Assumir o poeta
Assumir o poeta
Não discuto poesia. Se ela me envolve, me comove e me devolve tudo que eu sinto é então a poesia. O chão que me falta ou ao ar que flutuo nada mais pode ser menor que a leveza tão insustentável que Kundera apontou. Se nas seis propostas foi colocada a leveza por Calvino por que não se deixar levar pelos espaços intermináveis das imagens transgredidas por singelos pinceis poéticos?
Se dermos nomes ao que se pode sentir não haveria vocabulário suficiente para descrever os caminhos que podemos atravessar. Quem passa primeiro um rio debaixo da ponte ou a ponte sobre o rio?
A pedra sozinha, a chuva na mente, a busca perpétua. O brilho no texto, as tintas palavras, o quadro que pinta. Pode ser menor, mas assumo o ofício e me chamo poeta.