PRETO-VELHO

Anciões do plano espiritual que com toda simplicidade vêm aos Terreiros de Umbanda na singela, humilde e confortante forma de Pretos e Pretas-Velhas. São almas grandiosas, com a difícil missão de incutir valores e lições simples, que quase sempre são esquecidas.

Trazem consigo a dor, não do sofrimento, mas sim da tristeza de ver tantos de seus filhos de fé perdidos, desunidos, desalmados, egoístas e materialistas, fazendo de cada dia que se vai mais um tronco que irá prendê-los rumo a evolução de seus espíritos.

Seria tudo tão mais fácil e melhor se conseguíssemos procurar escutar, entender, absorver e principalmente praticar os tão valiosos conselhos de nossos “avós”. São de profundidade fantástica.

Nossa... como é bom sentir o cheiro de seus cachimbinhos, misturado a magia das ervas. É como sentir aquele cheirinho gostoso da comida, da casa ou do perfume de nossos avós terrenos, é reconfortante demais.

E pensar que alguns deles já foram escravos, senão de um Senhor de Senzala, talvez de seus próprios caprichos, hoje o oposto. Hoje tentam nos livrar das correntes de nossa ignorância, dos chicotes de nossa intransigência, das forquilhas das palavras mal ditas, das mordaças pelo fato de não sabermos superar ou perdoar. São muitos açoites desnecessários feitos por nós para nós e de nós para os outros.

Ainda bem que podemos ter contato com nossos “velhos”, isso nos faz ter muito mais oportunidades de crescimento.

Que possamos, se primeiro buscarmos e segundo se for de nosso merecimento, ter a presença dos Pretos-Velhos de Umbanda em nosso caminhar. Que eles possam nos abrir os olhos, alertar, passar a mão na cabeça acolhendo e compreendendo ou até mesmo nos dar uma cajadada quando fazemos por merecer. Tudo isso é válido para que não caiamos sempre e sempre nos mesmos erros com a burra desculpa, sem esforço algum, de não conseguir se modificar para melhor.


“Certa vez vi um velho negro vestido todo de branco com cabelos que lembravam algodão, tava sentando num toco no meio do mato com um cajado tortinho em uma das mãos. Fumava cachimbo e tava com pé no chão. Sorria e em seu sorriso também havia muita da tal resignação. Com os “olhos butucados” olhava para mim, me inspirando perdão. Beiço grande e carnudo murmurava palavras com devoção”.


Liberdade às consciências! Deixa nêgo bater tambor louvando nosso Senhor à sua maneira. Viva Deus !

Saravá cativeiro!

Saravá pro vovô e pra vovó!

Saravá para essas benditas almas!

Adorei as almas, as almas eu adorei!

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Ulisses Júnior
Enviado por Ulisses Júnior em 06/11/2007
Reeditado em 22/07/2011
Código do texto: T725884
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