Tropa de elite e o triunfo de sua mensagem

Algo que parece estar em moda atualmente com o advento do filme “Tropa de elite” não pode ser entendido tal qual se apresenta: a banalização da violência em nosso país.

Não é de hoje que vemos nas telas de TV cenas de violência; nós inclusive importamos estas por meio dos filmes produzidos em Hollywood, no entanto, levamos estas ou aquelas cenas mais pesadas como mentirosas, como fantasiosas, algo que parece não fazer parte de nossa realidade.

Voltemos no tempo e lembremos de um grande sucesso, agora produzido no Brasil, o filme “Cidade de Deus”. Tentemos resgatar na memória a mensagem passada pelo filme, um filme de impacto diga-se de passagem. Muitos de nós devem dizer: a violência no Rio de janeiro. Essa frase até virou clichê, está na boca do povo, da imprensa, aliás, só se fala nisso. Entretanto, a mensagem passada pelo filme não estava nesta ou naquela abordagem exclusivista e abrangente demais – lato-sensu, não. Estava nas razões pelas quais o crime, o tráfico, a deseducação, e sobretudo a impotência e conseqüente ausência estatal imperavam contra tudo e todos; muitos de nós ficamos impressionados com os novos atores moradores das favelas, falávamos em Oscar! E esquecemos da mensagem passada pelo filme por meio jovem burguês que trocava seus pertences pessoais por drogas – claro, o traficante que ele se relacionava era gente boa, talvez esteja aí a diferença que regala o triunfo à critica expressa em “Tropa de Elite”.

Em “Tropa de Elite” temos violência, Rio de janeiro, tráfico de drogas, enfim, todos os elementos constitutivos do seu antecessor, entretanto a narrativa, a forma com que se apresenta – sem pedir licença, nem apresentar o cartão de visita de seus personagens é que o fez tão contundente. A diferença deste para aquele filme reside no desmascaramento de uma ONG não atuante – contrariando a regra sustentadora das mesmas – na apresentação sem romances e principalmente críticas da atividade policial militar e por fim, no rompimento total com a apologia à hipocrisia e a ficção afetos a estes tipos de produção.

Certeza de sucesso, triunfo na mensagem, principalmente àqueles que sobretudo não levem à sério a banalização da violência e tenham o filme como um soco no estômago do país de um sistema caótico em suas relações interpessoais, e o pior, criadas e sustentadas pelos seus próprios cidadãos.

Fabrício de Andrade
Enviado por Fabrício de Andrade em 24/11/2007
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