A VELHA E A CRIANÇA

Setembro foi o mês do idoso, outubro é o mês da criança.

Fomos eu e minha neta mais nova, Nicole, devidamente lembradas. Uma na reta final e a outra no início da vida.

Graças a Deus, o Brasil está melhorando o tratamento com a¨melhor idade¨: foi aprovado o Estatuto do Idoso e algumas regalias foram consolidadas.

Falta muito: o velho em nosso país ainda é ocioso. Não lhe dão trabalho, ocupação.

Quando ele tem condições de freqüentar os Clubes de Terceira Idade é bem melhor. Mas, nem todos pertencem à classe média. Os pobres, bem pobres, ainda sofrem muito e se forem felizes vão para os asilos públicos esperar pela hora da morte.

No atual Governo de Alagoas, nos 3 Poderes, poucas pessoas com mais de 60 anos são convidadas para cargos de assessoria, ajudando, com sua experiência de vida a melhorar o Estado.

Quando dizemos a um filho ou a um neto o que acontecerá se ele insistir em determinado tipo de comportamento, ele acha que é ¨praga de mãe¨e realmente vai ocorrer o previsto. O nome disso é experiência de vida.

Às vezes, penso no cineminha que me passa pela cabeça quando vejo os mesmos comportamentos pessoais ou políticos e resultados idênticos aos passados.

Querem ver um exemplo engraçado: acabaram com as COHABs no Brasil inteiro. As Companhias de Habitação fizeram magnífico trabalho em todo país. Começaram a ser utilizadas politicamente e faliram.

Lula descobriu que é preciso criar de novo as COHABs. Dá para entender?

Os jovens envolvidos com drogas estão ouvindo, lendo, escutando como prevenir e evitar o caminho errado. Mas, não vejo diminuir o número de meninos e meninas drogadas.

O ensino público no Brasil, na minha infância era maravilhoso. Hoje, ficou tão ruim que é preciso garantir vagas na Universidade para estudantes que vêm dos estabelecimentos gratuitos.

Nicole tem três anos e já estuda em colégio particular, porque ainda não foi recuperada a confiança nas escolas do Estado.

Plano de saúde faz parte do orçamento de qualquer família de classe média. Antigamente, os grupos escolares nos proporcionavam vacinação e assistência médico-odontológica.

Ingressar no Instituto de Educação era difícil. O exame de admissão selecionava com categoria e nos sentíamos privilegiados alunos de colégio público.

Ou mudamos nós, ou mudou o sistema.

Nas cidades grandes já existem empresas que fazem o favor ¨de empregar idosos¨. Em Maceió, tenho observado em alguns supermercados velhos felizes por estarem trabalhando.

Em pleno século XXI, nosso salário deve cobrir despesas com habitação, saúde, educação e alimentação, no mínimo.

Meu pai foi funcionário do antigo IAPI e nós sempre tivemos assistência médica de primeira e estudamos em escolas públicas. Os mais novos já alcançaram a decadência do ensino estadual.

Ficar na fila do idoso nos bancos ou em outros lugares é vergonhoso para determinadas pessoas, mas para outras é gratificante. Divertido é pagar meia entrada no cinema.

Triste é ver jovens agredindo idosos chamando-os de velhos decrépitos.

Tocante é você verificar que, chegando aos 60 anos, os filhos viram pais e estão sempre preocupados conosco, com nossa saúde, nosso bem estar.

Interessante mesmo é verificar que plantamos ontem e colhemos hoje bons ou maus frutos. Dependeu de nós.

Eu e Nicole, loiras, de olhos verdes, de bem com a vida, somos o exemplo marcante dos dois opostos deste Brasil sofrido: a criança que começa, a velha que não quer terminar seu caminho nem tão cedo.

Alari Romariz
Enviado por Alari Romariz em 17/10/2007
Código do texto: T698368