O Pulo do Gato

O Pulo do Gato

Um amigo perguntou-me certa vez, se já haviam me ensinado o pulo do gato. Lembrei-me então que o pulo do gato, literalmente falando, é coisa muito interessante. Um especialista em costumes de felinos, conta que o gato quando cai do telhado, faz sete movimentos corporais e preventivos até chegar ao chão. Quando toca o solo o faz tão suave como se tivesse um amortecedor de impactos nos pés. Ele protege a cabeça, gira o rabo, posiciona as patas, alinha o corpo e arqueia a coluna. Ao tocar o solo se solta por inteiro e rola somente uma só vez, ainda protegendo a cabeça. Talvez venha daí a lenda dos sete fôlegos do gato.

Mas a pergunta do meu amigo era uma metáfora, se já haviam me ensinado aquele algo mais do trabalho, que faz a diferença entre o artesão comum e o artesão “mais”. Você conhece o ditado “ele ensina tudo, menos o pulo do gato”. Então, era isso que ele tinha me perguntado. O que eu respondi? Simplesmente, não. Assim mesmo, curto e consciente, não me ensinaram. E não me causava nenhuma estranheza o fato de não terem me ensinado, nem desabonava as pessoas que eventualmente pudessem me ensinar, porque o pulo do gato não se ensina, apenas se recomenda. Quer seja com sete manobras, com mais ou com menos, ele tem que ser criado, não ensinado. Ele deve ter características próprias para uso próprio. É a sua marca, sua cara e o seu jeito de fazer. Quanto mais perfeito for, melhor será o resultado. Pode-se até ensinar que pular é preciso e proteger-se ainda mais. Mas a maneira de pular é você quem deve saber.

Eu não sou especialista em bolo mas sei que cada confeiteiro tem o seu pulo do gato sobre cada receita. Assim ele pode dar um sabor mais palatável, fazer a massa mais tenra ou criar um melhor visual de apresentação para agradar o seu cliente consumidor. Da mesma forma o vendedor aprende a técnica de vender, mas o pulo do gato, aquele que cativa o cliente, tem que ser criado pelo próprio vendedor, não pelo professor. A qualidade e o preço podem empatar entre concorrentes mas o jeito de vender é que faz o pulo do gato. E esse dificilmente vai empatar, porque é só seu.

Nesta altura, caro leitor, você já deve estar pensando como irá criar o seu pulo do gato, não é mesmo? Pois então vou te dizer. É muito simples, preste atenção: primeiro pense no que pode acontecer se você não o criar... já pensou? O gato, se não criasse o seu pulo, certamente ia se estourar no chão... Segundo, veja o que o seu cliente espera de você ou o que a sua empresa espera de você. Sua empresa é sua cliente, sabia? Então ouça o seu cliente ou a sua cliente. Procure entendê-los como clientes e pronto. Quando sentir que eles confiam plenamente em você como o fornecedor ideal, parabéns! Você já terá criado o seu pulo do gato. Até a próxima vez do nosso encontro.

gj.silva@uol.com.br

GjSilva
Enviado por GjSilva em 10/11/2005
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