Não pedimos para nascer

Fomos gerados com ou sem intenção. O fato é que quando viemos ao mundo, estamos destinados a viver a vida em sua pura realidade. Para alguns, essa realidade é como a pena de uma linda ave; ao passo que para outros, a realidade é quase uma irrealidade, que só depois de muito esforço, volta a ser realidade.

Na vida, mais precisamente na fase da adolescência, é natural encontrarmos um Simeão, o qual não profetiza o nosso futuro, mas nos convida para uma reflexão de como queremos o nosso futuro. Quase todos sonhamos com dias melhores, mas são poucos os que têm a chance de concretizar esses sonhos.

Entre o sonho e a concretização, há uma diversidade de situações que vivenciamos, muitas vezes, não porque as buscamos, mas porque fomos imersos nelas. Há situações que nos dilaceram, que nos fazem pensar em rotas alternativas de viver a vida, tentando esquecer o inesquecível.

Mas para que esquecer? Para fugir de uma realidade em que podemos intervir? Ora, não pedimos para nascer, e se nascemos nessa família é porque temos um propósito, um compromisso. Não há uma equação perfeita que funcione como solução para todos os problemas familiares, o que há é paciência.

Com paciência, amadurecemos, diagnosticamos os problemas, empenhamo-nos para mudar de vida, por meio dos estudos, e firmamos um compromisso de poder oferecer dignidade a quem não teve a chance ou a coragem de construir um futuro sólido, repleto de sucesso e de realizações.

Uma vez reflexivos, conquistamos o amadurecimento para a vida, o que nos possibilita vivenciar situações até indesejadas. Somo capazes de refletir que o melhor caminho não é o embate, o jogo de forças e muito menos a vontade de mudar o outro. É bem verdade que apostamos na mudança do outro, mas ela só acontece quando o outro tem consciência de que precisa mudar.

“Minha família não é perfeita, mas me tornou quem sou e me deu chance que nunca tiveram”. Cabe, a cada um de nós, todos os dias, escolhermos em quem queremos nos tornar.

(O trecho em destaque foi retirado do filme: “Era uma vez um sonho” – Ron Howard)