Vida e Morte de  Marília Mendonça

 Em meio a fatos que estão  a cada dia que passa mostrando a outra face do Brasil surge mais um: a morte de Marília Mendonça , nascida em Cristianópolis, Estado de Goiás,

Começou a cantar e já desenhando ali a sua missão de cantora e compositora, dentro do espaço religioso. Mas logo as suas letras, o timbre de sua voz,  notas altas, agudos inconfundíveis, carisma de quem sabe cativar o público, senhora de um altruísmo imenso,

Foi conquistando público e  parcerias que lhe foram conferindo o título de “ Rainha da Sofrência” , que fizeram dela uma das mais populares cantoras do Brasil e com muitos admiradores espalhados pelo mundo.

Muitas cantoras se notabilizaram com letras e músicas que abordavam o tema do amor contraditório, encantos e desencantos, entre elas Amália Rodrigues:  seus fados percorrem esta trajetória de encantamento que para quem está amando parece tudo e quando se vai

o chão se vai também,   pessoas que ficam em lugar nenhum,  como se lhe tivessem roubado tudo que era seu.

         Amália Rodrigues cantava como ninguém, o que é  a vida: uma interfase entre sobreviver, se iludir e se desiludir. Isto numa versão mais lírica, mais erudita também.

        Homens cantam fados, porém escolhem temas que fiquem longe do sofrimento feminino,

Como numa versão bem popular que  por aqui se usa : “ Dor de Corno”. Ficam-se mais no sofrimento masculino causado por desencantos amorosos.

        Marília Mendonça quebra esta tradição: a “ Rainha da Sofrência”  senhora de um carisma e altruísmo fortes,  vai atraindo para as suas músicas vozes masculinas, muitas já consagradas no mundo dos cantores, especialmente cantores sertanejos,  a Respeito deles Marília Mendonça assim se refere ao Feminejo, ou seja homens e mulheres cantores abordando temas do sofrimento feminino. “ O feminejo eu vejo como  um espaço que  conquistamos, um lugar nosso e demorou muito  para a mulher chegar a ter este espaço como os homens têm nos palcos do Brasil, mas eles, os cantores, as duplas de homens,  estes artistas ajudaram demais a gente, afinal , foram eles que gravavam nossas composições, e assim tudo foi acontecendo, as pessoas começaram a saber quem era a gente”

      Este mesmo altruísmo levou Marília Mendonça a criar o trio “ As Patroas”:  em um Spá de emagrecimento  se deu o encontro de Marília Mendonça  com as gêmeas Maiara e Maraísa em meio a outra sofrência, a briga com a balança, ali começaram a compor juntas , depois  veio o trio “ As Patroas” . O sucesso na carreira solo se repetia agora quando as “ Patroas se apresentavam” . Era o auge da fama, a Rainha da Sofrência  e o trio “ As Patroas “ cantavam a realidade de muitas mulheres brasileiras e outras mais espalhadas pelo mundo afora,   que se viam ali representadas. O sucesso corria pelo Brasil inteiro e no exterior.

      Dia 5/11/2021 a carreira promissora desta jovem cantora chega ao fim: o avião que fazia o trajeto entre Goiânia e a cidade de Caratinga-Minas Gerais, onde a cantora teria uma apresentação, mais um show com milhares de fãs à sua espera, não aconteceu, o avião bateu em uma torre de alta tensão  e assim se foram  as vidas de Marília Mendonça, seu produtor Henrique Ribeiro, seu tio e assessor Abicieli Silveira Dias filho, o  piloto e o copiloto  do avião, ambos com larga experiência reconhecida.

        Marília Mendonça tinha agendadas para novembro apresentações na Europa: Londres, Bruxelas, além de uma visita a Portugal com duas apresentações: dias 27 e 28 de Novembro no Porto, dia 29 em Lisboa, será um dia a mais para lembrar de uma cantora brasileira a fazer sucesso no Brasil e no mundo inteiro. Marília Mendonça deixa    o filho Leo Dias Mendonça que completa dois anos em dezembro. Será ele o que mais vai sentir a falta da mãe querida, o Brasil  chora  a morte da sua cantora  predileta, mas o Leo, esse , tão pequenino que nem sabe o que  se passa, vai ter que se acostumar a não ter mais a mãe de volta de suas turnês, que o enchiam de beijos, de amor, de carinho.

                                                                                                    Lita Moniz