O bullying precisa ser combatido. Além do dano moral, é um resquício da psicologia animal

Em conversa com um amigo de infância, relembrei os tempos em que estudamos juntos (a etapa antigamente chamada de ginasial) no Colégio Estadual de Minas Gerais, no bairro Sagrada família, em Belo Horizonte. Final da década dos 1960.

Mas ele me surpreendeu com uma informação que eu desconhecia: tinha lembranças desagradáveis, principalmente dos três últimos dos quatro anos em que esteve por lá, pois sofreu muito bullying.

Relatei a ele que também passei pelo mesmo problema. Para ser mais exato, tive naquela época um certo grau de desajustamento social, que me levou a um desinteresse pelos estudos formais, que só retomei com o empenho necessário na idade adulta. Não sei dizer se o bullying foi a causa ou um fator.

O bullying, entre crianças, jovens e adultos idiotas, tem uma clara origem na psicologia animal: é a demonstração de poder, a subjugação do mais fraco.

Esse meu amigo é baixo, o que não é o meu caso hoje (1,79m para 1,80m), mas no final da infância eu tive um mal compreendido atraso de crescimento e também era baixo. Meu apelido, inclusive, era Feijão. A colega que criou o apelido, chamada Vânia, me contou depois que era realmente uma referência ao meu físico franzino.

Eu e meu amigo fomos contemporâneos mas não colegas, pois ele é um ano mais novo. Portanto, os valentões eram outros, não era um caso tópico. Mais um sinal do caráter social de um comportamento que é mais instintivo do que racional.

Na atualidade, existe uma pressão social contra o bullying. Essa pressão teria ou não reduzido essa desumana e irracional atitude infanto-juvenil? Sei que essa questão é muito teórica e não há como medir tal evolução com dados concretos.

Mas a sua permanência na pauta da mídia é essencial para enfrentar o problema de forma constante. E para educar a juventude no sentido de um idealístico mundo em que os seres humanos sejam de fato racionais.