Gangorra

Quando eu estudava no Clovis Beviláqua, lá na D. Manoel com Santos Dumont, eu fazia o Curso Primário - sou daquele tempo - no final da tarde ao voltar para casa, passávamos na praça do Colégio Militar, ainda está lá, em frente a Igreja do Cristo Rei, que todos as tardes fazia o mundo despertar para a espiritualidade com seus sinos tocando a Ave Maria. Bom, como eu ia dizendo, havia um parque infantil, e dentre os brinquedos tinha uma gangorra. Eu sempre achei a gangorra um brinquedo sem graça, sem futuro. Quem é mais forte pode controlar o movimento do brinquedo e com isso pode deixar o outro em situação difícil.

Algumas relações humanas podem ser comparadas a uma gangorra. Muitos acham que sempre tem de haver o domínio de alguém. Uma eterna disputa de poder e convencimento. Às vezes preferimos ter razão a sermos felizes.

E seguimos nesse movimento pendular: uma palavra de carinho, outra de reprovação, uma mensagem de otimismo, outras de acusações, de contestação.

E nesse pendular movimento de interesses e sentimentos, pensamos alcançar a tão sonhada felicidade, esquecendo que antes de tudo precisamos repensar nossas atitudes, questionar a nossa visão maniqueísta, incorporada em nossa psique desde outras vidas e reforçadas pela sociedade que controla pelo medo, pela ameaça, pelo "se" que paraliza.E a vida não é um jogo. Quando existe um ganhador, existe um perdedor. Essa é a perspectiva da gangorra: o eterno discurso da luta entre o Bem e o Mal, Luz e Trevas, Positivo e Negativo, Masculino e Feminino.

Há muito decidi que não quero brincar de gangorra.

Portanto, amigos, aplausos para as nossas diferenças! E com elas possamos colaborar na construção de um mundo mais igualitário, mais fraterno.

Sei que isso é possível.

Gorki Silva
Enviado por Gorki Silva em 02/11/2005
Reeditado em 02/11/2005
Código do texto: T66432