são uma das maiores invenções humanas. Majestosos, divinos, despercebidos!

Eles são estão lá. Se alguém esperto afirmasse que o mundo se baseia em pilares, assim como nossa vida, certamente o poste seria um desses pilares. Honestidade, respeito, ética e amor são valores importantes. Mas e o poste? Ah sim, o poste é um valor. É um valor moral, é uma questão ética! Não ignorem os postes. Estão se esquecendo dos postes! Esquecem-se dos postes por um motivo incrivelmente simples: eles funcionam, e funcionam bem. Eles levam a energia elétrica de um lugar para outro. Eles iluminam. Os passarinhos ficam em cima dele! Mas, não senhor, ninguém liga para os postes.

A utilidade de um poste é inacreditável. Estão solitários, mas ligados aos outros postes. Talvez as pessoas não percebam os postes, nem os fios, porque eles ficam no alto. É difícil levantar a cabeça hoje em dia. Ah, extremamente difícil. Mas, por favor, não neguem o poder de um poste! Infelizmente, só se repara em um poste quando ele quebra. Quando a escuridão atinge os pedestres, perdidos na imensidão de uma pequena rua. Uma rua, agora, escura. E quando um quebra, é como efeito dominó: toda uma cadeia de postes se compromete.

Talvez seja pura baboseira, todo esse papo sobre os postes. Ainda sim, as pessoas não reparam nos postes! Passam na rua, com o nariz empinado (mas os olhos baixos), como se dissessem para o poste “Eu sou melhor que você, seu poste velho!”. Todavia, o poste tem características muito semelhantes a outras coisas, quem sabe até mais importantes. Não seriam as pequenas coisas da vida como postes? Nós sabemos que estão lá, extremamente importantes, mas não nos damos conta disso! Passamos por elas, como quem fura um sinal de trânsito, e nem ao menos notamos sua excelência. Ou seriam os postes, nada a mais, nada a menos, como as próprias pessoas?

Os bêbados batem nos postes. Os cachorros urinam nos postes. Ninguém repara nos postes, com uma exceção interessante: os passarinhos! Alguns até constroem ninhos. Ou simplesmente ficam lá em cima, sem dizer nada. Claro que não iriam dizer nada, passarinhos não falam. Bom, os pássaros são os únicos que conseguem reparar nos postes. Motivo? Eles sabem voar. Quem sabe eles nem sabem o que é felicidade, talvez isso mesmo seja a própria felicidade. Mas nós sabemos, ou, pelo menos, temos uma breve noção do que seja. E qual a chance de felicidade, se não repararmos nos postes?

João Guilherme Magalhães Monteiro de Almeida
Enviado por João Guilherme Magalhães Monteiro de Almeida em 18/09/2007
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