A escola e o desenvolvimento emocional

A escola e o desenvolvimento emocional

Há muito trabalhamos e observamos o comportamento das pessoas em diversas organizações. Encontramos profissionais muito competentes em suas especialidades, assertivos em suas áreas de atuação, capazes de saltos cada vez maiores na evolução tecnológica, mas... carentes de desenvolvimento emocional. Pessoas com dificuldade para relacionarem-se nos grupos dos quais participa, pessoas com dificuldade para liderar suas equipes, pessoas sem flexibilidade para adaptarem-se as transformações que estão ocorrendo no mundo, pessoas com medo, pessoas com excesso de confiança, pessoas tristes, pessoas apáticas, pessoas sós e solitárias enfim, pessoas que não conseguem enxergar suas realizações ou seu potencial para produzir. Pessoas infelizes.

Alguns profissionais, como eu, têm se dedicado ao trabalho de sensibilização dessa gente alertando-os para a importância do investimento no desenvolvimento pessoal no mesmo nível que tem se investido no intelecto. Ainda que incipientes, os resultados já começam a aparecerem com empresas investindo, ainda que timidamente, no desenvolvimento emocional de seus funcionários, alterando visivelmente o ambiente (clima) de trabalho e modificando as perspectivas de futuro, criando organizações mais leves, resultados mais produtivos, pessoas mais felizes e conseqüentemente, com mais saúde.

Mas, pensamos na prevenção. O que poderia ser feito para assegurar ao homem uma vida mais plena e mais consciente desde cedo? O trabalho com a família, com os pais fundamentalmente, é a primeira resposta que nos ocorre. Muito ainda se tem que fazer nessa área. Algumas idéias já se tornam realidade como o curso para os pais. Aprender a ser pai ou mãe tomando conhecimento da repercussão que suas ações têm sobre o comportamento dos filhos, isto é, tornando-se consciente de que é a relação parental a principal fonte de formação da personalidade da criança e, portanto, do adulto que cada uma será. Mas outra questão insiste em ocupar espaço em nosso pensamento: e a escola? O que poderia ser feito na escola? Não é responsabilidade dela também? Não é também a escola que tem formado essa população intelectualizada e tão desconhecedora do impacto de suas emoções sobre os resultados que são produzidos por cada um?

Ao analisarmos o currículo escolar percebemos que para a escola, também a prioridade é o intelecto. Algumas escolas ditas mais modernas incluem em seu repertório a reflexão social, a análise da realidade em que o aluno está inserido e a sua contribuição (ainda paternalista) para transformar essa realidade. Era um avanço para as décadas de 60 e 70, mas, hoje, para um desenvolvimento integral é necessário que o aluno (pessoa em desenvolvimento) aprenda a lidar com suas emoções, com sua história, seus limites, seus potenciais e com os impactos que estes poderão produzir em sua vida. Só dessa forma, ele poderá reconhecer–se único e, nessa unicidade, igual a todos os outros. A escola precisa ampliar os serviços de psicologia ainda restritos ao tratamento do “aluno problema”, levando-os a atuarem no desenvolvimento de habilidades como liderança, relacionamento interpessoal, comunicação, empatia. É preciso que o estudante se torne consciente de que sua formação não se dá apenas intelectualmente, mas é resultado do aprendizado maior que é ser gente, ser leve, ser alegre, ser feliz.

Cada vez mais sentimos que precisamos somar esforços no sentido de desmistificar o desenvolvimento emocional do homem, ampliando as oportunidades de esclarecimento e aprendizado da população, deselitizando os processos terapêuticos e permitindo que um número cada vez maior de pessoas possa viver com mais problemas concretos que imaginários, criando uma vida mais viva, mais vibrante e mais alegre.

Criando um futuro melhor!