Educação inclusiva: para quem?

Semelhantes aos antagonismos, dos valores necessários que precisamos “ter” para viver neste mundo hodierno, encontram-se as novas concepções sobre a Educação Inclusiva e um “incômodo”, não revelado, mas concentrado na pergunta: para quem.

Para quem? Para os deficientes visuais, auditivos, com síndromes detectadas ou ainda desconhecidas? Para os portadores de deficiência física representados no leque de patologia em que se encontram? Para aqueles que, por motivos visíveis e não palpáveis, apresentam dificuldades na escrita, na leitura, no raciocínio lógico-matemático, avolumando o grupo de crianças com necessidades educacionais especiais? Ou para nós, educadores, que sustentamos o nosso processo “identitário” por acreditarmos nas potencialidades das crianças e jovens que nos são confiados; por escolher as melhores técnicas e métodos arraigados na nossa maneira de ser e por estarmos em constante exercício de análise junto ao pensamento reflexivo?

É posto que a Educação Inclusiva é uma questão complexa e nova. Apresenta-nos como pertencimento - segundo o dicionário Aurélio ao definir o termo inclusão. Ligado ao pertencimento está o princípio de igualdade que corresponde a um princípio universal absoluto. Vivemos em sociedade numa relação de algo que nos aproxima e nos identifica como pessoa pela própria condição de sermos únicos e especiais, marcados por diferenças de classes sociais e de poder econômico e político. A toda essa diversidade nossa sociedade é também excludente. Acreditamos que a diversidade não se opõe à igualdade, e sim à desigualdade socialmente construída. Partindo dessa ótica e focando a pergunta para quem, perceberemos que a proposta para a Educação Inclusiva, de acordo com Carvalho (2001), será buscar formas de superar as situações de exclusão, reconhecendo o direito de ser diferente e envolvendo toda a sociedade no atendimento as pessoas com deficiências em todos os seus compartimentos.

No Brasil, a Constituição de 1988, assim como a LDB 9.394/96 -Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- destacam a importância e urgência de promover-se a inclusão educacional como elemento formador da nacionalidade e no art.58 define que a educação dos alunos com necessidades especiais deve ser realizada, preferencialmente, na rede regular de ensino. Aqui se dá o grande nó que estamos presenciando: rede regular de ensino. A escola como agente ativo e sistemático do processo ensino-aprendizagem, vê-se influenciada pelas “modas” e sente o efeito causado refletido no próprio corpo discente. E os docentes? Procuram não desvencilhar-se o eu profissional do eu pessoal. Encontram-se numa situação de despreparo e de questionamento. Não perceberam ainda, que aos poucos e com um imenso tempo, a escola ideal inclusiva chegará e os espaços educativos irão beneficiar a todos. Inclusão é processo, como o crescimento de uma árvore frutífera.

Na realidade, sabemos que as dificuldades materiais e as adaptações do espaço físico serão superadas com o passar dos anos. O que ainda não sabemos é para quem é a Educação Inclusiva. Uma pequena pausa nesta tempestade de idéias afloradas, e, pensemos em nós, situados neste mundo que é nosso. Pensemos, agora, nas pessoas portadoras de deficiência e nas pessoas com necessidades educacionais especiais neste mundo que não é deles. Para quem é a Educação Inclusiva?

Acreditamos que o tempo também há de responder as nossas indagações e abrandar as nossas angústias de como fazer, acontecer e cumprir as propostas pedagógicas ao recebermos crianças com necessidades educacionais especiais e portadoras de alguma deficiência.

Faz-se necessário, neste instante, despir-nos de todas as amarras e pré-conceitos adquiridos ao longo desta caminhada de ser “humano” e reconstruir um mundo onde a sociedade seja aquela que almejamos um dia: justa e igualitária.

Scheilla Oliveira
Enviado por Scheilla Oliveira em 16/11/2007
Reeditado em 07/07/2013
Código do texto: T739760
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