Lei Maria da Penha e o mundo dos homens!

Recebi por e-mail uma indicação de leitura de um blog - informativo social, escrito por Michelle Carneiro. A notícia que me causou estarrecimento foi do Juiz Rumbelsperger Rodrigues, de Sete Lagoas, (...) por declarar "inconstitucional" a Lei Maria da Penha, que protege a mulher contra as agressões do marido ou companheiro. Segundo o juiz, a lei é absurda porque transforma o homem num "tolo", num subjugado "sem autoridade".

Em uma das passagens mais intrigantes da reportagem diz o juiz: "Ora, a desgraça humana começou no Éden por causa da mulher, todos nós sabemos, mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem (...) O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus foi homem!".

Eu compreendo que para os homens essa virada de 360º deva mexer com a cabeça de muitos, sobretudo porque não somos mais as "sinhazinhas", nascidas e criadas apenas para fisgar um bom partido e assim aumentar o poderio político e patrimonial do pai. O "marido" que procuramos hoje pode até nem ser um bom partido, mas um homem que nos faça felizes e, não, o que exclusivamente nos mantenha.

Em decorrência dessa evolução houve uma adequação da gastronomia, através dos congelados e eletro-eletrônicos; arte culinária, moda, cosméticos, siderúrgica, mercado de trabalho e até a educação se modernizaram. O homem também teve que se ajustar. Já não tem mais para si, a mãe, o tempo todo, a irmã não faz mais sua cama e as tarefas domésticas são divididas. Não raro é a irmã mais velha quem lhe diz o que fazer... Aprendemos a dirigir veículos, cidades, estados, países.

Se pensarmos no homem estático, aquele antigo coronel escravagista, deve ser inadmissível ter uma lei que proteja de seus donos e senhores, mulheres. Mas no século XXI, em que a guarda dos filhos já é compartilhada?!

Esquece-se esse homem que apesar de toda modernidade, não perdemos a feminilidade, ainda ouvimos nossos companheiros não porque seja nosso dever, apenas porque é prazeroso ver nosso “amor” falar e falar, mesmo que metade seja pura história de pescador. Aprendemos com a diferença de raciocínio. Adoramos contribuir para viagem dos sonhos, mesmo ainda não podendo bancar meio a meio.

Descobrimos um jeito de ter filhos sem perder as formas, porque ser mãe é importante, mas ser mulher é muito melhor e dá mais prazer sim. Acolher, compartilhar é quase genético e assim é que o guerreiro torna-se menino, bebê...

Entretanto nem tudo é só candura. Estatisticamente, as mulheres são mais mutiladas durante toda a vida. Quando aparecem os primeiros raios de mulher, começamos a cortar cutículas, afinar a cintura, usar sapatos finos para domar o tamanho dos pés, até chegar a atividade sexual. Nessa fase, exames preventivos periódicos, contraceptivos, cauterizações uterinas trimestrais. Quando mães, as punções para retirar o leite petrificado e a suspensão de períneo. Se o marido for um metrossexual como David Beckham, acrescente-se: crises anoréxicas, lipoesculturas e cirurgias variadas, uso de prótese odontológica para levantar a expressão facial, implantação de silicone, musculação excessiva e vai-se saber mais o quê.

Mesmo assim, assistimos em telejornais notícias de manutenção em cárcere privado de mulheres semi-alfabetizadas ou moradoras periféricas por seus maridos “zelosos” e “ciumentos” e o total silêncio da sociedade civil. Para isso não há passeata, mobilização ou pressão social para elaboração de novas leis.

Assim ocorre no mundo inteiro, vide as iranianas e a obrigatoriedade das burkas. Se chegarmos à África, veremos atrocidades maiores, como o genocídio pela infestação do vírus HIV. Fiquemos, pois, no Brasil e lembramo-nos os casos de abuso infantil, prostituição juvenil, das vítimas por abortos clandestinos, violência doméstica e assassinatos. Pois, como dizem: “O homem quando ama, mata”.

Nós, mulheres, mudamos muito e ainda o faremos mais, na busca pela igualdade; não, autoridade. Pelo contrário, nos apraz a dita de sermos guiadas, protegidas e orientadas, como faz um pai amoroso com suas filhas...

Somos e seremos sempre guerrilheiras da paz, afinal quem carrega no ventre um ser que se nutre e cresce dentro de si, provocando-lhe dor, inchaço, transformações e mesmo assim, amando-o cada vez mais e desejando vê-lo para tomar conta dele pelo resto de sua vida, não pode ser uma grande ameaça mundial.

Fica a reflexão!

Arsenia Rodrigues
Enviado por Arsenia Rodrigues em 28/10/2007
Reeditado em 30/06/2008
Código do texto: T713476
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