Quem é Quem?

Vivemos numa sociedade na qual os direitos não são levados muito a sério em todos os campos das atividades dos deveres. Como diz aquela frase: "O direito de cada um termina onde começa o do próximo". Mas parece que há dificuldades com relação a extensão dos deveres, pois existe a atração de interesses, desejos e sentimentos.

No livro do jornalista e escritor José Louzeiro, "Lúcio Flávio Passageiro da Agonia", mesmo título do filme de Hector Babenco, há uma frase dita pelo bandido Lúcio Flávio: "Bandido é bandido, Polícia é polícia", definia bem os tempos em que se conhecia quem era quem. Mas hoje confunde-se autoridade com autoritarismo e não mais se sabe quem é quem, tal a mistura dos bandidos em todos os setores da sociedade.

De políticos de todas as espécies, servidores públicos de qualquer exercício de cargo, civis inseridos em quadrilhas bem aparelhadas e esquemas muito bem organizados, abrigados em entidades, associações, igrejas, sindicatos ou grupos e amparados por ternos, batinas, aventais, talieurs, togas e fardas, que desviam recursos, materiais e instrumentos públicos, obtidos através do povo, assaltantes, traficantes, a um simples marginal ladrão de galinha que começa a escalada do crime empunhando uma arma, na minha opinião, são todos bandidos.

São constantes e já está virando modismo as afirmações comodistas de que não se deve generalizar. Que maus elementos há em todos os setores, nos ternos, talieurs, nas batinas, aventais, togas e nas fardas. Como ter a confiança em saber quem é quem?

O sistema eleitoral brasileiro é feito sob medida para criminosos de todo tipo e espécie. Lá no Congresso Nacional, o voto secreto tem a sua finalidade: o medo da chantagem feita pelo acusado ameaçando seus colegas: "Caio mas levo comigo muita gente", como disse há alguns meses o então presidente do Senado.

O pior é que se construiu um sistema de esquemas dos mais perversos, o corporativismo, utilizado nas organizações que defendem e protegem os interesses das categorias de servidores públicos. Olham com vistas grossas seus membros quando acusados. Poucas vezes se puniu exemplarmente os colegas que envergonham e mancham a classe, que cometeram algum tipo de erro grosseiro, criminoso e omisso aos deveres de fidelidade pronunciados em juramentos. Quando erram, recebem como prêmio, o afastamento sem prejuízo de seus vencimentos.

Os seguidores, os defensores, os admiradores, os bajuladores e principalmente os honestos, honrados, bravos e bons pares desses setores tinham que ter o dever (serem os primeiros) de agir na tentativa da criação de mecanismos, aparelhamentos, instrumentos e promoção da necessária e eficaz limpeza para honrar os seus e principalmente o orgulho dos uniformes daqueles que tombaram, que foram tingidos de vermelho no heróico cumprimento de suas ações e deveres e não se conformarem com a proliferação de maus elementos desfilando com iguais uniformes, usando esses e desses para praticarem seus atos de bandidagem, infectando toda a sociedade.

O grande entrave para a atuação eficaz da Justiça é a existência de leis casuísticas que protelam ao máximo a apuração e o julgamento desses infratores.

É longa a tramitação de um processo punitivo e um fato criminoso vai apagando na memória curta do brasileiro e um novo crime serve para esquecermos do anterior.

A justiça tarda e não raras vezes, É falha.

Quem somos nós?