Milhões para os bolsos deles

Estava parado agora pensando no que deveria pensar para acalmar meus pensamentos. Encontrava-me inerte, procurava algo em meu coração para despejar ao papel palavras abstratas, palavras perdidas como todas as outras que habitam minha cabeça. Do nada surgiu uma vontade estranha, não fazer nada, só continuar pensando. Foi então que notei que este é o maior defeito dos políticos, pensar demais, e não pensar em nada útil para o mundo que não seja o pequeno mundo de seus umbigos.

Fico confuso tentando entender o jogo de marketing e a tal "ética" política, que pela última notícia havia sido enterrada junto com uma mala de grana lá pertinho de Brasília. Pelo que sei, alguns resistentes que tentam mantê-la acabam morrendo abraçados a ela, sozinhos, rasgados e esquecidos. São heróis que tentam apenas fazer seu trabalho, tentam respeitar a confiança neles depositada, esforçam-se para agir, mas a força dos braços corruptos é mais forte que a esperança egoísta do povo. E pare para pensar, adivinhe que lado perde a queda de braço.

Agora não estou parado pensando, estou batendo nas teclas do computador com raiva, estou machucando o teclado porque sinto uma impotência perante estas situações de corrupção, troca de favores, crimes e falta de caráter. E o mínimo que recebemos é aquela vergonha mensal, pelo menos se justifica pelo nome... Salário mínimo. São milhões para educação, e o povo não estuda, milhões para a saúde, e os doentes lotam os hospitais, milhões para habitação, e não há casa para voltar no final do dia. São milhões, milhões para os bolsos deles.